Nau sem rumo
✅ Receba as notícias do Brasil 247 e da TV 247 no canal do Brasil 247 e na comunidade 247 no WhatsApp.
Dizem os engenheiros e arquitetos que bons tempos das grandes construções acabaram. Aquelas que duram milênios independente de guerras, catástrofes e climas adversos. Vide, Göbekli Tepe (entre 8.400 A.C. a 12.000 a.C), a Torre de Jericó (entre 8.000 a.C.), Pirâmides do Egito (entre 3.000 A.c.) e até a Cidade Histórica de Ouro Preto ( meados de 1700). O ponto comum entre todas, são as estruturas sólidas e resistentes ao tempo. Muitas construções antigas também foram abaixo, mas debaixo de uma força descomunal. Na história antiga, os muros de Jericó caíram após o toque dos Shofars, trombetas espetaculares e ultra poderosas, descrito no Livro de Josué (6, 1-20). Somente um instrumento divino para derrubar altos e largos muros de pedra.
Algumas construções contemporâneas foram pensadas para resistir como pensavam os construtores do passado. A Ponte Rio-Niterói, foi uma delas. Apesar de uma construção superfaturada e cheia de problemas de corrupção no período de ditadura militar, foi uma obra que foi pensada nessa magnitude. No projeto, foi considerado que seus blocos de fundação na base, são projetados para impactos enormes. A batida do navio na ponte atingiu esses blocos de fundação que possuem vários tubulões ancorados até o fundo mar. O tráfego natural de navios foi totalmente considerado para aguentar acidentes. Pode ter causado danos? Sim, de menores proporções, mas nada para desestabilizar a construção nem abalo na estrutura que de qualquer forma as análises estão sendo feitas.
O acidente do navio com a Ponte Rio-Niterói foi impactante, porém, alguns ventos muito fortes já provocaram acidentes parecidos como na vez em que uma plataforma de petróleo colidiu sem rumo na construção. Desta vez, a magnitude do tamanho do navio graneleiro São Luiz, que estava ancorado e abandonado na Baía de Guanabara desde 2016, foi impactante, afinal, foi o maior navio de cabotagem utilizado no Brasil. A embarcação é objeto de processo judicial e aguarda até hoje, uma decisão judicial, onde fica ancorado no mar. O navio conseguiu durante esse tempo todo sobreviver a intempéries diversas na Baía de Guanabara, desgaste do tempo e até de ataques de piratas, mas não foi capaz de aguentar um vento mais forte, que será cada vez mais comum.
Há pelo menos 78 navios abandonados na baia da Guanabara. Outros acidentes, com tempos cada vez mais severos poderão ocorrer no futuro. Não dá para não associar aos problemas do capitalismo no Brasil, que são sinais dessa degradação vistas nas construções atuais. Cada vez mais, vemos trabalhos de engenharia que se degradam muito rapidamente, com utilização de materiais cada vez mais pobres e rudimentares. Muitos não resistem a décadas de existência. De fato, se a humanidade sumir de uma hora para outra, como no filme Eu sou a lenda, com Will Smith, em 100 anos não seria possível ver os vestígios de construções e prédios de grande porte. Com certeza, a Ponte Rio-Niterói estaria firme e forte.
Órgãos deverão ser responsabilizados, coma Marinha na questão de fiscalização dessas embarcações abandonadas, a Prefeitura do Rio pela responsabilidade perante a morosidade da resolução do caso até hoje, mas o estado de degradação provocado pelo sistema que deixou o Estado em penúria de uma maneira geral, é o mais danoso. Apenas vislumbram lucro, em detrimento do bem comum.
No fim, continuaremos em estado de sucateamento, será um caso esquecido, as obras continuarão usando material de baixa qualidade e o povo vai continuar sofrendo. Agora, a pergunta que não quer calar: Cadê as seis vigas de aço pesando 110 toneladas da perimetral que tinham uma qualidade de duração grande?
Assine o 247, apoie por Pix, inscreva-se na TV 247, no canal Cortes 247 e assista:
Este artigo não representa a opinião do Brasil 247 e é de responsabilidade do colunista.
Comentários
Os comentários aqui postados expressam a opinião dos seus autores, responsáveis por seu teor, e não do 247