Narrativa não ganha eleição
"Fazer guerra de narrativas é como jogar batalha naval. Você afunda um navio, mas na prática nada acontece. Narrativa não ganha eleição, o que ganha eleição é estratégia eleitoral", escreve Alex Solnik, do Jornalistas pela Democracia
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Por Alex Solnik, para o Jornalistas pela Democracia
O auxílio emergencial está no centro do debate nacional. A direita descobriu o caminho das pedras para ganhar eleições. A esquerda está em polvorosa porque deu a ideia e o que colhe é o aumento da aprovação de Bolsonaro. Tudo o que não queria. Por isso agora se empenha em emplacar a narrativa de que a ideia foi dela, como se isso importasse para quem está recebendo.
Para quem é pobre não importa se o auxílio vem da esquerda ou da direita. Pobre não tem ideologia, pobre tem fome. É ilusão imaginar que o nordestino vai receber auxílio do Bolsonaro, mas na eleição vai votar no PT, porque gosta de Lula. Claro que não. Vai votar em quem está lhe dando dinheiro agora. E só o governo tem o poder de dar. E a oposição não tem como impedir. Mesmo porque, impedir a continuação do auxílio é condenar os brasileiros à fome, como mostram as pesquisas.
Fazer guerra de narrativas é como jogar batalha naval. Você afunda um navio, mas na prática nada acontece. Narrativa não ganha eleição, o que ganha eleição é estratégia eleitoral.
Na Hungria, Victor Orbán está no poder há mais de uma década. Somente agora as oposições decidiram e conseguiram se unir para enfrentar o autocrata com um candidato só. No primeiro turno. Vão fazer campanha juntos e, se vencerem, vão governar juntos.
É evidente que uma aliança ampla como essa demanda boa dose de renúncia aos projetos individuais dos partidos. Os partidos têm que fazer concessões, inclusive ao eleitorado conservador. Têm que abrir mão de suas agendas partidárias em prol de uma agenda mínima comum. E lançar um candidato só, aquele que estiver à frente nas pesquisas, já no primeiro turno. Deixar para o segundo turno é temerário porque 1) Bolsonaro pode ganhar no primeiro e 2) a diferença no primeiro pode ser tão grande a ponto de ficar difícil reverter no segundo.
A eleição de um capitão do Exército em 2018, depois de 33 anos de governos civis e sua reeleição em 22 pode representar o início de um ciclo de governos militares, previsto pelo núcleo duro do governo, formado pelos generais Braga Netto, Ramos e Heleno para durar 20 anos, como explicita o “Plano Marshall”, lançado na reunião ministerial de 22 de abril.
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