Myanmar 2021 pode ser Brasil 2022

"Militares participam da politica tal como acontece agora no Brasil em torno de Bolsonaro, que preenche com quadros do Exército e da Marinha cargos antes ocupados por civis. Com o silêncio e a cumplicidade dos próprios civis", avalia o jornalista Alex Solnik

General Min Aung Hlaing
General Min Aung Hlaing (Foto: MRTV, MRTV | Crédito: via REUTERS)


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Por Alex Solnik, para o Jornalistas pela Democracia

No vigésimo oitavo dia de protestos pacíficos contra o golpe do general Min Aung Hlaing que derrubou a líder Aung San Suu Kyi, soldados do Exército de Myanmar mataram ao menos 18 pessoas e feriram 30, na capital, Rangun e em Dewey, Mandalay, Bago e Pokokku.

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Paralelos entre o que acontece por lá e o que poderá acontecer aqui são preocupantes e alarmantes.

O partido da líder do país, a Liga Nacional para a Democracia, venceu por maioria esmagadora as eleições de 13 de novembro de 2020, obtendo 346 cadeiras nas duas câmaras, o que lhe deu condições de governar o país sozinho.

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Quatro dias depois, o derrotado Partido da Solidariedade e do Desenvolvimento da União, alinhado ao Exército, rejeitou o resultado, alegou fraude e exigiu novas eleições.

A constituição de 2008, elaborada por generais golpistas, garante aos militares 25% dos assentos nas duas Câmaras, além de três ministérios – Fronteiras, Interior e Defesa. Ou seja, militares participam da politica tal como acontece agora no Brasil em torno de Bolsonaro, que preenche com quadros do Exército e da Marinha cargos antes ocupados por civis.

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Com o silêncio e a cumplicidade dos próprios civis.

No dia 1o. de fevereiro de 2021, o general Min Aung Hlaing resolveu o impasse político dando um golpe de estado: depôs e prendeu a ex-Prêmio Nobel da Paz.

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E presa está até hoje.

Agem desse modo militares que se envolvem em política. Tanto lá como cá.

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Outro paralelo estarrecedor é que o general Min Aung Hlaing, agora no poder, foi acusado de genocida por comandar o extermínio do grupo étnico Rohingaya, em 2017.

Sanções econômicas contra o governo militar estão no forno de vários países, a começar dos Estados Unidos. Golpes de estado não são tolerado pela comunidade democrática internacional.

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