Não sei se elogio ou critico Gilmar

"Eu concordo com Gilmar Mendes quando ele diz que a Lava Jato funciona como tribunal de exceção e que o STF precisa dar um basta nisso, sugerindo ser favorável a conceder habeas corpus a alguns presos, pois tendo a concordar com todos aqueles que criticam salvadores da Pátria como Sérgio Moro, mas sei que seu comentário travestido de libertário e humanitário visa apenas proteger seus amigos, como Michel Temer, Moreira Franco e outros alvos de investigação do PMDB e do PSDB, como Aécio Neves e Alckmin, e não a todos os atingidos pela inquisição de Curitiba, especialmente os petistas", escreve Alex Solnik; "Fico então na dúvida: elogio ou critico Gilmar? Se eu elogiar, poderão me acusar de defender corruptos; se criticar, estarei defendendo o salvador da Pátria", constata

Brasília - Presidente do TSE, Gilmar Mendes, faz balanço dos trabalhos do tribunal e apresenta dados sobre prestações de contas de campanhas referentes às eleições municipais deste ano (Marcelo Camargo/Agência Brasil)
Brasília - Presidente do TSE, Gilmar Mendes, faz balanço dos trabalhos do tribunal e apresenta dados sobre prestações de contas de campanhas referentes às eleições municipais deste ano (Marcelo Camargo/Agência Brasil) (Foto: Alex Solnik)


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A situação no Brasil está tão confusa, caótica, complexa e imprevisível que fica cada vez mais difícil comentar o que acontece sem correr o risco de ser apedrejado, ferir suscetibilidades ou ser mal interpretado.

Exemplo 1: eu concordo com Gilmar Mendes (peço data vênia por tratá-lo assim, mas depois que ministros do STF viraram celebridades da TV são tão íntimos quanto atores de novela) quando ele diz que a Lava Jato funciona como tribunal de exceção e que o STF precisa dar um basta nisso, sugerindo ser favorável a conceder habeas corpus a alguns presos (o que é, aliás, a sua especialidade desde os tempos da Operação Satiagraha), pois tendo a concordar com todos aqueles que criticam salvadores da Pátria como Sérgio Moro, os quais, vale dizer, jamais salvaram Pátria alguma, mas sei que seu comentário travestido de libertário e humanitário visa apenas proteger seus amigos, como Michel Temer, Moreira Franco e outros alvos de investigação do PMDB e do PSDB, como Aécio Neves e Alckmin, e não a todos os atingidos pela inquisição de Curitiba, especialmente os petistas. Fico então na dúvida: elogio ou critico Gilmar? Se eu elogiar, poderão me acusar de defender corruptos; se criticar, estarei defendendo o salvador da Pátria.

Exemplo 2: eu tinha certeza que, ao anunciar Alexandre de Moraes para o lugar de Teori Zavascki, Temer receberia uma enxurrada de críticas tão volumosa que teria que voltar atrás e o seu escolhido teria que partir para o exílio. Mas, para minha surpresa (e até do próprio Temer) a maioria dos jornalistas e até mesmo dos ministros do STF achou a coisa mais normal do mundo um ministro de Temer cuja maior característica é a obediência canina a quem serve, conhecido por suas atitudes repressivas, irresponsáveis e desastrosas,que não deu uma bola dentro enquanto esteve na Justiça, sem contar o seu physique-du-rol fascista ou membro da Família Adams fazer parte da mais alta instância da Justiça brasileira, recebendo o mais alto salário do serviço público brasileiro até se aposentar, o que vai levar, teoricamente, uns 30 anos. E continuar ganhando-o até o último dos seus dias na Terra.

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Exemplo 3: eu achei legal ver Eduardo Cunha, preso desde novembro aparecer com seu cabelo, muito bem vestido, terno elegante, camisa passada, gravata combinando no depoimento a Sergio Moro, em contraste com o figurino delinquente de Sergio Cabral e Eike Batista, carecas e metidos em uniformes de irmãos Metralha, embora os crimes de que os três acusados sejam absolutamente iguais. Mas se eu disser que gostei, algumas pessoas vão argumentar que eu defendo tratamento diferenciado para Cunha e outras vão me achincalhar por eu não exigir que ele também apareça careca, humilhado e ofendido.

Exemplo 4: eu achei o fim da picada Edson Facchin (o novo Teori) negar habeas corpus a uma mulher presa desde 2001 por ter furtado chiclete e desodorante, no valor de 42 reais, mas ele, de notório saber jurídico, como seus pares do STF, considerou mantê-la em presídio, provavelmente superlotado e desumano, a coisa mais natural do mundo porque para a lei não importa o valor do furto e sim o furto em si, e não vi nenhum jornalista nem cidadão comum contestá-lo. Devo elogiar Facchin por ser um fervoroso e abnegado escravo da lei ou criticá-lo por demonstrar que não tem um pingo de humanidade nem bom senso?

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Cartas para a redação.

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