Municipalismo x negacionismo polariza disputa eleitoral em 2022

Bolsonaro joga todas as fichas no negacionismo, na polarização, para tentar chegar ao segundo turno, para disputar, provavelmente, com Lula

Jair Bolsonaro
Jair Bolsonaro (Foto: REUTERS/Adriano Machado)


✅ Receba as notícias do Brasil 247 e da TV 247 no canal do Brasil 247 e na comunidade 247 no WhatsApp.

Por César Fonseca

A primeira morte em Goiás de paciente afetado pelo Ômicron, o medo dos país com o negacionismo bolsonarista contra vacinação de crianças e a paranóia social que vai tomando conta da população, diante do debate acalorado do tema, transfere para os municípios o cenário da mobilização política, econômica e social; os prefeitos, debaixo de violentas pressões dos afetados pelos desastres naturais, excessos de chuva, que destroem toda infraestrutura urbano, voltam-se para o governo federal por socorro emergencial; amplia-se movimentos municipalistas; a mobilização dos prefeitos no cenário da crise sanitária para garantir vacinas para as crianças somado ao surto torrencial de chuvas que destroem vastas regiões econômicas no sul baiano e no norte de Minas e, esparsamente, em todo o território nacional, arrasando infraestruturas urbanas, produz, no ano eleitoral, pauta prioritária do Municipalismo em franco confronto com bolsonarismo neoliberal. Lula, pilotando nas pesquisas, só tem a ganhar com essa guerra que mina o prestígio de Bolsonaro.

continua após o anúncio

Quem ganhar eleição tem que atender a pauta real dos municípios e não à pauta contrária  do presidente Bolsonaro de fuga para frente com o discurso identitário e ideológico, construído artificialmente no exterior da realidade; sem obras e trabalho a apresentar à população, calcadas em programa de geração de emprego e investimentos em educação e saúde, como prioridades das prioridades, o presidente potencializa o negacionismo como política de despistes; desvio total de assunto; Bolsonaro joga todas as fichas no negacionismo, na polarização, para tentar chegar ao segundo turno, para disputar, provavelmente, com Lula; a função do negacionismo, portanto, é formar força eleitoral proporcional, na casa dos 20%, no mínimo, para ir ao balotage.

Negacionismo x razão

A polarização negacionismo x razão produz, sobretudo, inversão de prioridades; o combate à fome e ao desemprego deixa de ser o foco para dar lugar ao debate sobre se criança deve ou não ser vacinada; a ação negacionista governamental força debate nesse sentido;  o irracionalismo tenta preponderar sobre a ciência. O Identitarismo em geral, porém, não ameaça o sistema econômico pois é por ele manipulado, mas desvia atenção; cria guerra político- ideológica eleitoral, para dividir a opinião pública; leva-a à alienação, abraçando o acessório no lugar do essencial.

continua após o anúncio

Prisioneiro do teto neoliberal

Bolsonaro não pode construir discurso real porque quem manda no governo é a variação financeira, são os credores da dívida pública por meio de Banco Central Independente; a variável social não apita nada, embora exija outras prioridades que não a meramente financeira; o BCI é um projeto de poder da burguesia financeira especulativa que determina pauta contrária à do discurso social democrata; seu foco, o ajuste neoliberal de gastos, é incompatível com democracia.

Nesse cenário de financeirização econômica nacional, os prefeitos vão se conscientizando coletivamente da necessidade de atuar em conjunto para pressionar o governo federal em ano eleitoral; as questões reais são as que estão no foco das autoridades municipais, sob pressão da comunidade, que exige gastos sociais crescentes; por isso, a base do governo quase derruba a ministra da Casa Civil, Flávia Arruda, do Centrão, por segurar verba pública nessa hora dramática para os municípios; os prefeitos agora querem recuperação emergencial dos estragos das chuvas; uma agenda para criar emprego, renda, consumo, produção, arrecadação e investimentos, ou seja, o silogismo capitalista produtivo.

continua após o anúncio

Herdeiro de Thatcher e Reagan

O  racha já se instala entre os próprios neoliberais; Sérgio Moro, candidato do Podemos, assessorado por Affonso Celso Pastore, já diz que o Estado Mínimo de Margareth Thatcher, Ronald Reagan e Bolsonaro não existe; Bolsonaro, com Guedes, está ainda com a dupla Reagan-Thatcher, contramão do mundo; ou seja, não ganha eleição, pois não tem apelo popular; só sabe destruir projetos sociais como os da aposentaria que levou governo conservador à derrota no Chile; sem apelo popular, Bolsonaro está prisioneiro do reagnomismo-thatcherismo ultraneoliberal, que afunda a economia no cenário da financeirização econômica.

Financeirização generalizada bloqueia economia

Todos os setores da economia são submetidos à lógica da financeirização, na qual o país é tido, apenas, como mero ativo na bolsa, sujeito às cotações voláteis do dia, da manipulação especulativa. A demanda social é esmagada pela prioridade de ter de reservar 45% do Orçamento Geral da União para pagamento de juros e amortizações da dívida pública; não sobra nada para Estado de Bem-estar Social; Bolsonaro, de pés e mãos amarrados pelo teto neoliberal de gastos, que requereu golpe político para ser implementado, no governo Temer, não pode sequer ajudar, satisfatoriamente, os afogados da chuva; mal está dando conta do pagamento do auxílio Brasil para todos; apenas, uma parte recebe os R$ 400 mensais; parcela majoritária está recebendo à prestação, humilhando-se em filas dos bancos; sem condições de discutir a realidade que o equivocado reagnomic-thatcherismo produz em termos de destruição econômica, Bolsonaro-Guedes partem para o irrealismo econômico e ideológico religioso negacionista. O negacionismo confronta a razão na disputa eleitoral em 2022.

continua após o anúncio

iBest: 247 é o melhor canal de política do Brasil no voto popular

Assine o 247, apoie por Pix, inscreva-se na TV 247, no canal Cortes 247 e assista:

Este artigo não representa a opinião do Brasil 247 e é de responsabilidade do colunista.

Comentários

Os comentários aqui postados expressam a opinião dos seus autores, responsáveis por seu teor, e não do 247

continua após o anúncio

Ao vivo na TV 247

Cortes 247