Missão (quase) impossível: sem Neymar e com arbitragem e mídia contra

Um colunista da grande mídia, aliás, diz até que “Agora o Brasil terá desculpa para perder da Alemanha”. Essa é a mídia que temos. Não é nem mais vira-lata, é apátrida



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Pela lógica, o Brasil passar pela Alemanha deveria ser quase impossível. Apesar da brilhante vitória contra a Colômbia – que calou a boca de uma legião de críticos cegos ou mal-intencionados –, a equipe de Felipão é inexperiente em Copas do Mundo e não contará com o astro Neymar, que participou de metade das jogadas que resultaram em gols.

Como se fosse pouco, provavelmente a Seleção ainda enfrentará outra arbitragem acovardada que irá prejudicá-la como fez em quatro dos cinco jogos da Copa de 2014. E, para completar o grau de dificuldade dessa missão quase impossível, ainda passará os próximos dias sendo triturada por uma mídia que enfiou na cabeça que Dilma só será reeleita se o Brasil for campeão.

O desfalque de Thiago Silva pode ser um problema menor. Apesar de sua boa atuação contra a Colômbia e da dita liderança que exerce no time – que fez dele capitão –, não se pode esquecer do descontrole emocional que demonstrou no jogo contra o Chile e que, em outro momento de grande tensão, poderia ressurgir.

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Ainda assim, Thiago era parte do esquema que Felipão montou. Esquema que terá que ser totalmente redesenhado.

Contudo, esses garotos têm sido brilhantes, na opinião deste blog. Não é pouco o que enfrentaram até aqui, para chegar aonde chegaram. A começar pelos protestos contra a Copa. Ninguém com um mínimo de bom senso pode acreditar que os protestos não afetaram o emocional de uma equipe tão jovem e, até menos de um mês atrás, praticamente virgem em uma competição desse calibre. Muito pelo contrário.

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Os protestos contra a Copa intimidaram a torcida. Pela primeira vez, o Brasil entrava numa Copa sem entusiasmo do país, sem ruas e carros enfeitados. Os garotos de Felipão sabiam que corriam o risco de, jogando em casa, serem vaiados nos estádios.

O desequilíbrio emocional da Seleção era tanto que começou o jogo contra a Croácia sofrendo um desastre inédito em sua história: marcou um gol contra.

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Nessa situação de adversidade extrema, a Seleção virou o primeiro jogo da Copa. E, apesar das acusações ao juiz por ter marcado um pênalti supostamente inexistente, venceu por dois gols de diferença. Ou seja: mesmo sem esse gol dito ilegítimo, teria vencido.

Chega o jogo contra o México. A Seleção passara dias sendo desqualificada pela mídia, que tecia loas aos adversários. Devido ao lance duvidoso do pênalti contra Fred no jogo anterior, espalha-se a teoria maluca de que o governo Dilma Rousseff “comprara” a Copa, ou seja, de que subornara a Fifa e todos os seus juízes.

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Assim, apesar de o Brasil ter pressionado muito o México, o emocional fragilizado da equipe a deixou apática. Neymar começa a ser caçado em campo e a arbitragem não marca mais nada a favor do Brasil.

Isso sem contar a torcida apática que a Seleção teve naquele jogo, apesar de jogar em casa.

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Contra Camarões, a equipe voltou renovada. Jogou bem, goleou. A arbitragem melhora. O Brasil cresce na competição, mas a mídia não perdoa. Uma seleção com um histórico tão positivo em Copas do Mundo quanto é Camarões, na mídia virou um time de várzea. A vitória do Brasil sobre esse adversário foi tratada com frieza, apesar de esta estar sendo a Copa do nivelamento das equipes.

Contra o Chile, adversário de valor que quase parou a forte Holanda, o Brasil jogou bem. Criou as maiores oportunidades de gol. Mesmo assim, empatou no jogo e só venceu nos pênaltis por conta da teoria da “Copa comprada”, que fez o juiz inglês Howard Webb não apitar nada a seu favor e ainda anular um gol que muitos entenderam legítimo.

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Apesar do choque emocional de ir para os pênaltis por ação da arbitragem, a jovem Seleção brasileira se superou de novo graças a um goleiro que teria tudo para fracassar devido ao estigma que carregava desde a Copa anterior. E, claro, aos cobradores de pênalti brasileiros, que superaram os adversários também nesse quesito.

Do jogo contra o Chile para o último, a Seleção deu uma aula aos críticos. Apesar de a mídia brasileira ter passado a semana desqualificando-a, debochando de seu “descontrole” e enchendo a bola colombiana, jogou muito. Só não ganhou por placar mais elástico devido ao segundo cartão amarelo de Thiago Silva e à agressão criminosa a Neymar, que fragilizou o esquema de jogo de Felipão.

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A má vontade e a falta de caráter dos críticos, porém, não conhece limites. A mídia relativiza a brilhante vitória contra a Colômbia destacando que os dois gols brasileiros foram feitos por zagueiros, como que dizendo que quem tem que fazer gols são atacantes.

Muito pelo contrário. O desempenho da Seleção no último jogo foi ainda mais animador e insinua que vencer a Alemanha, apesar de todas as dificuldades, pode não ser tão “impossível”.

Explico: apesar da grande participação de Neymar nas jogadas que resultaram em gols na competição e dos quatro gols que ele marcou, no jogo contra a Colômbia foi anulado pelas pauladas. A equipe se virou sem ele, que teve atuação apagada devido ao técnico colombiano ter engendrado um esquema (violento) para anulá-lo.

No último jogo, a Seleção provou que pode vencer mesmo sem Neymar estar bem em campo. O que se imagina, portanto, é que possa vencer sem que ele sequer esteja em campo.

Lembremo-nos de que, para craques poderem explorar melhor seu potencial, os técnicos colocam as equipes a seu serviço. O craque da equipe recebe mais bolas, tem o meio de campo trabalhando para acioná-lo. A Alemanha, pois, não terá um alvo fixo como Neymar. Isso pode ser uma vantagem.

Mas a grande aposta que se faz na Seleção é nessa garra incrível que tem demonstrado. Com certeza a equipe está mais unida do que nunca e, agora, terá a vantagem de entrar em campo como azarão. As baixas que sofreu tiram boa parte da responsabilidade de seus ombros.

Um colunista da grande mídia, aliás, diz até que “Agora o Brasil terá desculpa para perder da Alemanha”. Essa é a mídia que temos. Não é nem mais vira-lata, é apátrida. Mas pode quebrar a cara ainda mais, após ter se desmoralizado pelas previsões catastrofistas sobre a organização da Copa. A marca dessa equipe é a superação.

*

PS: este post não poderia ter sido ilustrado com outra imagem que não, de novo, a da charge que o autor do Blog fez para Neymar, jovem corajoso que, franzino como é, enfrentou de peito aberto a violência dos adversários sem jamais se intimidar, e que, no próximo jogo, estará no estádio, numa cadeira-de-rodas, torcendo com a grande maioria do país. Neymar tornou-se o símbolo da garra dessa equipe. Sua presença elevará o moral da equipe.

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