MULHER — Violência e preconceito estão dentro de nós e de vós
A falta de conhecimento, de instrução e de influência da mulher, no que diz respeito a ter o controle de sua própria vida, no decorrer de milênios, levou-a a uma perversa e injusta condição de submissão e subalternidade
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As mulheres a partir do fim do século XIX e início do século XX começaram, efetivamente, a sair de suas casas para ganhar a vida, ou seja, sustentar-se, ajudar seus maridos na lida diária e criar seus filhos, com seus esforços de trabalho, da labuta do dia a dia, e fora de seus lares, até então os limites que as impediam de ampliar seus horizontes.
Essas cruéis e mórbidas realidades facilitaram e favoreceram para a que a mulher fosse um ser humano praticamente cativo ao seu lare, como se ser cativa fosse algo normal ou natural ou próprio à mulher, pois segundo os machos fundamentalistas, uma questão "cultural", quando a verdade é uma questão de poder, de luta pelo controle do poder.
A falta de conhecimento, de instrução e de influência da mulher, no que diz respeito a ter o controle de sua própria vida, no decorrer de milênios, levou-a a uma perversa e injusta condição de submissão e subalternidade. E é exatamente este tema que jamais deveria ser relegado no "Dia Internacional da Mulher". Por incrível que pareça, mas existem muitos homens e mulheres que ainda não têm esta compreensão, porque compreensão tem a ver com percepção das realidades que nos cercam e com as realidades dos outros, que não são as suas. Trata-se de um exercício de abnegação, de generosidade, de aprendizagem e até mesmo doloroso.
As mulheres conquistaram mais espaço ainda na Primeira Guerra, sendo que, definitivamente, na Segunda Guerra seus espaços de trabalho e a luta pelo poder de reivindicar e conquistar igualdades recrudesceu, a explodir com os movimentos feministas, que se sucederam, radicalmente, nas décadas de 1960 e 1970, a transformar a mulher no que ela sempre foi: um animal político e consciente de seu papel no mundo moderno e tecnológico.
A luta por espaços de influência e poder, em meio aos homens, os "donos" até então incontestáveis do poder político e econômico, ou seja, dos meios de produção privados, do dinheiro e dos setores mais importantes do Estado, a exemplo de cargos influentes e de hegemonia do Executivo, do Judiciário, do Legislativo, das Forças Armadas e das polícias. O Estado e o poder nas mãos dos homens.
Por sua vez, nota-se, e por isto é necessário observar, que muitas mulheres em cargos de poder e mando evidenciam e efetivam ações e atos machistas. Geralmente se trata de mulheres que atuam no campo político e ideológico conservador (isto não é uma regra), a mostrarem-se misóginas e a apoiar ações que contrariam não somente os interesses legítimos da grande maioria das mulheres, bem como de todos os segmentos e grupos sociais que são considerados como minorias.
Segmentos da sociedade brasileira desigual e intolerante. Grupos que produzem e consomem, pois trabalham, pagam impostos e votam, mas que são tratados, hipocritamente e violentamente, como minorias, apesar de muitos deles serem populacionalmente importantes, a exemplo das próprias mulheres, dos negros, dos LGTB e dos índios, que estão atualmente com suas culturas e terras em perigo, com a ascensão de um governo direitista, proto-fascista, que tomou o poder de assalto em 2016, por intermédio de um golpe de estado.
O golpe de direita do fim do mundo e, com efeito, terceiro-mundista, que levou à deposição criminosa e vergonhosa da presidente trabalhista e constitucional Dilma Rousseff, política que recebeu dos brasileiros 54,5 milhões de votos, bem como foi vítima de perversa e diabólica misoginia, quando o machismo e o partidarismo dos bárbaros tentaram desmoralizá-la politicamente e desconstruí-la moralmente.
Realidades essas que aconteceram contra uma mulher de fibra e coragem, republicana e honesta, com a Constituição Cidadã e o Estado de Direito em vigor desde 1988. Porém sua derrota política e moral não se concretizou, porque Dilma, uma mulher digna e civilizada, jamais se entregou à sanha dos trogloditas, que são os próceres e os arautos do golpe e da usurpação contra a democracia, a soberania e a independência do Brasil. O golpe contra o povo brasileiro é também contra a mulher, porque, dentre inúmeras razões do inominável crime, ele o é de ordem misógina.
Trata-se do governo do bárbaro e traidor *mi-shell temer, chefe do bando ilegítimo, pois tratado como pária colonizado e entreguista subalterno pela comunidade internacional, além de ser considerado um fantoche, a liderar uma administração racista, elitista e caninamente obediente à gringada malandra e esperta, que o despreza profundamente, apesar de se aproveitar de sua pusilanimidade e condição de feitor de seus interesses em relação a controlar e tomar conta do patrimônio público e das riquezas do Brasil.
Esta conjuntura amarga e violenta que ocorre no Brasil desses tempos bicudos, evidentemente não se divorcia da questão feminina, porque a mulher está inserida em todos os diferentes e diversos contextos sociais e econômicos e, consequentemente, o golpe de direita atinge duramente a luta da mulher por direitos civis e igualdades de oportunidades, bem como, indelevelmente, desrespeita a sua condição de cidadã brasileira, como ocorreu tragicamente com a vereadora Marielle Franco.
A ativista negra levada a holocausto por assassinos sanguinários, que tiveram espaço para cometer feroz e indescritível covardia, porque crime inominável, pois de essência diabólica. A mulher na linha de frente do combate social e escolhida propositalmente para morrer, com a finalidade de os grupos de direitos humanos, de todos os direitos humanos, inclusive o direito de os brasileiros poderem falar, contestar e reivindicar fique restrito a se calar, pois tempo de golpistas e usurpadores a ocupar ilegitimamente o poder. Ponto.
Portanto, o dia 8 de março está envolto, além de homenagens mais do que merecidas às mulheres, que são mães, esposas, irmãs, filhas e amigas, e, neste caso especial, as que estão presentes nas frentes das batalhas, porque mulheres de fibra e coragem, que demonstram diariamente o empenho e a dedicação para que possamos conquistar uma sociedade irmanada em justiça, igualdade, paz, solidariedade e democracia.
O apelo publicitário empurra a data de luta das mulheres para as festividades e até mesmo para intenções de manipulação por parte das mídias pertencentes aos magnatas bilionários de imprensa, notadamente a Globo, responsável maior pelo golpe do impeachment e pelo ódio latente nas ruas e nas redes sociais, em todos os lugares, pois do ódio a Globo é a principal propagadora. A morte de Marielle Franco está, sem sombra de dúvida, na conta incomensurável da Globo, a ser mais um de seus incontáveis pecados contra o Brasil e o povo brasileiro, desde o ano de 1925, quando o jornal O Globo foi fundado.
A Globo manipula e tenta "abraçar" até o que não lhe pertence, e o pensamento político e os atos e ações sociais de Marielle, definitivamente, não pertencem à Globo e aos órgãos de hegemonia de toda a imprensa privada e de mercado, pois irreversivelmente contrários aos interesses do status quo, e o Grupo Globo é o próprio status quo — o porta-voz no Brasil do establishment internacional dominado pelos Estados Unidos. A Globo é um dos tentáculos do polvo norte-americano na América Latina. Ponto.
A tentativa da Globo de se apropriar do assassinato brutal de Marielle é a forma de tentar esvaziar, sutilmente, a realidade dura das mulheres que lutam por espaço político, social, empregatício e econômico. Mulheres pobres, geralmente negras e fadadas a ficar eternamente em senzalas, que são as favelas, a serem vítimas de todo tipo de violência, a começar pelo racismo, além de serem exploradas até a exaustão em seus trabalhos, quando trabalham, porque o desemprego é enorme para todos os brasileiros, mas principalmente para as mulheres, sendo que com mais gravidade para as mulheres negras.
A Globo é um escárnio e despropósito de tal magnitude que acredito, sem vacilar e ter dúvida, que ela é a maior responsável pelo atraso e o retrocesso história do Brasil. Com a Globo, o País jamais terá paz para se desenvolver e ser independente, apesar de existir outros grupos econômicos e políticos que desprezam o Brasil e odeiam seu povo.
Porém, a homenagem às mulheres é antes de tudo um alerta, com o propósito de combater a discriminação, o preconceito e as injustiças, que teimam em atingir o gênero feminino, como uma forma de a sociedade machista manter a hegemonia para o todo e sempre, como se as mulheres não fossem capazes de assumir a importância que têm perante as sociedades das quais elas fazem parte e sempre fizeram.
O dia da mulher se inspira no massacre de 130 operárias em Nova York acontecido em 8 de março de 1857. Elas organizaram uma greve com o propósito de reivindicar jornada de trabalho de dez horas diárias (trabalhavam 16 horas), melhores salários (recebiam um terço do que os homens ganhavam) e tratamento digno.
As trabalhadoras foram trancafiadas dentro da fábrica pelos seguranças, a mando dos patrões com o apoio da polícia, ou seja, do Estado. A fábrica foi incendiada, fato este que se transformou em grande comoção popular, com as ruas em protestos a serem ocupadas.
Por sua vez, se o martírio das operárias completou 161 anos, no dia 8 de março, a data somente foi escolhida como data comemorativa em 1910, bem como reconhecida pela ONU apenas em 1975, o que denota que as conquistas femininas não foram tão rápidas e concedidas pelo poder estabelecido (establishment) como pensam, equivocadamente, muitas pessoas. O direito ao voto feminino, por exemplo, só foi conquistado pelas mulheres no Brasil em 1932, no Governo do presidente trabalhista Getúlio Vargas, 60 anos após as primeiras mulheres a votar no mundo ocidental, que foram as suecas.
Foram muitas as conquistas, especialmente nas últimas décadas. Das mulheres que não podiam se expressar e sequer eram contadas pelos censos demográficos, verificamos hoje uma participação efetiva em toda a sociedade: direitos trabalhistas muito mais consolidados do que na época pré-getulista, apesar dos retrocessos graves e perversos nessa área no governo do golpista *mi-shell temer, além do acesso à educação, com presença maior das mulheres do que os homens nas escolas e na universidades, bem como mais respeito dentro de casa, apesar de muitas mulheres ainda serem vítimas de violência por parte de seus parceiros de vida, realidade atroz e que tem de ser severamente combatida pela sociedade e pelo Estado.
Entretanto, a luta ainda precisa continuar. Diversos países ainda mantêm a repressão à mulher, que tem seus direitos civis cerceados, bem como os direitos familiares e sexuais. Não votam, não estudam e não tem direito à opinião e às decisões familiares e de âmbitos políticos, sociais e econômicos. Em alguns países, as mulheres têm seus órgãos genitais mutilados, como pretensa inibição à prostituição, quando a verdade se trata de uma forma de submeter a mulher a um processo de subserviência social e anulação política de sua própria existência como ser progenitor. Trata-se do domínio total do macho sobre a fêmea no que concerne à sua identidade como ser social feminino.
Como se a prostituição fosse apenas resumida a apenas uma questão sexual, quando, na verdade, é uma questão de foro íntimo, econômico, financeiro, de valores e princípios e até mesmo de necessidade, afinal no globo terrestre milhões e milhões de mulheres não têm acesso nem mesmo à coleta de lixo, ao saneamento básico, à segurança alimentar e à água potável, quanto mais ao apoio governamental e de entidades civis, que em muitos países têm enormes dificuldades para entrar e realizar trabalhos que restituem a humanidade da mulher e seu desenvolvimento como ser humano.
Trata-se de direitos inalienáveis e que jamais deveriam ser colocados como questões negociáveis por parte do establishment político e econômico. O mundo é para todos. Não apenas para alguns, no que que tange à população mundial e, especificamente, a brasileira.
Todos seres humanos têm o direito de viver dignamente, bem como ter acesso a uma vida de melhor qualidade. Não se pode esquecer que somos mortais: o rico e o pobre; o negro e o branco, independente de posições políticas, ideológicas, religiosas, de origem e classe social.
Sábios e pensadores dos maiores e mais importantes de todos os tempos, dentre eles Jesus Cristo, ensinaram sobre essas questões tão importantes para se ter paz e contentamento, mas o problema da humanidade e de quem controla o poder é colocá-las em prática. Tolos e egoístas citam, rotineiramente, os sábios, mas por vaidade e jamais por generosidade e sinceridade. Não acreditam, apenas querem se dar bem...
Além disso, em alguns países ainda são impostas regras desumanas para as mulheres, entre as quais a pena de morte por desonra. Tudo isto, por incrível que pareça, em pleno século XXI do terceiro milênio.
No Brasil hipocritamente "liberal", principalmente nas festas de carnaval e nas micaretas de norte a sul presenciadas por coxinhas e ao mesmo tempo convenientemente País conservador quando se trata de concentrar renda e riqueza, há um caminho longo para que as mulheres possam conquistar: igualdade salarial, maior participação na política e garantias e respeito dentro das famílias e no trabalho. São muitas as mulheres que ainda são vítimas de assédio moral, violência física, inclusive sexual, de um machismo ainda resistente, que não tolera a liberdade feminina de ir e vir, bem como crescer na vida e se tornar independente.
As mulheres no Brasil são ainda vítimas de assassinatos, estupros e espancamentos, de forma comum e ordinária, sendo que geralmente os agressores e criminosos são homens próximos delas, a exemplo de maridos, namorados, padrastos, parentes, amigos e colegas de trabalho. O algoz da mulher geralmente se trata de um conhecido, o que causa muita dor e desilusão, porque a confiança o é, irremediavelmente, quebrada.
Como a mulher contemporânea participa com mais ênfase e constância de todos os setores e segmentos das sociedades modernas, evidentemente que um desses campos é onde vicejam as mulheres que militam e lutam por causas que melhorem as condições de vida de parcela da humanidade que, demograficamente, é maioria no mundo.
Por isto que a luta da mulher têm de ser diuturna e sistemática, de forma que ela seja, definitivamente, reconhecida pela outra metade da humanidade, a dos homens, como um ser importante em todos segmentos da sociedade, pois produtivo, inteligente, e que, seguramente, será eternamente o contraponto essencial em um mundo dominado pelo pensamento masculino, no que é relativo às diferentes esferas de decisão e de poder. As mulheres têm de ser ouvidas e se fazerem ouvir.
Hoje, por causa de décadas de lutas, é possível encontrar a figura da mulher nas diversas atividades profissionais. O forte sexo feminino está a deixar rastros de competência e sucesso na trajetória de lutas e conquistas. O empoderamento da mulher significa a liberdade do homem, que se tornará um ser mais completo e sábio.
Todos esses relatos e exemplos constroem com honras a história de lutas e conquistas da mulher, que aponta para apenas uma única direção: a de que o lugar de mulher é, sim, em todos os lugares, aonde ela quiser ir, trabalhar e escolher o que desejar fazer, como um ser social e independente, a construir uma sociedade justa, igualitária e democrática ao lado do seu parceiro eterno — o homem.
Nada é dissociado ou divorciado da conjuntura política e social de um país ou de determinada sociedade. Quando grupos sociais são relegados a um segundo plano ou são oprimidos e reprimidos pelos governos é porque a sociedade, arbitrariamente ou veladamente, torna-se cúmplice de seus crimes, de sua política, que se baseia no apartheid social. É o que acontece com todas as minorias, inclusive a que está inserida a mulher, apesar de sua maioria populacional. Mulher independente e livre significa o homem e a sociedade livres e independentes. É isso aí.
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