“Não entrei para ganhar, mas para dar 28 segundos a Bolsonaro”, diz candidata-laranja que recebeu R$ 200 mil do PSL
"A empresária gaúcha Carmen Flores foi candidata de Jair Bolsonaro ao Senado no Rio Grande do Sul. Mas ganhar a eleição não estava em seus planos", diz Alex Solnik, do Jornalistas pela Democracia; "'Eu não tinha intenção de me eleger', admitiu. 'Não entrei para ganhar', disse ela, 'mas para dar 28 segundos na TV para Bolsonaro'", recorda o jornalista; "O problema é que ela não poderia ter vendido, nem a direção nacional comprado os 28 segundos. É um espaço público inegociável. É como vender um pedaço da praia"
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Por Alex Solnik, do Jornalistas pela Democracia
A empresária gaúcha Carmen Flores foi candidata de Jair Bolsonaro ao Senado no Rio Grande do Sul. Mas ganhar a eleição não estava em seus planos.
"Eu não tinha intenção de me eleger" admitiu à repórter da Folha, ontem, procurada para explicar por que repassou verbas do fundo partidário para a filha e a neta. "Não entrei para ganhar" disse ela, "mas para dar 28 segundos na TV para Bolsonaro".
Presidente do PSL no estado e dona de uma loja de móveis, ela recebeu R$200 mil do diretório nacional, presidido pelo então presidente do PSL, Gustavo Bebianno, embora ambos soubessem que ela não iria fazer campanha, apenas "ceder" o espaço a que tinha direito ao candidato a presidente.
Se não foi para fazer campanha, a verba pagou os 28 segundos que ela "deu" ao candidato presidencial. Uma verdadeira pechincha. Bolsonaro teve uma votação estrondosa no estado.
O problema é que ela não poderia ter vendido, nem a direção nacional comprado os 28 segundos. É um espaço público inegociável. É como vender um pedaço da praia.
Em dezembro, depois de conseguir o que queria – não se eleger - ela saiu do PSL e fechou o diretório, encerrando sua breve carreira política. E continuou tocando seu negócio de móveis.
O grande beneficiado pela senadora-laranja foi Bolsonaro.
Embora o presidente fosse Bebianno, quem mandava no partido era ele.
Só aceitou se candidatar com a condição de ser o mandachuva.
Sua primeira exigência foi trocar o presidente Luciano Bivar por um homem da sua confiança sem nenhuma experiência partidária - o próprio Bebianno - para ser a sua voz e os seus olhos no PSL. E fazer o que o presidenciável mandasse.
Afinal, com 30 anos de janela na política, quem conhecia os caminhos das pedras era ele.
E uma coisa é líquida e certa: Bebianno não tinha autonomia para assinar um cheque sem autorização do padrinho.
Ainda não se conhece o tamanho do laranjal. No entanto, se Carmen Flores confirmar na Justiça o que disse à repórter da Folha, Bolsonaro estará em maus lençóis.
As suas digitais estão nessa operação espúria de compra e venda de horário eleitoral à luz do dia.
Além de ajudar a eleger Bolsonaro, Carmen Flores também ajudou a filha, a quem repassou R$40 mil à guisa de aluguel do imóvel da campanha, localizado no endereço da sua loja de móveis.
A neta ganhou menos de R$2 mil para distribuir panfletos da anti-campanha.
Ou melhor, para não distribuí-los, é claro.
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