Morticínio programado nas ruas

"Os governos federal, estadual e municipal serão responsabilizados criminalmente se não tomarem providências urgentes para salvar vidas humanas e evitar esta catástrofe que já começa deixar cheiro de morte nas ruas", escreve o colunista Jeferson Miola sobre a falta de ações contra a pandemia junto à população que vive nas ruas

Lojas fechadas em tempo de quarentena
Lojas fechadas em tempo de quarentena (Foto: Ricardo Stuckert)


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Ao imenso contingente de pessoas desassistidas e em situação de rua antes da pandemia do coronavírus, se incorporaram novas levas de empobrecidos [os “empreendedores”], que passaram a viver de mendicância nas ruas, ou que passaram a viver diretamente em situação de rua.

Este fenômeno está acontecendo no momento crítico em Porto Alegre. O outono de noites frias coincide com a trajetória de propagação ascendente do COVID-19: doenças respiratórias e perdas de imunidades deverão se cruzar com o coronavírus.

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Estas pessoas, já debilitadas e fragilizadas, ficam expostas a agravos ainda piores. A ameaça de morte para este público, portanto, é bastante real e consideravelmente maior.

É assombroso como os meios de comunicação edulcoram, musicam e poetizam a vida da classe média branca em quarentena, mas deixam invisível a realidade trágica das pessoas em situação de rua e da maioria que vive em situações hostis nas vilas e periferias da cidade.

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A abordagem a pessoas em situação de rua, quando feita pela Prefeitura ou por entidades conveniadas com o governo municipal, está longe de significar solução efetiva.

São negligenciadas as demandas concretas e mais vitais para estas pessoas, como a renda mínima, o aluguel social, a alimentação diária, o acesso a meios de higiene, a remédios etc.

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Não fossem as iniciativas solidárias de pessoas físicas, cidadãos, cidadãs ou de organizações e movimentos sociais que criam dispositivos de ajuda e proteção social independentemente destes governos insensíveis, esta barbárie seria ainda pior.

Somam-se a este abandono do governo municipal as barreiras intencionais, sórdidas, impostas pelo governo federal para o pagamento de renda mínima de R$ 600.

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O ministério do Onyx Lorenzoni desmontou toda rede de assistência social do país, que poderia viabilizar com rapidez a chegada do auxílio nas mãos de quem precisa e, em lugar dessa rede capilar eficiente, exige o cadastramento para a renda mínima via aplicativo de internet!!

O Onyx Caixa2 faz esta escolha esdrúxula não só porque é um imbecil que tem idéias de jerico, mas porque exterminar esta população faz parte do plano genocida do governo Bolsonaro.

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Acrescente-se, ainda, outra crueldade: o governo Bolsonaro não tem um cronograma de pagamento imediato dos 600 reais. Aliás, há quem duvide se este público vulnerável será beneficiado. E, se algum dia este dinheiro chegar às mãos destas pessoas, poderá acontecer depois delas já terem sido mortas pelo abandono e pela negligência estatal.

Por outro lado, os governos do Município e do Estado cruzam os braços e não concedem auxílio financeiro complementar.

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Há um morticínio programado, que começa com o extermínio dos pobres mais descartáveis do capitalismo.

A oligarquia sanguessuga não tem o direito de continuar saqueando e pilhando o país com os projetos anti-povo e anti-nação que está aprovando no Congresso sob o pretexto da pandemia do COVID-19 [aqui], enquanto o povo pobre é abandonado.

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Os governos federal, estadual e municipal serão responsabilizados criminalmente se não tomarem providências urgentes para salvar vidas humanas e evitar esta catástrofe que já começa deixar cheiro de morte nas ruas.

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