Na farsa do Senado, só falta o Cunha

"A imprensa internacional exprime com absoluta precisão a verdade que a Globo e a imprensa golpista do Brasil escondem. No mundo inteiro o impeachment é divulgado pelo que é: um golpe de Estado, um atentado à democracia e à Constituição; uma farsa montada por políticos corruptos para derrubar uma Presidente inocente", diz o colunista Jeferson Miola; segundo ele, os senadores que votarem a favor do golpe serão integrantes de uma “assembléia geral de bandidos” que, nesta ocasião, não será “comandada por um bandido chamado Eduardo Cunha”

Brasília- DF 04-11-2015 Foto Lula Marques/Agência PT Presidente Eduardo Cunha recebe um pacote de Dollar no rosto, durante entrevista a imprensa no salão verde.
Brasília- DF 04-11-2015 Foto Lula Marques/Agência PT Presidente Eduardo Cunha recebe um pacote de Dollar no rosto, durante entrevista a imprensa no salão verde. (Foto: Jeferson Miola)


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A imprensa internacional exprime com absoluta precisão a verdade que a Globo e a imprensa golpista do Brasil escondem.

No mundo inteiro o impeachment é divulgado pelo que é: um golpe de Estado, um atentado à democracia e à Constituição; uma farsa montada por políticos corruptos para derrubar uma Presidente inocente.

O francês Le Monde avalia em editorial que “se esse não é um golpe de Estado, é no mínimo uma farsa”. Para o inglês The Guardian, “o impeachment de Dilma é tragédia e escândalo”. O argentino Página12, por exemplo, lançou o livro “Golpe no Brasil – genealogia de uma farsa”. O New York Times alerta que estão “tentando tirar a líder do Brasil, mas enfrentam acusações contra si mesmos”.

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Uma definição original sobre o golpe fez o comentarista português Miguel Sousa Tavares. Atônito com as cenas dantescas que assistiu, ele chamou a deplorável sessão da Câmara dos Deputados de 17 de abril de 2016 como uma “assembléia geral de bandidos comandada por um bandido chamado Eduardo Cunha”.

Naquela “assembléia geral” estavam presentes a Janaína Paschoal e a denúncia comprada a ela pelo PSDB por R$ 45 mil; estava presente o relatório fraudulento elaborado por um cupincha do Cunha; estava também a quase metade dos deputados réus e investigados por corrupção e crimes diversos, inclusive de homicídio; e estavam os neo-canalhas do PSB, alguns canalhas do PDT e todos os canalhas do PSDB, DEM, PTB, PSD, PMDB, PP, PPS.

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Apesar de tantas e repugnantes presenças, naquela “assembléia geral” só faltou o essencial: o crime de responsabilidade para aceitar a denúncia e instalar o processo de impeachment da Presidente Dilma. Ainda assim, sob o predomínio do fascismo, a fraude do impeachment foi acolhida e aprovada.

Em 12 de maio o Senado deu seguimento à farsa. Converteu-se, assim, num cenário do crime continuado.

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Suas excelências – os senadores e as senadoras golpistas – adotam as devidas cautelas para evitar outra vez o espetáculo escatológico oferecida por sua malta ao mundo em 17 de abril. Eles se esforçam para aparentar recato e serenidade, mas no fundo são uns cínicos que se dissimulam com uma cordialidade apenas aparente. Entre eles, há de se ter maior cuidado com os de fala mansa e controle científico das expressões faciais: são os que fazem o gênero do homicida que crava a faca na vítima olhando-a nos olhos com um sorriso cortês nos lábios.

Essa falsidade toda, contudo, não atenua o crime que estão cometendo, e tampouco retira-lhes a qualidade de integrantes de uma “assembléia geral de bandidos” que, nesta ocasião, não será “comandada por um bandido chamado Eduardo Cunha”.

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Na “assembléia geral” do Senado deste dia 29 de agosto, estarão as mesmas repugnantes presenças que participaram da “assembléia geral” de 17 de abril. Outra vez, todavia, a grande ausência será o fundamento legal e constitucional para que os golpistas pudessem julgar, condenar e, sobretudo, cassar a Presidente.

Tão ou mais grave que a inexistência de fundamento para oimpeachment, porém, são as duas fraudes grotescas que a defesa da Dilma desmascarou no Senado. A primeira delas, foi a do militante partidário disfarçado de “técnico do TCU” que usou a função pública para forjar um parecer de oposição incriminando a Presidente Dilma.

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A segunda fraude desmascarada foi a do outro militante partidário do golpe, o auditor do TCU que também usou o cargo público para participar, com seu comparsa, da redação do parecer incriminador que ele próprio teria de julgar.

As ilegalidades e vícios deste processo são flagrantes. Dariam razão suficiente, segundo o Código de Processo Civil e a Constituição do Brasil, para a completa nulidade do processo e a conseqüente anulação desta farsa que avacalha a imagem do país no mundo.

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Dilma é vítima de um julgamento de exceção injusto e de cartas marcadas. Os golpistas não estão conspirando contra a pessoa da Presidente, mas estão atentando contra a democracia, o Estado de Direito e a Constituição.

Na ata da “assembléia geral de bandidos” de 29 de agosto de 2016 deverá constar que, no golpe de Estado perpetrado para operar a restauração neoliberal ultraconservadora e reacionária para seqüestrar os direitos do Povo e entregar a soberania da Nação, ecoaram no plenário do Senado, que não estava sendo presidida por Eduardo Cunha, as palavras de Tancredo Neves vocalizadas na madrugada de 2 de abril de 1964: “Canalhas! Canalhas! Canalhas!”.

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