Miriam, serviçal de Biden, contra Lula-Petrobrás

"Brasil tem de ser visto nesse novo contexto global, do ponto de vista não meramente da política econômica, como mostra a visão estreita de Miriam Leitão"

Miriam Leitão e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva
Miriam Leitão e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (Foto: Reprodução | Ricardo Stuckert)


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Por César Fonseca 

O que está em cena no cenário mundial é a guerra que pode descambar para o colapso nuclear devido, como todos veem, ao confronto geopolítico EUA-Rússia; nesse cenário de luta de classes, o império americano quer, claramente, destruir Putin, usando o instrumento que criou no pós segunda, a OTAN, para avançar sobre o leste europeu, objetivando, na sequência, barrar a China; como Rússia e China, antes da guerra na Ucrânia, firmaram aliança para seguirem juntas na construção da nova fronteira econômica global, a Eurásia, elas são, no momento, o alvo central do imperialismo americano-otanista.

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O Brasil tem de ser visto, evidentemente, nesse novo contexto global, do ponto de vista não meramente da política econômica, como mostra a visão estreita de Miriam Leitão, mas, essencialmente, da economia política; o imperador Biden, nessa altura do campeonato, já chamou aos Estados Unidos o ministro da Defesa, Paulo Sérgio Nogueira de Oliveira, para seguir as novas ordens de Washington: colocar a Petrobrás para produzir petróleo de modo a abastecer, sem limites, a Europa, como compensação pelos estragos econômicos e financeiros que os europeus estão sofrendo, obrigados a obedeceram as sanções econômicas imperialistas contra a Rússia; a Europa, sem petróleo e gás russos, fica de pés e mãos amarrados, submetidos à escassez da oferta que eleva preços e inflação e arrocha salários dos trabalhadores; a missão dada por Joe Biden ao Brasil, portanto, é a de suprir a demanda europeia que está deixando de ser atendida pela Rússia, com o agravante de que somente aceita receber em rublos pelas suas exportações, escanteando, portanto, o dólar e o euro.

PERIGO IMINENTE DE RACHA NA OTAN

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Como Washington teme perder apoio da Europa por estar obedecendo o império em seu propósito maior – destruir a Rússia –, mandou o Exército brasileiro ordenar o desejo do imperador; caso contrário, cresceria perigo de racha dentro da OTAN, tornando vulneráveis as forças ocidentais, para brigar com Putin; a geopolítica de guerra americana envolve o Brasil com correntes de ferro; o general Sérgio, antes de ser novo ministro da Defesa, passou dez dias, ainda como comandante do Exército, nos Estados Unidos, para receber as novas orientações; evidenciou-se quem, realmente, comanda o poder no Brasil, segundo o jurista Ives Gandra Martins, ex-ministro do STF: a última instância institucional que dá as cartas não é o STF, mas as forças armadas; direito da força em vez da força do direito, essa é a lógica do império; recebidas as ordens, a Petrobrás, agora, cumpre as novas orientações imperialistas; o que, nesse ambiente, defende Miriam Leitão é a subordinação total do Brasil a Washington, que determinou privatização da Petrobrás, seguida de políticas de preços ditadas pelo dólar, pois a prioridade da empresa passou a ser exportar óleo bruto e importar refinados por empresas privadas voltadas a essa tarefa; antes, praticamente, só Petrobrás importava para refinar; agora, são mais de 400 importadores atuais nessa tarefa, sendo que os principais são multinacionais; estas privatizaram, na bacia das almas, uma das maiores refinadoras do mundo, a BR Distribuidora; assim, de agora em diante, no ambiente de guerra, o Brasil passa a prestar serviço à demanda fundamental dos Estados Unidos.

SUBORDINAÇÃO TOTAL

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Economicamente, ao exportar óleo bruto, sem cobrar imposto de renda, e importar refinados cotados, especulativamente, em dólar, o Brasil perde na deterioração dos termos de troca e fica impedido de industrializar sua principal riqueza primária; trata-se do mesmo mecanismo que foi colocado em prática na Era FHC, com a Lei Kandir, de 1996: isenção tributária do ICMS nas exportações de produtos primários e semielaborados; o governo prometeu compensar Estados e Municípios pela renúncia fiscal, mas nunca cumpriu essa promessa; resultado: desindustrialização das economias regionais e sobreacumulação de capital para os detentores dos minerais e do agronegócio; agora, o petróleo, que, segundo Getúlio Vargas, teria a missão de industrializar o Brasil, com expansão de suas refinarias, algo que Lula deu prosseguimento no seu governo, vira arma não dos brasileiros, mas do império americano, para tentar, com a OTAN, derrotar a Rússia e, por tabela, a China, maior concorrente dos Estados Unidos.

PORTA-VOZ DO IMPÉRIO CONTRA VARGAS/PT

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Miriam Leitão, no seu arrazoado subeconômico, ao qual quer submeter Lula, na sua caminhada rumo a eventual 3º mandato, se as pesquisas continuarem favorecendo-o, não faz outra coisa além do que vem fazendo há várias décadas O Globo, porta-voz de Washington, ou seja descapitalizar as indústrias nacionais, inviabilizando industrialização, ao detonar a Petrobrás, por meio de criminosa política de preços; o comentário subconômico de Miriam  avaliza a superexploração econômica do país pelos Estados Unidos; essa estratégia, como a história está demonstrando, começou, na Era Petista(2003-2016), com o golpe de Aécio Neves ao contestar, na Justiça Eleitoral, a quarta vitória do PT, em 2014, com Dilma Rousseff, contra PSDB; dali em diante, a geopolítica golpista americana inviabilizou a estabilidade econômica, até à produção do golpe neoliberal de 2016, com o impeachment sem crime de responsabilidade para caracterizá-lo; a cobertura econômica da grande mídia, que tem em Míriam um expoente significativo, cuida de fugir do essencial, da economia política, que caracteriza a luta de classe entre o império e a periferia, para centrar nas ordens imperiais, emanadas pelo tripé econômico neoliberal(metas de inflação, câmbio flutuante e superavit primário) do Consenso de Washington; o objetivo é um só: manter instabilidade relativa estrutural permanente da economia, para aprofundar desigualdade social, responsável pela crônica fragilidade cambial facilitadora maior da privatização dos ativos nacionais.

MEA CULPA TUCANO ENVERGONHADO

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Esse caos econômico e financeiro programado e articulado pelo mercado financeiro de Wall Streeet/Faria Lima acabou sendo reconhecido pelos próprios tucanos; André Lara Rezende, um dos país do real, envergonhado, fez mea culpa; disse ter sido o desastre econômico nacional atual fruto da estratégia neoliberal tucana-washingtoniana, agora pauloguedeseana, de fixar taxa de juro acima do crescimento do PIB; com isso, impediu o crescimento econômico sustentável com distribuição da renda nacional; segue o massacre a toda velocidade; o BC Independente promete continuar o mais do mesmo, puxando juro para combater a inflação, como pregam os neoliberais, desde o golpe de 2016; o serviço de dilapidação econômica centrou-se, principalmente, na desnacionalização da Petrobrás, a fonte da inflação e dos juros altos; essa tarefa, no ambiente da guerra em marcha, tira do povo brasileiro o seu maior patrimônio; sinaliza, certamente, aprofundamento da pobreza nacional crônica, com recolonização econômica nos moldes do século 19; é pra isso que servem as Miriam Leitão, prestando esse inestimável serviço aos interesses imperialistas.

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