Ministro da Educação inaugura temporada de caça a comunistas
Se os vídeos do Instituto de Educação de Surdos "foram retirados há tanto tempo por que o instituto só os reinseriu agora, depois da nota de Ancelmo Gois? Ninguém notou à época? Se os vídeos, de fato, foram retirados anteriormente, não poderia ter sido um equívoco do jornalista? Ele não poderia simplesmente errado? Por que o ministro o acusa de 'maldoso' e de 'tentar ludibriar' os leitores logo de cara? Bem, é porque ele é um fiel discípulo do ex-astrólogo Olavo de Carvalho, a quem deve sua indicação e se comporta exatamente como o seu mestre manda: difamando, caluniando e delatando", escreve Alex Solnik, para o Jornalistas pela Democracia
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Por Alex Solnik, colunista do 247 e membro do Jornalistas pela Democracia - A resposta do ministro da Educação Ricardo Velez Rodriguez à notícia publicada por Ancelmo Gois, anteontem, em O Globo, de que o Instituto de Educação de Surdos, que está sob o guarda-chuva do ministério censurou, em seu site, vídeos que abordavam temas como o marxismo, me lembrou imediatamente episódios da última ditadura militar, quando alguns colunistas se especializaram em dedurar "coleguinhas" comunistas, pedindo providências às autoridades.
Um dos delatados, o jornalista Vladimir Herzog, morreu na tortura nas instalações do II Exército, em São Paulo, em 1975.
Também havia, à época, na maior cidade do país, uma organização paramilitar, formada por policiais, oficiais e universitários de extrema-direita – chamada Comando de Caça a Comunistas.
Diz a nota do ministério que "o ministro sempre defendeu a pluralidade e o debate de ideias, recusando-se a adotar métodos de manipulação da informação, desaparecimento de pessoas e de objetos, que eram próprios de organizações como a KGB, o serviço secreto da União Soviética, que, na década de 60, quando de sua fuga do Brasil para a Rússia, protegeu e forneceu identidade falsa para o colunista de O Globo, que foi treinado em marxismo e leninismo na Escola de Formação de Quadros do Partido Comunista Soviético".
A nota do ministro chama a notícia veiculada por Gois de "maldosa" e de "tentativa de ludibriar os leitores", apontando que a retirada dos tais vídeos se deu sem conhecimento da entidade, em abril e em novembro de 2018, - antes, portanto, da sua posse - e que serão reinseridos.
Ora, se foram retirados há tanto tempo por que o instituto só os reinseriu agora, depois da nota de Ancelmo Gois? Ninguém notou à época? Se os vídeos, de fato, foram retirados anteriormente, não poderia ter sido um equívoco do jornalista? Ele não poderia simplesmente errado? Por que o ministro o acusa de "maldoso" e de "tentar ludibriar" os leitores logo de cara?
Bem, é porque ele é um fiel discípulo do ex-astrólogo Olavo de Carvalho, a quem deve sua indicação e se comporta exatamente como o seu mestre manda: difamando, caluniando e delatando. Tudo o que um ministro da Educação nunca deveria fazer.
Mas ele precisa saber que o Brasil não quer mais casos como o de Vladimir Herzog.
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