Não é o petrolão, estúpido!



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Foi muito legal o programa "Roda Viva" de ontem, um debate sobre a crise econômica. "Por que ela está aí"? "Quais são as saídas"? foram basicamente esses os temas abordados.

Os economistas eram de primeira, todos muito bem qualificados - o ex-ministro do governo Fernando Henrique, Bresser Pereira, o secretário de Política Econômica do governo Sarney, Luiz Gonzaga Belluzzo, o professor da FGV, Samuel Pessoa, ex-secretário Municipal de Finanças do governo Erundina em São Paulo, Amyr Khair e o professor do Insper, Marcos Lisboa.

Observou, quem assistiu ao programa que os convidados divergiram a respeito de vários aspectos, e até trocaram farpas, com elegância, diga-se. Todos mostraram muita erudição, e muitas das ponderações, em perfeito "economês" talvez a maioria dos telespectadores não tenha entendido.

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Mas foi uma aula proveitosa e uma boa oportunidade para encarar nossa recessão de forma mais inteligente e menos insuflada por paixões políticas.

Houve aquelas críticas que até nós, que não sabemos nada de economia já cansamos de fazer, tais como juros altos, obsessão pelo ajuste fiscal, represamento e depois grande aumento de energia, muita demonstração de conhecimento, números na cabeça, etc etc.

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Mas também houve quem dissesse – Marcos Lisboa, se bem me lembro – que talvez não seja suficiente mexer apenas nos números, ou seja diminuir a taxa de juros, por exemplo, pois em outras épocas foram essas as práticas de outros governos e não deram certo.

Bresser Pereira disse que os cinco preços principais (que não me lembro quais são) não estão alinhados.

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Eu gostei, sobretudo, das intervenções de Samuel Pessoa, que colocou no caldeirão das causas da crise a parca escolarização do Brasil e a falta de poupança dos brasileiros. Disse ele que na Coreia do Sul a avó era analfabeta e o neto com nível de cursar o ITA. Na China, as famílias, ricas ou pobres, poupam 50% do que ganham contra 10% do Brasil.

Belluzzo apartou, ponderando que isso acontece na China porque os chineses não têm previdência social, por isso economizam para não passar necessidades depois de se aposentarem.

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Embora sem divergir, Pessoa contou que faz parte da cultura do chinês poupar e do brasileiro, consumir, tendo sido esse, a seu ver, um erro crasso do governo Lula, que apostou tudo no consumo. Quem consome não poupa, disse ele.

Também foi de Pessoa a previsão menos pessimista dos cinco: ele afirmou que as suas projeções indicam que 2016 pode ser um pouco melhor que 2015. Pouco, bem pouco, mas um pouco melhor.

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Não vou cansar vocês repetindo tudo o que eles disseram, todos são muito bem qualificados, eu já disse, muito competentes e com passagens por importantes cargos públicos.

O que é importante dizer é que nenhum deles, em momento algum, nem mesmo citou os escândalos da Petrobrás como protagonistas da crise econômica, que se tornou um mantra entoado por todos os que querem ver a presidente Dilma pelas costas e aqueles que, bombardeados por informações não fidedignas imaginam que o Brasil depende do petróleo assim como a Venezuela.

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Tomara que o programa tenha servido para tirar de muitas cabeças essa lenda urbana de que a Petrobrás é a grande responsável pela recessão e dar início a discussões necessárias, relevantes e inteligentes como a do "Roda Viva".

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