Mourão fortalece candidatura ao Senado abrindo a Lula os quartéis
"Mourão aduba o ambiente político para que os militares façam opção semelhante, como fator de fortalecimento da democracia", escreve César Fonseca

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Por César Fonseca
O pendor democrático do vice general Hamilton Mourão vira arma para atrair votos da frente ampla a sua candidatura ao Senado ao destacar que não há por que os militares não concordarem com vitória eleitoral lulista previsível nas pesquisas eleitorais, sabendo que o jogo eleitoral requer votos para construir representação democrática no parlamento.
Se Mourão busca os votos, quando Bolsonaro descarta ele como companheiro para a vice, já que prega, nos bastidores, preferência pelo general Braga para ser seu companheiro de chapa, em tentativa à reeleição, a sorte do ocupante atual do Palácio do Jaburu está lançada.
Não irá, naturalmente, colocar todos os ovos numa cesta eleitoral, apenas; vai jogar confete na candidatura Lula, defendendo seu direito de disputar, tomar posse e governar, se, devidamente, consagrado nas urnas, pedestal do processo democrático.
Cria fato político novo opção de Mourão ao pronunciar-se, previamente, pela completa legalidade de Lula na disputa eleitoral, algo contestado por ele, na eleição passada, quando abraçou o bolsonarismo e o instrumento que o alçou à presidência, ou seja, a Operação Lava Jato.
Aduba o ambiente político para que os militares façam opção semelhante, como fator de fortalecimento da democracia; o vice, direta ou indiretamente, avaliza, com seu gesto de candidato, a candidatura Lula, imunizando de rancores de eventuais quarteladas.
Pragmaticamente, estaria o candidato petista propenso ou não a aceitar como positivas e alvissareiras as afirmações do general, remunerando-as, politicamente, em simpatia a candidatura dele ao Senado?
Faria ou não parte do jogo lulista de conquistar, desde já, apoio militar democrático ao seu eventual governo, na busca de sustentabilidade parlamentar?
POLÍTICA DE MÃO DUPLA
Está, portanto, em cena a construção de uma via política de mão dupla entre o general Mourão e Lula; o vice general garante, ao lançar bases de apoio do meio militar a Lula, o retorno em votos dado por Lula ao gesto de apoio a Mourão; estaria aí configurada ou não uma aliança tácita?
O fato é que as palavras de Mourão desarmam espíritos dos quartéis relativamente à candidatura petista à presidência da República. Pintaria ou não bandeira dissuasória dos meios militares ao candidato do PT?
Para o vice, o retorno de tal investimento político poderia ou não se materializar como vitória previsível dele ao Senado? Por sua vez, como eventual senador eleito, o general se transformaria ou não em interlocutor de futuro eventual presidente petista?
Iniciar-se-ia ou não distensão política entre o PT e os militares, caso as pesquisas eleitorais se confirmem nas urnas, quando o adversário Bolsonaro estaria enfrentando crise econômica, a se aprofundar nos próximos meses, com avanço do desemprego, do arrocho salarial, do subconsumismo e da fome em meio às consequências da guerra em marcha na Ucrânia?
CAOS DA POLÍTICA DE PREÇOS DOS COMBUSTÍVEIS
O panorama sombrio imediato para Bolsonaro, nesse jogo de aproximação Lula-Mourão, seria a sua impotência para enfrentar o principal assunto econômico do momento, aqui e no mundo: o aumento de preços dos derivados de petróleo, proveniente da explosão da guerra,, agravada pela política de preços da Petrobrás prejudicial aos interesses dos consumidores.
A dolarização dos preços, obriga o consumidor a suportar tarifa cotada em dólar, enquanto percebe salário em real em escalada de desvalorização cambial, impulsionando inflação; a deterioração dos termos de troca massacra o poder de compra dos assalariados.
Nesse contexto, se Mourão, politicamente, à cata de votos, criticar a dolarização dos combustíveis, fechando com Lula, que faz crítica semelhante, prometendo, desde já, mudança no cálculo do preço da gasolina e do diesel, rompendo com a paridade de preços de importação(PPI), o prejuízo eleitoral será devastador para Bolsonaro.
Bolsonaro, que está sendo pressionado a deixar a política atual como está, ou seja, favorável aos acionistas privados da Petrobrás, enquanto o consumidor nacional se prejudica, perderia, simplesmente, a corrida eleitoral.
O presidente se renderia às pressões de Washington, favoráveis à dolarização e à espoliação do trabalhador assalariado, massacrado pela reforma trabalhista neoliberal, como defende, hoje, O Globo, porta-voz do Império e suas aliadas petroleiras, ou virará a mesa?
Se não virar, persistindo a política de preços antipopular da Petrobras, a vantagem de Lula aumenta e, consequentemente, também, a do general Mourão, que, inusitadamente, sobe na garupa lulista, cotada para chegar em primeiro lugar.
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