Moro dedicou mais da metade da carreira à perseguição a Lula
Durante 13 dos 22 anos de sua carreira Sérgio Moro perseguiu o ex-presidente Lula de maneira obcecada; essa obsessão é "a expressão de uma militância política engajada, messiânica, dedicada à viabilização de um projeto de poder da extrema-direita", escreve o colunista Jeferson Miola
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Sérgio Moro permaneceu na carreira de juiz federal por 22 anos, de 1996 a novembro de 2018. Desses 22 anos, dedicou mais da metade do tempo na perseguição a Lula.
De 2005 até o último dia no cargo de juiz da 13ª Vara de Curitiba – durante, portanto, 13 dos 22 anos de carreira – Moro não se descuidou de nenhum detalhe concernente ao objetivo primordial da sua vida.
Antes de se exonerar em novembro/2018, Moro deixou a 2ª sentença de condenação seriada do Lula pronta e escrita para Gabriela Hardt, sua substituta provisória. Ela apenas teve o trabalho de copiar o texto, colá-lo num arquivo com outro nome e assinar o documento [aqui].
A perseguição obcecada a Lula, que poderia ser entendida como um distúrbio comportamental ou uma obsessão doentia do Moro, na realidade é a expressão de uma militância política engajada, messiânica, dedicada à viabilização de um projeto de poder da extrema-direita.
Não se pode, evidentemente, descartar a hipótese de um quadro híbrido, que mescla componentes patológicos com tenacidade ideológica.
Somente uma perícia especializada pode confirmar diagnósticos. Entretanto, a reação fria e sociopata do Moro diante das provas aterradoras reveladas pelo Intercept, indica tratar-se de um personagem “complexo”, narcísico; impositivo e, que, ao mesmo tempo, demonstra ambição desmensurada pelo poder.
Em 7 de dezembro de 2018 publiquei artigo mostrando que Moro começou a arquitetar o plano para prender Lula ainda em 2005 [aqui], quando trabalhava como juiz auxiliar da ministra do STF Rosa Weber no chamado “mensalão”.
Essa informação do “Plano Moro” foi extraída da entrevista de Onyx Lorenzoni à Globo News [a partir do minuto 6:50], na qual o colega de ministério do Moro explica que na época da CPI do chamado “mensalão”, ele pediu sugestões [?!] ao então juiz de Curitiba. Onyx relata que
“aí ele [Moro] trouxe 1 série de contribuições e duas muito relevantes, que o pessoal de casa vai entender agora: a primeira que ele pediu, em 2005, foi a atualização da Lei de delação premiada, que levou 7 anos pra fazer. A outra, a transformação do crime de lavagem de dinheiro de crime acessório para crime principal”.
À continuação da entrevista, Onyx esclareceu que a partir das “contribuições” do Moro, os obstáculos e dificuldades que em 2005 impediram que Lula fosse atingido na armação do chamado “mensalão”, foram removidos ao longo do tempo. E então eles finalmente puderam “chegar” no Lula no chamado “petrolão”, conforme se regojiza Onyx:
“Os 2 fatores – a lavagem de dinheiro como crime principal, e a revisão da lei de delação premiada – foram a diferença entre no ‘mensalão’ não ter chego [sic] no Lula, e no ‘petrolão’ ter chegado no Lula”.
As revelações do Intercept comprovam documentalmente e materialmente a farsa da aliança Globo-Lava Jato, sob a liderança de Sérgio Moro, para derrubar Dilma, instalar o regime de exceção e, num contexto de arbítrios, atropelos e ilegalidades, condenar e prender Lula para tirá-lo da eleição que venceria com facilidade e contra qualquer candidato – e já no 1º turno de outubro de 2018.
A revelação de Onyx, de outra parte, põe a nu “a estratégia política e partidária montada pelo Moro para levar a efeito o plano de perseguição e de prisão de Lula, arquitetado muito tempo atrás” [meu artigo citado acima].
Os abusos cometidos pelo Partido da Lava Jato contra Lula, mundialmente repudiados, alcançaram o objetivo; porém, ao preço da destruição do Estado de Direito, da soberania do país e da extinção dos direitos e das conquistas civilizatórias do povo brasileiro.
Moro não mediu esforços na cruzada para interditar Lula politicamente e instalar um governo de extrema-direita. Ele aparelhou o judiciário e articulou ativamente com parcela da imprensa uma narrativa de condenação a Lula.
É claro como a luz do sol que Moro, como juiz, não teve isenção e imparcialidade. Ele subverteu o ordenamento jurídico-legal para concretizar interesses políticos de um grupo ultra-reacionário e de extrema-direita.
Moro foi certeiro no alvo. Ele centrou todo arsenal de guerra contra Lula, a única pessoa que poderia estorvar seus planos e impedir sua trajetória rumo ao poder.
Moro, contudo, foi descoberto e está desmoralizado. Considerando a gravidade dos crimes cometidos, de conspiração e traição; e de atentado à Constituição e ao Estado de Direito, seu destino não poderá ser outro que não aquele que ele injustamente, como um Soberano totalitário, impôs aos seus inimigos políticos: a prisão.
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