Ministro Teich escorrega na chegada
"O ministro Nelson Teich, sem experiência na gestão da saúde pública, precisará contar com sólida assessoria, isto é, será obrigado a 'comer pelas mãos dos outros'”, escreve a jornalista Hildegard Angel sobre o novo ministro da Saúde
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Por Hildegard Angel, para o Jornalistas pela Democracia
O novo Ministro da Saúde, apesar de todos os seus cuidados com as palavras, escorregou na sua posse. Em meio a uma pandemia, no mesmo dia em que o Senado discute um projeto de Economia de Guerra, Nelson Teich não se acanhou de protagonizar uma solenidade festiva concorrida.
Se este Governo tivesse alguma responsabilidade jamais realizaria a solenidade tradicional, com convidados, da forma que foi. Como é de costume, com assédio de bajuladores e a presença de pessoas que, pelos mais variados motivos, se empenham em estar próximas do poder. Bem próximas. Com propriedade, o Jornal Nacional explorou as faltas cometidas pelos que, na posse, se abraçavam, davam as mãos, beijavam e fungavam, em ambiente fechado e sem o tão necessário “afastamento social”. Decisivamente, foi uma posse contaminada.
Ao citar os pobres em seu discurso, Teich procurou transmitir a ideia de sensibilidade social. Talvez não o tivesse feito se, na véspera, ao anúncio de seu nome, não se tivesse divulgado um vídeo em que ele aborda o conflito do médico numa situação de escolher entre a morte de um jovem doente ou a de um idoso. Ele sugere que o mais lógico é escolher o jovem, que ainda terá longa vida produtiva, diferente do idoso. Esse modo eugenista de pensar não caiu bem, e ele imediatamente passou a ser chamado no Twitter, em vez de Teich, de Reich, em alusão aos nazistas, que mantinham vivos os jovens judeus, para trabalharem nos campos de concentração, e asfixiavam os idosos “inúteis” em câmaras de gás.
O ministro Teich, sem experiência na gestão da saúde pública, precisará contar com sólida assessoria, isto é, será obrigado a “comer pelas mãos dos outros”. As peculiaridades administrativas, a logística refinada para se distribuir insumos, realizar testes, gerir recursos, tudo isso de forma mega - o nosso SUS é o maior sistema de saúde pública do mundo - fará necessário que ele seja, não apenas capaz, mas dotado de inteligência e capacidade de improviso excepcionais. É um grande risco que corre. E nós também.
Vamos aguardar.
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