Morte trágica de Campos torna Marina candidata natural do PSB
Neste momento, o que há para dizer é que o Brasil perde um político jovem e promissor, que, independentemente de preferências políticas, recebeu enorme aprovação em seu Estado natal
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Há pouco que dizer sobre a morte trágica, prematura e desoladora de Eduardo Campos em um desastre aéreo em Santos, no litoral paulista.
Neste momento, o que há para dizer é que o Brasil perde um político jovem e promissor, que, independentemente de preferências políticas, recebeu enorme aprovação em seu Estado natal.
O mais espantoso nesse caso é que a maré de azar do candidato começou na noite anterior, quando foi literalmente esmagado pelos âncoras do Jornal Nacional na série de entrevistas que o telejornal vem promovendo com candidatos a presidente.
Sobre a influência dessa tragédia na sucessão presidencial, é muito clara. Chegou a haver dúvida sobre se o candidato do PSB seria Marina Silva ou Eduardo. Com a morte deste, ela assume o posto.
Disso, há poucas dúvidas.
Este Blog lamenta profundamente a morte prematura de um homem público que, por mais que se discordasse dele, contribuiria para aprofundar os debates sobre o país.
Que Eduardo Campos descanse em paz.
Atualização
Saiu no portal do jornal O Globo
“Antônio Campos, irmão de Eduardo Campos, em conversas com dirigentes do partido, defendeu nesta quarta-feira que a candidata a vice na chapa, Marina Silva (Rede Sustentabilidade), substitua Eduardo Campos na disputa pela Presidência da República (…)”
Entrevista de Dilma ao JN será diferente das de Aécio e Eduardo
Com a morte de Eduardo Campos, dificilmente ocorrerá nesta quarta-feira (13) a entrevista de Dilma Rousseff ao Jornal Nacional. Contudo, a entrevista ocorrerá, cedo ou tarde. Desse modo, vale especular sobre como será.
Nas duas primeiras entrevistas dos principais candidatos a presidente que o Jornal Nacional começou a apresentar a partir de segunda-feira (11 de agosto), o que se viu foi uma escalada de “dureza” dos “âncoras” William Bonner e Patrícia Poeta.
Alguns se surpreenderam com perguntinhas pretensamente “duras” que Bonner e Poeta fizeram a Aécio Neves, como se fosse possível entrevistá-lo sem perguntar do “aécioporto”. O tucano, porém, tirou de letra. Disse que não era nada disso e os inquiridores se deram por satisfeitos.
Com Eduardo Campos, o “casal nacional” pegou muito mais pesado. Apertou o candidato ao ponto de ele ter fechado a cara e ficado monossilábico quando Bonner o questionou, pela terceira vez em minutos, sobre suas gestões para conseguir para a mãe uma vaga como ministra no Tribunal de Contas da União.
Sobre Campos, vale dizer que a entrevista expôs toda a sua fragilidade. Poeta expôs bem as contradições de suas promessas, que envolvem reduzir drasticamente a inflação enquanto aumentam gastos, o que é matematicamente impossível.
Pela lógica, o nível de dureza dos questionamentos deve continuar aumentando. O recém-criado manchetômetro da Universidade Federal do Rio do Janeiro revelou que, ao longo de 2014, Dilma vem apanhando sem parar da mídia enquanto Aécio e Eduardo são poupados.
Todavia, por incrível que pareça a situação de Dilma é muito mais confortável que as dos adversários. A menos que o JN faça alguma “denúncia” nova durante a entrevista, não será perguntado nada a Dilma que já não tenha sido fartamente “noticiado”.
O busílis da questão, por óbvio, reside no desempenho da presidente. Contudo, ainda seguindo a lógica a presidente deveria estar ansiosa por essa entrevista, pois lhe dará oportunidade de desmontar todas as farsas que a mídia construiu sobre a economia.
Não haverá questões “éticas” pesando sobre Dilma – até hoje, ninguém pôde acusá-la de “nepotismo” ou de usar dinheiro público para benefício pessoal, à diferença, respectivamente, de Eduardo e Aécio nos casos da mãe de um e do aeroporto do outro.
Claro que a presidente será perguntada sobre o mensalão, mas essa história já deu o que tinha que dar e ninguém irá dar muita bola. Mas sobre seu próprio comportamento, pelo menos até 13 de agosto de 2014 antes da entrevista do JN, não surgiu nada.
Mas por que Dilma deveria ansiar pelo espaço dado pelo JN? Porque ela pode pôr a mídia numa saia justa.
Onde está o tão anunciado racionamento de energia elétrica? Dilma pode dizer que racionamento mesmo só há em São Paulo, citando, inclusive, manchetes dos jornalões, de preferência recitando as manchetes entre aspas e os dias em que foram veiculadas.
Onde está o “derretimento” dos empregos ditos por Eduardo na terça? Dilma vai perder a oportunidade de dizer que temos hoje o desemprego mais baixo da história e que se há derretimento só pode ser de vergonha na cara de quem tenta enganar o povo?
Onde está a crise inflacionária com a inflação caindo há meses?
Onde está o aumento de energia elétrica se, até este momento, só o que se tem é redução da tarifa. Dilma perderá a chance de dizer que sem ter reduzido o preço da energia, se não chovesse haveria aumento do mesmo jeito e as pessoas pagariam muito mais?
Dilma perderá a chance de dizer que se a Petrobrás está endividada é porque está investindo para explorar o pré-sal e que as reservas dos novos campos de petróleo já permitem extração de mais de 500 mil barris por dia?
Será que a presidente não vai explorar que Aécio, no mesmo JN, fugiu de explicar quais são as medidas impopulares que anuncia?
Dilma terá a chance de lembrar, uma a uma, todas as previsões furadas sobre economia feitas pela mídia nos últimos anos. Por exemplo, pode lembrar quantas vezes essa mesma mídia previu alta do desemprego. Se tiver pesquisado bem, achará inúmeros episódios.
Não se descarta a chance de a presidente dar uma de Seleção brasileira e “panicar”, mesmo tendo tudo a seu favor. Contudo, na sabatina do UOL ela se manteve relaxada, apesar de não ter sido boa oradora. Se contornar esse problema, ganhará muito com a entrevista.
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