Na bola, Lula não perde. Mas o bolsonarismo é jogo sujo

"Em um quadro onde Lula teria hoje 54% dos votos válidos contra 46% do concorrente, isto é favoritismo, sim", escreve Gilvandro Filho

Lula e Jair Bolsonaro
Lula e Jair Bolsonaro (Foto: Reprodução/YouTube)


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Por Gilvandro Filho, para o 247 

O jornalista Ricardo Noblat diz em seu blog que não será surpresa alguma para ele se Bolsonaro se reeleger. Infelizmente, por mais desastrosa que esta possibilidade venha a ser, não tiremos da cabeça que isto pode ocorrer. Não seria em circunstâncias normais. A esta altura do processo eleitoral e com as pesquisas de intenção de voto demonstrando um estável favoritismo de Lula, devemos ter cuidado com tudo pode vir por aí.

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Estamos brigando não contra um candidato, contra um partido, contra uma coligação. A luta de quem pretende ver o Brasil novamente na normalidade democrática é contra o bolsonarismo, hoje a mais perigosa facção de crime organizado em nosso país.

Tudo no bolsonarismo remete à mutreta, à desconfiança e à perplexidade. Tudo pode acontecer quando essas mentes diabólicas se unem para trabalhar pelo mal. Se vivemos hoje a plenitude desse movimento odioso e maligno, não esqueçamos que a virada para essa sucursal do inferno aconteceu em 2018, numa eleição como esta. Eleição que se ganhou na malícia com chicanas jurídicas que tiraram do páreo o candidato que as pesquisas davam como franco favorito. Sem coincidência, o adversário deles era o mesmo de hoje.

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Foi preciso que um esquema jurídico suspeito conseguisse a prisão de Lula para que o caminho ficasse relativamente livre para o candidato preferido do juiz encarregado da trama. Não por acaso, o mesmo juiz que, com a eleição do apadrinhado, tornou-se ministro da Justiça. Depois, esse juiz de lavajato fingiu brigar com o seu presidente, saiu falando mal do governo, conseguiu com isto se eleger senador, mas logo voltaria na condição de coach do hoje candidato à reeleição.

Voltando a 2018, com Lula apeado da corrida presidencial e com o ex-ministro da Educação Fernando Haddad como candidato pelo PT, Bolsonaro fez de tudo para melar a disputa. Começando por fugir dos debates, ajudado aí por um “atentado” até hoje mal explicado que o deixou de fora da vitrine e presente só e fartamente na mídia e nas fake news.

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Transcorrido um mandato de trevas, o atual e inadequado presidente da República cumpriu tudo o que prometeu. Mentiu, perseguiu, armou os aliados, fez um governo para uma horda fanática e do mal. Com ele à frente de um esquema monstruoso de omissão e incompetência, o país chorou quase 700 mil vidas perdidas com a pandemia do Covid-19. Responsável direto pela tragédia, o presidente zombou dos mortos e das famílias destes, posou de garoto propaganda de remédio ineficaz, seus apaniguados tentaram ganhar uma fábula com esquema de compra de vacina superfaturada, escândalo que a CPI da Pandemia conseguiu impedir.

Em todos os setores, ele cumpriu com sua palavra e tornou-se o pior governante que o país já teve. Da Educação ao Meio Ambiente, trágico. Da Cultura às políticas sociais, desastroso. Da Economia à Ciência, deplorável. Em pensamentos, palavras e atos, desrespeitoso, mentiroso e institucionalmente perigoso. Trocou a Democracia por pelo bolsonarismo, um misto de política do Centrão com fanatismo religioso e negacionismo científico, que tornou-se um movimento bizarramente consolidado diante de um país perplexo.

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Desse modo, não vamos dormir sobre os números das pesquisas. São números expressivos, um deles, particularmente importante. Segundo o Ipec, 93% do eleitorado têm certeza do voto. Em um quadro onde Lula teria hoje 54% dos votos válidos contra 46% do concorrente, isto é favoritismo, sim.

Esses números mostram que, na bola, Lula dificilmente perderá. Mas, não estamos disputando com quem joga limpo, com a habilidade nos pés e com o regulamento debaixo do braço. O jogo com esse povo é duro e é sujo. Olho vivo e toda cautela. Do outro lado está o bolsonarismo para quem a Lei, a Democracia e a decência são meras figuras de retórica.

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