Não levem Xuxa tão à sério. Ela acredita em duendes

Por pouco, a eterna rainha dos baixinhos não perdeu a sua majestade. Xuxa Meneghel esteve à beira do cancelamento, após declarar que é a favor do uso de pessoas encarceradas como cobaias em experiências científicas



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Por pouco, a eterna rainha dos baixinhos não perdeu a sua majestade. Xuxa Meneghel esteve à beira do cancelamento, após declarar que é a favor do uso de pessoas encarceradas como cobaias em experiências científicas. A fala me teria causado o mesmo horror e espécie que causou a muita gente, se ela não tivesse sido externada por alguém cujo sucesso nunca esteve associado à sua habilidade com as palavras e com a organização dos pensamentos.

A mesma Xuxa, ainda no auge de sua viagem espacial em sua nave encantada, ao receber uma homenagem durante o programa “Criança Esperança” de 1992, agradeceu dizendo que agora o mundo inteiro saberia que no Brasil, não existem apenas negros e mulatos, mas também loiros do Rio Grande do Sul como ela. Um desabafo legítimo da grande representante de um povo historicamente segregado e relegado a negação de sua representatividade. Loiros e loiras sempre foram invisibilizados nesse país racista, que sempre quis que o mundo o reconhecesse como um país africano.

De acordo com a declaração de Xuxa à época, que também evocou a mistura de raças existentes no Brasil, podemos entender o processo de escolha de suas Paquitas todas loiras. Tudo fazia parte de uma política de inclusão racial na televisão brasileira, onde, até então, os loiros nunca tinham tido destaque. Xuxa abria caminho para o seu sofrido e discriminado povo braso-nórdico e se tornava um ícone da luta por igualdade racial no país. Uma Dandara reversa. Uma versão loira e feminina de Malcom X, que deixava o seu “X” marcado no coração de toda uma geração que jamais a iria esquecer.

Xuxa já convidou os seus baixinhos para “brincar de índio”, como se a identidade indígena fosse uma brincadeira de criança, que pudesse ser curtida ao som da música de uma adulta alienada e sem conhecimento da história de seu país. “Pego meu arco e flecha, minha canoa e vou pescar. Vamos fazer fogueira, colher dos frutos que a terra dá”, dizia um trecho da canção infantil, que reduzia os costumes da cultura indígena a um “pique esconde” fonográfico. O “Pagode da amarelinha”, sucesso dos feras do grupo Art Popular, teria sido bem mais funcional e educativo para a garotada.

Há pouco tempo ela declarou que ainda acredita em duendes. Uma prova de que sua existência real se resume a grande fábula criada em torno da grande apresentadora infantil que foi, cuja personagem ela se recusa a abandonar. Portanto, não devemos levar muito a sério as coisas que ela diz. Xuxa é só para baixinhos. Os de pouca idade e aqueles que a idolatravam como rainha e que se recusaram a crescer. Entendo a revolta de muitos em função da sua declaração, mas alguns adjetivos que têm sido dirigidos a ela, são um pouco exagerados para alguém que sempre foi um produto da mídia e pouco raciocinou por si mesma para conquistar o seu público.

Hoje eu entendo o porquê de sempre ter preferido assistir “Chaves” e “Chapolin”. E não subestimem a intuição infantil de um garoto pobre e preto, que nunca se viu representado naquele mundo encantado de gente branca, loira e do “Rio Grande do Sul do Brasil”. E também diziam que ela beliscava as crianças no programa. Eu, como nunca gostei de levar beliscão, preferia assistir outra coisa na televisão. O seu pedido de desculpas expressa o mesmo grau de relevância de sua declaração. Nenhum. Ela nem sabe o porquê de tê-lo feito. Ah, sim! Foi porque o escritor Anderson França sugeriu, conforme ela diz no vídeo.

Xuxa, assim como os duendes nos quais ela acredita, deve permanecer no faz de conta da nossa representatividade social. Graças ao carinho que a nossa memória afetiva tem pelo ludicismo de sua figura, é que o seu cancelamento não foi consumado. Temos coisas mais sérias e gente mais perigosa para combatermos. O duende que ocupa a presidência da república é uma delas. Movamos nossas energias para o linchamento e o cancelamento deste, que transformou o país no cemitério do mundo. Um adorador da morte que já usou mais de 300 mil vidas, em seus experimentos negacionistas de combate a pandemia.

Deixem a rainha dos baixinhos em paz, no seu mundo da lua de cristal...

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