Não tem corrupção no governo? E Cuecagate é o que?
"O caso do senador das cuecas é muito mais sério do que isso porque envolve corrupção no governo, sim", escreve o jornalista Alex Solnik. "Não só o senador tem que ser – e está sendo – investigado. Também o ministério da Saúde demanda um pente-fino", cobra ele
✅ Receba as notícias do Brasil 247 e da TV 247 no canal do Brasil 247 e na comunidade 247 no WhatsApp.
O caso do senador das cuecas, o Cuecagate, tem esse lado humorístico, esse viés Porta dos Fundos, que todo mundo adora, mas é muito mais sério do que isso porque envolve corrupção no governo, sim.
Essa conversa do Bolsonaro de que não é corrupção no governo dele não é verdade.
Ele próprio confirmou que os ministérios fazem parte do governo e os indícios de corrupção da qual o senador Chico Rodrigues emergiu como a ponta do iceberg estão no ministério da Saude.
Os R$17 mil (segundo as mais recentes informações) que estavam na sua cueca são parte da verba de R$13,9 bilhões que o ministério da Saúde deveria ter distribuído para emendas parlamentares a todos os senadores, a fim de serem utilizados para combate ao covid-19.
Aprovada em março pelo Congresso Nacional, a verba deveria obedecer a critérios de distribuição, tais como a quantidade de doentes nas cidades, a disponibilidade de leitos UTI, etc, mas, em vez disso, foram privilegiados os aliados de Bolsonaro, cada um tendo recebido R$30 milhões.
O dobro do que os senadores têm direito a receber por ano.
Parlamentares do PT e da Rede foram excluídos da partilha.
O senador Chico Rodrigues, que iria receber R$20 milhões, reclamou e acabou recebendo R$30 milhões, apesar de ser ficha suja: seu mandato de governador de Roraima foi cassado, em 2014, por gastos irregulares na campanha de 2010, em que se elegeu vice e posteriormente substituiu o titular.
Mesmo ficha suja, foi escolhido por Bolsonaro para ser vice-líder do governo. Eram amigos de mais de duas décadas, o que os dois assumem num vídeo que circula nas redes, no qual Bolsonaro diz que os dois têm “quase uma união estável”.
A Polícia Federal já flagrou uma de suas negociatas, com a empresa Quantum, que forneceu testes rápidos de covid-19 para Roraima com sobrepreço de R$1 milhão.
Não só o senador tem que ser – e está sendo – investigado. Também o ministério da Saúde demanda um pente-fino.
Por que não foram seguidos na distribuição da verba os critérios determinados pelos parlamentares? Por ordem de quem? Por que a distribuição não contemplou a todos? Como a verba foi empregada?
O outro elo que une Bolsonaro ao cuecagate é Léo Índio, primo de um dos filhos do presidente, que tinha o segundo maior salário no gabinete do senador.
A princípio, pensei que ele perderia o emprego. Depois me convenci que não, pois o suplente de Chico Rodrigues é seu filho e seu filho não iria demitir um parente de Bolsonaro.
Mas eis que o próprio Léo Índio se demitiu ainda ontem, desistindo de uma boquinha de R$22 mil mensais.
É claro que não vai ser difícil para ele arrumar outra colocação no mesmo patamar, mesmo em tempos de pandemia.
iBest: 247 é o melhor canal de política do Brasil no voto popularAssine o 247, apoie por Pix, inscreva-se na TV 247, no canal Cortes 247 e assista:
Este artigo não representa a opinião do Brasil 247 e é de responsabilidade do colunista.
Comentários
Os comentários aqui postados expressam a opinião dos seus autores, responsáveis por seu teor, e não do 247