Moro e o paraíso das milícias
"Com Moro no comando da Gestapo – a PF convertida em polícia política do Estado Policial –, as milícias alcançaram a utopia de viver num verdadeiro paraíso no qual podem desenvolver tranquilamente seus negócios ilícitos, dominar mercados e territórios, controlar nacos de partidos políticos, assassinar inimigos e, de lambuja, ocupar o coração do poder no Brasil", escreve Jeferson Miola
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A Polícia Federal, controlada e aparelhada por Sérgio Moro, conseguiu uma proeza impossível de ser superada.
Apesar do aumento fantástico do patrimônio de Flávio Bolsonaro sem comprovação legal, a Polícia de Moro não encontrou indícios de crimes de lavagem de dinheiro e falsidade ideológica no inquérito que investiga as “rachadinhas” dele com Fabrício Queiroz mais a mãe e a esposa do miliciano Adriano Magalhães da Nóbrega.
Em outro inquérito que investiga estas mesmas suspeitas, entretanto, o Ministério Público do RJ identificou indícios de que Flávio Bolsonaro e parceiros praticaram crimes de peculato, ocultação de patrimônio e organização criminosa.
Para o MP, diferentemente da PF, Flávio Bolsonaro “lavou até R$ 2,3 milhões com transações imobiliárias e com sua loja de chocolates”.
Conforme reportagem da Folha de São Paulo, “no inquérito em andamento o Ministério Público disse ter encontrado suspeitas de que o senador usou recursos em espécie na compra de apartamentos com o objetivo de lavar dinheiro da ‘rachadinha’ da Assembleia Legislativa”.
O MP do RJ suspeita, inclusive, que os valores dos imóveis registrados por Flávio nos cartórios não sejam verdadeiros.
A reportagem da Folha diz que “Na investigação da PF, porém, não foram apontados indícios nesse sentido”, e lembra ainda que “Flávio entrou na política com um Gol 1.0, em 2002 e, 15 anos depois, quando se candidatou ao Senado, tinha 2 apartamentos e 1 sala que, segundo a prefeitura, valem R$ 4 milhões. Ele realizou operações envolvendo 19 imóveis”.
Como esperado, Flávio Bolsonaro celebrou o simulacro de investigação da Polícia do Moro: “quando a investigação é isenta, só tem esse resultado possível” [sic].
No último 31 de janeiro, Moro já advogara em favor do entorno do clã. Ele excluiu o miliciano foragido Adriano Magalhães da Nóbrega, chefe do Escritório do Crime – milícia de matadores de aluguel suspeita de envolvimento no assassinato da Marielle e Anderson – da lista dos bandidos mais procurados do país.
Adriano da Nóbrega é também acusado de, em agosto de 2019, ter ameaçado de morte Simone Sibílio, promotora do MP do Rio de Janeiro que integra a equipe de investigação do assassinato de Marielle.
Antes disso, no final de dezembro, Moro cometeu crime de responsabilidade ao não assumir a investigação, como manda a Lei Antiterrorismo, e deixar fugir do país o terrorista e militante bolsonarista Eduardo Fauzi, que em 24 de dezembro de 2019 perpetrou atentado a bombas contra a sede do Porta dos Fundos [ler aqui a respeito].
Nem nos melhores sonhos as milícias conseguiriam idealizar um paraíso político e, sobretudo, institucional, tão favorável para sua atuação como sob o bolsonarismo.
Com Moro no comando da Gestapo – a PF convertida em polícia política do Estado Policial –, as milícias alcançaram a utopia de viver num verdadeiro paraíso no qual podem desenvolver tranquilamente seus negócios ilícitos, dominar mercados e territórios, controlar nacos de partidos políticos, assassinar inimigos e, de lambuja, ocupar o coração do poder no Brasil.
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