NãoVeja, IstoNãoÉ e Época de Trevas estão à direita de Reinaldo Azevedo
A única “prova” de Moro é a “palavra” de Léo Pinheiro, que afirmou, sem compromisso de dizer a verdade, diga-se,que “o apartamento foi prometido para Lula”. Não disse nem que Lula aceitou, mas que o tríplex foi “prometido” para ele. Em que revista do mundo uma sentença a partir de uma acusação tão débil dá manchete garrafal em vez de receber uma crítica severa no editorial? De mais a mais, o que é mais notícia essa semana: o caso de um apartamento de 1 milhão de cinco anos atrás ou o 1 bilhão que Temer está distribuindo agora no Congresso para escapar da denúncia de corrupção?; leia a coluna de Alex Solnik
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Não sei o que levou as três maiores revistas semanais de informação (?) a exaltar em manchetes garrafais a condenação de Lula. Quer dizer, eu acho que sei, mas é lamentável constatar a que ponto chegou o jornalismo brasileiro.
Até mesmo histéricos porta-vozes de direita e que são useiros e vezeiros em condenar Lula por antecipação, como Reinaldo Azevedo, dessa vez puxaram o freio de mão.
Reinaldo afirmou que a sentença de Moro é uma sucessão de piruetas jurídicas. Ninguém mais isento do que ele. Juiz que dá piruetas pode ser qualquer coisa, menos juiz. Sentença feita a partir de piruetas não é uma sentença, é malabarismo. É coisa de circo, não de Justiça.
Como é que os jornalistas de Veja, Isto É e Época, tão direitistas quanto Reinaldo, tão ansiosos quanto Reinaldo em liquidar Lula, não se deram conta disso? Como é que não perceberam que Moro não apresentou um papel sequer em que esteja escrito que o tal tríplex (uma espelunca de 200 metros quadrados distribuídos em três andares) é ou foi de Lula ou da sua mulher? Nenhuma gravação em que Lula dissesse “ô, Léo, me manda um tríplex que eu te facilito as coisas na Petrobras”? Nenhum grampo em que Leo Pinheiro dissesse “Lula, quer um tríplex na faixa” e Lula respondesse “demorô”? Nenhuma referência ao caminho da propina – origem e destino – da propina que Lula teria recebido? Zero.
A única “prova” de Moro é a “palavra” de Léo Pinheiro, que afirmou, sem compromisso de dizer a verdade, diga-se,que “o apartamento foi prometido para Lula”. Não disse nem que Lula aceitou, mas que o tríplex foi “prometido” para ele. Em que revista do mundo uma sentença a partir de uma acusação tão débil dá manchete garrafal em vez de receber uma crítica severa no editorial?
De mais a mais, o que é mais notícia essa semana: o caso de um apartamento de 1 milhão de cinco anos atrás ou o 1 bilhão que Temer está distribuindo agora no Congresso para escapar da denúncia de corrupção?
Tenho pena dos leitores que compram essas publicações. Além de jogarem dinheiro no lixo ainda são desinformados. E vão disseminar essa desinformação no seu entorno, promovendo a multiplicação de fake news.
Nenhum jornalista sério, que sabe avaliar o que é notícia e o que é factoide, o que é acusação e o que é imputação, o que é justiça e o que é empulhação pode aplaudir a sentença de Moro.
Quanto mais trombeteá-la.
Não havia motivo para manchetes bombásticas, concluiria um chefe de redação competente, pois: 1) o caso é ridículo: condenação de corrupção por causa de um imóvel avaliado em 1 milhão, em meio a propinas de mais de 100 milhões; 2) a condenação é inconsistente e 3) é condenação em primeira instância.
A Veja, como sempre, é a que distorce mais: arrota que Lula é culpado, como se já tivesse recebido a sentença final, o que não é verdade.
Mas as três estão à direita de Reinaldo Azevedo. Seus nomes é que estão errados. Deveriam mudar para Não Veja, IstoNãoÉ e Época de Trevas.
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