Não são “bolsominions”, são demônios da Caixa de Pandora

"Eu acho que a definição mais apropriada do momento político que estamos vivendo é: já não é democracia, mas ainda não é ditadura; obrigar os demônios a voltarem ao jarro de Pandora vai demandar muito tempo, energia e inteligência", afirma o jornalista Alex Solnik

(Foto: Reuters)


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Por Alex Solnk,  para o Jornalistas pela Democracia - Zeus quis se vingar dos mortais que, contra a sua vontade, aprenderam a usar o fogo, graças a Prometeu. Vingou-se com a ajuda da primeira mulher que criou, chamada Pandora, a quem entregou um jarro dentro do qual colocou todas as maldades do mundo.

  Recomendou que jamais o abrisse, sabendo, porém, que ela não resistiria, pois a dotou de uma curiosidade incontrolável.

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  Tal como Zeus previa – e queria – Pandora abriu o jarro e todas as maldades ou todos os demônios escaparam e passaram a morar na Terra. Nunca mais voltaram para o jarro, que em português foi batizado de “caixa de Pandora”.

  A caixa de Pandora foi aberta a 1º. de janeiro deste ano e os demônios estão soltos.

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  Há alguns anos e principalmente durante a campanha presidencial esse exército de extrema-direita formado por robôs e gente de carne e osso que transformou as redes sociais em centrais de intolerância, ameaças e intimidações foi denominado “bolsominions”.

  Nunca gostei do apelido porque esses bonequinhos são bonitinhos e simpáticos, nada a ver com a truculência e a estupidez das mensagens por eles transmitidas, as mais chulas e violentas da história da internet. E que tiveram liberdade para espalhar apesar dos protocolos que supostamente proíbem manifestações de intolerância nas redes.

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  Do anonimato das redes sociais os demônios saltaram para as ruas.

  Foram eles que estouraram rojões ao lado do barco onde transcorria a mesa da Flip com Glenn Greenwald, tornando impossível ouvir o que dizia e o obrigaram a chegar e a sair escoltado por seguranças para não ser massacrado por grupo pequeno, mas agressivo, disposto e autorizado a transgredir as leis da civilidade pelo demônio-mor que ocupa o Palácio do Planalto.

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  Os demônios de Pandora também assinaram um manifesto proibindo a presença de Miriam Leitão e de Sérgio Abranches numa feira literária de Jaraguá do Sul, sinal de que, não importa onde, eles vão atuar para impedir o debate democrático que prevalece no Brasil desde 1985. Incapazes de debater ideias, preferem bater em quem defende o debate.

Eu acho que a definição mais apropriada  do momento político que estamos vivendo é: já não é democracia, mas ainda não é ditadura.

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  Obrigar os demônios a voltarem ao jarro de Pandora vai demandar muito tempo, energia e inteligência.

  Talvez a primeira coisa a fazer seja parar de chamá-los de “bolsominions”.

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