Moro quer reciclar lixo bolsonarista para conquistar eleitor da direita

"No momento, Moro esquenta o banco de reservas, mas a burguesia e o império do Norte estão de olho no seu desempenho", escreve o colunista Milton Alves

(Foto: Reprodução/Twitter)


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Após a filiação de Sergio Moro, ex-juiz e ex-ministro da Justiça do governo Bolsonaro, ao Podemos nessa semana, uma guerra feia e suja foi desatada entre as facções lavajatistas e bolsonaristas, que compartilham dos mesmos ideários e valores políticos conservadores: ultraliberais na economia e autoritários no terreno político e na gestão da máquina estatal. Para usar uma imagem: E como se fosse uma luta no gel entre os generais Heleno, bolsonarista raiz, e Santos Cruz — um fanático lavajatista.

O projeto eleitoral do partido lavajatista para se viabilizar necessita avançar sobre uma expressiva fatia do eleitorado do presidente Jair Bolsonaro. Os primeiros sinais dessa guerra foram verificados no decorrer da semana. E promete muita troca de chumbo grosso nos próximos meses.

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No evento de filiação em Brasília promovido pelo Podemos, Sergio Moro lançou as bases de sua mensagem política, um discurso que resgatou as velhas bandeiras da campanha bolsonarista e abandonadas pelo presidente Jair Bolsonaro no governo. É o mais do mais mesmo do lixo da extrema direita — autoritarismo, agenda neoliberal e salvacionismo. Moro tenta reciclar o bolsonarismo, com as tinturas moralistas da Lava Jato.

Moro e sua turma apostam no definhamento do apoio do eleitor de direita e extrema direita ao presidente Bolsonaro. O cálculo considera que o casamento político com o Centrão, o abandono da pauta anticorrupção e as dificuldades econômicas podem provocar a fuga do eleitor conservador em direção ao ex-juiz.

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A aposta de Moro precisa convencer também os segmentos do andar de cima que estão velozes e furiosos para arrancar o máximo de ganhos, que atuam na rapina sem precedentes do orçamento nacional via especulação financeira e a ciranda lucrativa com os títulos do tesouro nacional.

Para essa gente pragmática e voraz, a pregação moralista e salvacionista da Lava Jato é apenas um verniz, boa como bandeira de campanha, mas que não ajuda quando da conquista do governo.

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A candidatura de Sergio Moro para se firmar precisa avançar sobre o eleitorado bolsonarista, é o primeiro e principal desafio do candidato do Podemos — o que vai exigir de Moro um duro enfrentamento nos próximos meses contra as resilientes legiões de Bolsonaro.

É verdade que o baronato da velha mídia, principalmente a Rede Globo, Veja e a Folha de São Paulo, ficou animado com o lançamento de Moro, que engrossa a fila de candidatos no vestibular da 3ª via — que padece até o momento de um acentuado raquitismo eleitoral.

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Em seu discurso, Moro caprichou na pegada autoritária e salvacionista. Apresentou a ideia de um novo tribunal, uma tal “Corte Nacional Anticorrupção”, um verdadeiro tribunal de exceção — uma proposta que atropela o atual ordenamento do Poder do Judiciário do país, integrado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) e Superior Tribunal de Justiça (STJ). Ou seja, a criação de um órgão de tipo especial, uma justiça de exceção, tão ao gosto dos instintos neofascistas do lavajatismo.

Moro prometeu também mais “segurança”, “leis mais duras”, “repressão policial”, “combate ao crime”. Uma cantilena conhecida da extrema direita e que sabemos muito bem na prática o seu resultado e destinação: criminalização da pobreza e políticas repressivas de segurança contra as demandas sociais e os movimentos populares.

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Para combater a pobreza generalizada, Moro sugeriu a criação de grupos baseados nos métodos de uma força-tarefa. Uma sugestão sem pé nem cabeça da turma da Lava Jato. Ao invés de robustos programas sociais, políticas de recuperação salarial e forte investimento do Estado para fomentar a retomada econômica, o candidato do Podemos pretende confinar e invisibilizar a população mais pobre.

O lavajatismo é uma expressão criminosa e perversa de setores da classe dominante, que opera no terreno da disputa política com uma mentalidade autoritária -- antidemocrática e antinacional.

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A candidatura de Sergio Moro pretende reciclar o lixo bolsonarista para conquistar o eleitorado da extrema direita, conservador, e, com isso, se viabilizar como o candidato da chamada 3ª via — nome fantasia dos velhos partidos e lideranças da direita neoliberal.

No momento, Moro esquenta o banco de reservas, mas a burguesia e o império do Norte estão de olho no seu desempenho. Até pagam profissionais especializados para que ele aprenda a falar como um presidenciável.

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