Moro começa a perder força

Com as declarações vaidosas de Moro em suas palestras, gabando-se da prisão de figurões do empresariado e da política, percebe-se que ele está mais preocupado em enriquecer o seu currículo do que com o futuro do país. Todo brasileiro entende a necessidade de passar-se o país a limpo, mas não concorda com os métodos da Lava-Jato, que mata o doente para extinguir a doença

Moro começa a perder força
Moro começa a perder força (Foto: Foto: Lula Marques / AGPT)


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O ministro Gilmar Mendes, preocupado com o comportamento de alguns procuradores, advertiu: ou o Supremo Tribunal Federal impõe sua autoridade às instâncias inferiores do Judiciário ou os procuradores da Lava-Jato implantarão uma Suprema Corte em Curitiba. A advertência do ministro foi feita durante o julgamento, pela 2ª. Turma do Supremo, do pedido de liberdade do ex-ministro José Dirceu, preso preventivamente há dois anos por ordem do juiz Sergio Moro. Gilmar criticou a tentativa dos procuradores de pressionarem o STF para manter Dirceu preso, ao apresentarem nova denúncia contra ele precisamente no dia do julgamento do seu pedido de habeas corpus. "Se cedêssemos a essa pressão não seríamos o Supremo", disse o ministro, ao dar o seu voto de minerva que desempatou o placar e assegurou a liberdade do petista.

Os procuradores, à frente Deltan Dallagnol e Carlos Fernando, criticaram e questionaram a decisão da segunda turma da Suprema Corte, uma ousadia impensável até antes da operação Lava-Jato. Pelo visto a fama e a cobertura da Globo tornou-os ousados, ao ponto de acusarem o STF de tentar destruir a própria Lava-Jato. O ministro Gilmar Mendes atribuiu o comportamento dos procuradores ao arroubo e à "inexperiência da juventude", mas já faz algum tempo que eles se atribuem uma importância e poderes que não têm, chegando a propor leis e a rebelar-se publicamente contra decisões do Congresso Nacional. Aparentemente se sentem fortalecidos também pela fama do juiz Sergio Moro, comandante da operação, que virou celebridade, conta com o apoio da mídia e até agora vinha tendo suas decisões confirmadas pela mais alta Corte de Justiça do país. Parece que os pés de barro começam a esfacelar-se.

O juiz Sergio Moro, na verdade, com a fama tornou-se um mau exemplo para a magistratura. Falta-lhe o mais importante requisito exigido para um juiz: isenção. O estrelato, fruto de bem urdida campanha da mídia para destroçar o PT e impedir Lula de voltar ao Planalto, mexeu com o seu ego, nublou-lhe a visão e afetou seu equilíbrio, transformando-o num justiceiro a serviço de interesses políticos. A escandalosa e covarde perseguição ao ex-presidente operário, do conhecimento até da ONU, teve mais um lance vergonhoso com o confisco de bens do seu acervo de presentes, sem nenhuma justificativa convincente ou relação com o combate à corrupção. O Supremo Tribunal Federal fingia não ver os excessos do magistrado de Curitiba, desse modo avalizando por omissão os seus abusos, mas tudo indica que a situação começou a mudar com a decisão que libertou o ex-ministro José Dirceu. Os ventos, que antes sopravam a favor de Moro, estão mudando.

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Tudo leva a crer, no entanto, que Dirceu gozará da liberdade por pouco tempo, porque o Tribunal Regional Federal da 4ª. Região, que vai julgá-lo em segunda instância, depois da decisão do STF deverá antecipar a data do julgamento para condená-lo, como resposta sobretudo ao ministro Gilmar Mendes. O TRF-4, que tem praticamente confirmado todas as decisões do juiz Sergio Moro, é o mesmo que concedeu ao magistrado de Curitiba superpoderes para levar adiante a operação Lava-Jato. Seus membros provavelmente não ficaram satisfeitos com o resultado do julgamento da Suprema Corte e com os comentários de Gilmar, a exemplo dos procuradores. Aliás, o procurador Carlos Fernando parece estar muito seguro da posição do TRF-4, porque disse esperar que o período de liberdade de Dirceu seja muito curto. Prenuncia-se, desse modo, uma guerrinha intestina no Judiciário, de consequências imprevisíveis.

Enquanto isso, com o pretexto de combater a corrupção a Lava-Jato está punindo não apenas os empresários corruptores mas, também, penalizando os trabalhadores, que não tem nenhuma culpa pela ação deletéria dos seus patrões. A indústria naval foi fechada e as empreiteiras, em especial a Odebrecht, estão sendo desmontadas em todo o mundo, lançando na rua milhares de trabalhadores no Brasil e no exterior. Com as declarações vaidosas de Moro em suas palestras, gabando-se da prisão de figurões do empresariado e da política, percebe-se que ele está mais preocupado em enriquecer o seu currículo do que com o futuro do país. Todo brasileiro entende a necessidade de passar-se o país a limpo, mas não concorda com os métodos da Lava-Jato, que mata o doente para extinguir a doença. E mais: não se acaba com a corrupção transformando-se decisões judiciais em ações político-partidárias, atacando apenas os adversários. De qualquer modo, a decisão do STF alimentou a esperança de que as coisas vão mudar, com a restauração da democracia plena. Ficará faltando apenas as eleições diretas para Presidente da República.

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