Moraes descobre a pólvora

O Brasil não está preparado para lidar com os métodos de campanha bolsonarista

Presidente do TSE, Alexandre de Moraes, durante entrevista coletiva em Brasília 02/10/2022
Presidente do TSE, Alexandre de Moraes, durante entrevista coletiva em Brasília 02/10/2022 (Foto: REUTERS/Adriano Machado)


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Paulo Henrique Arantes

O Brasil, entendido como a soma das instituições democráticas que lhe sustentam na condição de República, não está preparado para lidar com os métodos de campanha bolsonarista, o mesmo dos demais expoentes da extrema direita mundial. O ministro Alexandre de Moraes, presidente do Tribunal Superior Eleitoral, disse-se nesta quinta-feira (13) surpreendido com uma “segunda geração” de fake news, calcada em duas vertentes. Assim falou Moraes: “A primeira delas é a manipulação de algumas premissas verdadeiras, que junta várias informações verdadeiras que aconteceram chegando a uma conclusão falsa. A segunda delas é a utilização de mídias tradicionais para se plantar fake news e, a partir disso, as campanhas replicam essas fake news, dizendo que 'isso é uma notícia'".

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Jura? Qual é exatamente a novidade?

Com relação ao primeiro modelito fake, o que o ministro descreveu é a descontextualização de sempre, presente em cinco de cada 10 peças de internet criadas para atacar Lula, como aconteceu para atacar Dilma, como era recorrente na mídia durante toda a Lava Jato e como acontece todo dia, toda hora, em grupos WhatsApp e redes sociais (as outras cinco são mentiras forjadas mesmo, sem qualquer ligação com a realidade). O trabalho de inculcar no gado a tão necessária contextualização dos fatos tem sido a árdua rotina de todos que ainda esperam vencer a eleição mediante argumentos sérios. Luta inglória.

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O segundo modelo fake que Moares percebeu são as falsas notícias plantadas na imprensa. Louve-se, por correta, a fala do ministro: "Não se pode admitir mídia tradicional de aluguel, que faz uma suposta informação jornalística absolutamente fraudulenta para permitir que se replique isso. Esses casos cresceram muito a partir do segundo turno, e devem ser combatidos para garantir a informação de verdade". Mas, referir-se a essa prática como novidade ou ao seu crescimento no segundo turno como algo inesperado revela, no mínimo, certa ingenuidade.

O presidente do TSE tem sido um aliado da democracia e, justamente por isso, uma pedra no sapato de Bolsonaro. Logo na primeira hora à frente da corte, com firmeza, anunciou que fake news não seriam toleradas. De fato, medidas têm sido tomadas para removê-las das plataformas que lhes dão suporte. Mas e daí? O alcance de mentes e corações já foi consumado e o boca-a-boca que se segue não pode ser bloqueado.  Talvez a chave para coibir esse tipo de crime de uma vez por todas seja a punição dos autores e dos disseminadores de modo mais célere. E mais duro, a exemplo da pena imposta nos Estados Unidos ao radialista odiento Alex Jones, de nada menos que 965 milhões de dólares, por negar o assassinato de oito crianças em uma escola de Connecticut.

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O leitor já imaginou Carluxo e seus vassalos na mídia recebendo uma sentença como essa?

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