Não seria mais prático acabar logo com essa farsa?

Pelo menos se economizaria tempo e dinheiro, poupando o povo brasileiro e o mundo dessa vergonhosa pantomina que pretende parecer democracia



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Dispostos a tirar Dilma de qualquer maneira do Palácio do Planalto, independente de ser culpada ou inocente, os senadores sequer se preocupam em ouvir os argumentos da defesa porque há muito já tomaram a decisão. A sessão, assim, não passa de uma farsa com script decorado, onde traíras discursam, sem o menor constrangimento, para condenar cinicamente uma governante a quem serviram durante anos, usufruindo das mordomias e benesses de ministro. Se houvesse um campeonato de cinismo e hipocrisia a disputa no Senado seria mais encarniçada do que o judô nas olimpíadas. A trôco talvez da entrega da própria alma ao diabo, eles cumpriram fielmente a orientação do interino Michel Temer que, conforme revelou seu chefe da Casa Civil, Eliseu Padilha, teria dito de madrugada, ao final da votação: "Correu tudo conforme esperado". Padilha, aliás, disse que por apenas um voto errou o placar, pois havia previsto 60 votos a favor do impeachment. E até debochou, afirmando: "Aqui tem articulação política".

Nem mesmo o comportamento do presidente da sessão, ministro Ricardo Lewandowski, surpreendeu: ao abrir a sessão ele recomendou isenção aos senadores e, no entanto, rejeitou todas as questões de ordem levantadas pelos defensores da Presidenta. Isso é isenção? Na verdade, não houve nenhuma surpresa no desenvolvimento da sessão e no seu resultado. Não adianta a defesa se exaurir com argumentos cristalinos, abraçados até por quem vive em países distantes, porque para a maioria dos senadores pouco importa se estão cometendo uma violência contra a democracia e, muito menos, pouco lhes interessa as consequências do seu voto criminoso para o país e seu povo. Eles querem mesmo é manter no poder um presidente e ministros acusados de corrupção, talvez porque imaginem que, assim, estarão se protegendo dos investigadores e da Justiça, já que igualmente respondem a acusações do mesmo tipo. Afinal, eles sabem que Dilma, reconhecidamente honesta, vai continuar o combate à corrupção. Sem ela no Planalto e com um presidente tão envolvido na lama da corrupção como eles, provavelmente será mais fácil escapar da Justiça.

Além de surdos aos argumentos da defesa, os senadores comprometidos com o golpe ignoraram, olímpicamente, as acusações da Odebrecht de que, atendendo a pedido de Temer, entregou-lhe R$ 10 milhões e, o que é mais grave, dentro da residência oficial do vice-presidente, o Palácio do Jaburu. O senador Aécio Neves por exemplo, que sempre classificou de gravíssima qualquer noticia contra a Presidenta e seus aliados – disso fazendo um verdadeiro estardalhaço no espaço que a midia amiga sempre lhe reservou – fez de conta que não sabia de nada, fingindo-se de desentendido para não ter de dar explicações sobre as acusações que pesam contra ele e outros integrantes do seu partido. E no seu pronunciamento na sessão que aprovou o imoral impeachment de Dilma fez, como de hábito, afirmações cínicas. Disse, entre outras coisas:

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"Estamos aqui defendendo a democracia". Devia estar se referindo a um novo modelo de democracia, a "democracia do golpe". E mais: disse também que "ninguém está acima da lei". De fato, ninguém está acima da lei, mas existem tucanos, inclusive ele, que conseguem ser ignorados por ela.

O fato é que, depois da decisão de ontem do plenário do Senado, ninguém mais tem dúvidas de que o golpe será completado no final deste mês, com o afastamento definitivo da presidenta Dilma Roussef e a entronização de Temer como presidente efetivo, mesmo sem um único voto do povo. A não ser que até lá aconteça uma hecatombe política como, por exemplo, a homologação – e divulgação – da delação da Odebrecht com o nome de todos os recebedores de propina, muitos dos quais se encontram no governo interino e no Senado, com a respectiva abertura de inquérito. Ainda assim não se pode descartar a possibilidade da imprensa amiga dos golpistas esconder o fato e a deusa Temis sofrer um ataque de amnésia, de modo a permitir que o golpe seja consumado sem riscos para o presidente interino e sua troupe. Depois, a história será outra, com novos ingredientes que podem levar o país de volta à idade média, à escravatura, à supressão dos direitos humanos, à repressão, ao analfabetismo, à condenação da pobreza. E os sonhos dos brasileiros que de fato amam este país se transformarão em pesadelo.

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Por acaso não seria mais prático acabar logo com essa farsa, expulsando Dilma do Palácio da Alvorada e fazendo a mudança de Temer para lá, junto com Padilha e companhia. . Até porque essa postura farsante de vestal não vai mudar a imagem que o povo tem deles hoje. Afinal, como disse o grande filósofo grego Sócrates, "não basta parecer honesto. É preciso ser honesto".

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