Na contramão

"Filipe Martins, assessor do homem, foi escolher o pior gesto, o da supremacia branca", diz o colunista Miguel Paiva. "Nojento. Coloco a mão na boca para não vomitar", continua. "Que a mão esquerda, mesmo faltando um dedo nos guie, nos ajude, nos dê uma mão para encontrar a mão certa dessa estrada", acrescenta, em referência ao ex-presidente Lula

Charge de Miguel Paiva
Charge de Miguel Paiva (Foto: Colunista analisa gesto supremacista branco de membro do governo)


✅ Receba as notícias do Brasil 247 e da TV 247 no canal do Brasil 247 e na comunidade 247 no WhatsApp.

Por Miguel Paiva, do Jornalistas pela Democracia

São muitos os significados dos gestos que fazemos com as mãos. O presidente adora fazer o da arminha, com o dedo polegar levantado e o indicador apontando para o alvo. Ai que medo! Tem o do rock and roll que é aquele que levanta o indicador e o mindinho. Tem o hang loose dos surfistas, o do dedo maior de todos pra cima num claro “aqui ó”. Mas temos também o dos dedos em v do paz e amor, símbolo dos hippies que veio do V de vitória, o do mindinho erguido que é para trocar de mal, tão bonitinho, o da mão girando pelo polegar na outra palma para dizer que está passando a mão na grana, a mão fechada dando uma banana, os dois dedos cruzados que mostram o quanto estamos torcendo para este país retomar o rumo da democracia e ao mesmo tempo correndo do dedo-duro que nos aponta. 

continua após o anúncio

Mas tudo bem, levantemos o polegar em um claro OK e batamos a palma da mão esquerda na mão direita fechada num saudoso top-top eternizado pelo Henfil. Só não vale fazer o coraçãozinho com as duas mãos. Esse é muito cafona. 

Mas o Filipe Martins, assessor do homem, foi escolher o pior gesto, o da supremacia branca, o indicador e o polegar unidos em circulo e os outros três abertos. Esses fazem o W e os outros dois o P- White Power. Nojento. Coloco a mão na boca para não vomitar. Quem quiser erguer as mãos para os céus pedindo benção porque acredita, erga. Eu que não acredito prefiro erguer a mão esquerda com o punho cerrado como faziam os Panteras Negras.

continua após o anúncio

Nessa guerra de mãos eles vem com a mão que apedreja, as mãos bobas, na mão grande, lavando as próprias mãos sujas. Nós não largamos a mão do outro. Damos nossas mãos seguindo em mão dupla ou tripla, mas jamais em mão única. Dependendo de quem está do outro lado pode até ser na contramão. Só não podemos ficar de mãos atadas.

Mas vamos logo que hoje em dia não dá mais para confiar nem nas linhas das mãos. São linhas tortas em mãos suadas, escondidas nos bolsos, segurando armas, apontando para culpados que não existem, batendo, enforcando, tirando as máscaras e contaminando.

continua após o anúncio

Que a mão esquerda, mesmo faltando um dedo nos guie, nos ajude, nos dê uma mão para encontrar a mão certa dessa estrada, a mão livre que trabalha a terra, dirige os trens e caminhões, abre as portas, acende as luzes, constrói, pinta e borda. Queremos fazer somente um gesto a mais, entrelaçar as mãos com outras mãos e ajudar a apertar esse abraço que tanto queremos dar e ainda não podemos. Mas é só sentar e contar nos dedos das mãos o tempo que falta.

(Conheça e apoie o projeto Jornalistas pela Democracia)

continua após o anúncio

iBest: 247 é o melhor canal de política do Brasil no voto popular

Assine o 247, apoie por Pix, inscreva-se na TV 247, no canal Cortes 247 e assista:

Este artigo não representa a opinião do Brasil 247 e é de responsabilidade do colunista.

Comentários

Os comentários aqui postados expressam a opinião dos seus autores, responsáveis por seu teor, e não do 247

continua após o anúncio

Ao vivo na TV 247

Cortes 247