Mourão, o indemissível, é acusado de delírio

Jornalista Moisés Mendes diz que o "delírio" de Mourão está ligado à proposta de expropriar terras submetidas a queimadas e desmatamentos ilegais. "Mourão, mesmo indemissível, não mantém por muito tempo o que diz, quando há discordâncias claras com Bolsonaro", avalia Mendes

(Foto: ABr)


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Por Moisés Mendes, para o Jornalistas pela Democracia

É comovente o esforço do general Hamilton Mourão para ser mais vice-presidente do que assessor de luxo de Ricardo Salles no governo. E foi para Mourão que Bolsonaro mandou mais um recado hoje, agora acusando-o de cometer delírios.

Mourão estaria delirando por causa da proposta de expropriar terras submetidas a queimadas e desmatamentos ilegais e também as invadidas por grilagem.

O delírio é oficial, está em documento que o Conselho Nacional da Amazônia pretende levar adiante. E o conselho é presidido pelo vice-presidente.

Bolsonaro irritou-se com o projeto que pode virar lei, ao ficar sabendo da ideia por reportagem do Estadão. Deve ter sido a primeira notícia que levaram ao sujeito hoje cedo.

Mexeram com a boiada de Ricardo Salles e Tereza Cristina, e Bolsonaro reagiu assim, no cercado do Alvorada:

“Eu vi essa matéria do Estadão, hoje. Ou é mais uma mentira ou alguém deslumbrado do governo resolveu plantar essa notícia aqui. A propriedade privada é sagrada. Não existe nenhuma hipótese nesse sentido. E, se alguém levantar isso aí, eu simplesmente demito do governo, a não ser que essa pessoa seja indemissível”.

Era um recado claro para Mourão, o indemissível. Complica-se a situação do vice que, com o poder da farda, mesmo na reserva, deveria inspirar confiança nos atos de uma pretensa defesa da Amazônia.

Mourão ainda não fez nada que Salles, o imexível, não queira, porque talvez não possa fazer. Tenta ter alguma autonomia, avançando e recuando, como se testasse seu poder num contexto delicado para ele e todos os militares.

Dos generais, Mourão é o único que tem falado. Os outros se recolheram desde a declaração de Bolsonaro de que poderia reagir com pólvora à advertência de Joe Biden sobre as retaliações econômicas dos Estados Unidos à destruição da Amazônia.

Os generais não falam mais nem sobre amenidades. Nem os que foram dispensados dizem alguma coisa, e o silêncio é a manifestação mais retumbante de resignação e obediência.

Uma exceção é o sempre falante general Santos Cruz, que reagiu com força, nas redes sociais, à comemoração de Bolsonaro como vencedor da guerra da vacina contra Doria Júnior, quando da decisão da Anvisa de suspender os testes com a vacina chinesa.

Santos Cruz escreveu: “O trato tem de ser técnico e dentro da lei. Fora disso é irresponsabilidade, falta de noção mínima das obrigações, desrespeito pela saúde dos cidadãos. Vergonha! Sem classificação!”

Os outros militares que Bolsonaro mandou embora, por serem facilmente demissíveis, não dizem nada. Eles não são poucos.

A Folha fez um levantamento e mostrou que são mais do que se pensava: 16 generais do Exército, quatro brigadeiros da Aeronáutica e um almirante da Marinha, todos exonerados de cargos civis no governo.

Mourão, mesmo indemissível, não mantém por muito tempo o que diz, quando há discordâncias claras com Bolsonaro.

No caso da expropriação de terras, a bola agora está com o general. Mourão pode rebater, chutar pra fora do campo e pode até nem ver a bola.

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