Minha conversa com um líder palestino e um judeu: ouvindo reais vozes do conflito e rompendo o mar de desinformação
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Desde que me conheço por gente sonho com a paz em Israel e Palestina. Um Estado para cada povo, ambos soberanos e seguros, vivendo em uma espécie de nação continental, semelhante à União Europeia, que facilite comércio, turismo, e todo tipo de relação positiva. Ainda assim, cada qual com sua independência e a beleza da diversidade.
Tenho só 38 anos de vida. Conheço mestres do ativismo progressista, tanto judeus quanto palestinos, que escreveram a história da luta pela Democracia, pela Justiça Social e pelos Direitos Humanos no Oriente Médio ao longo de décadas. Esses irmãos e irmãs de “fé progressista” esperam pelos dias de paz há mais tempo que eu. E ainda assim seguem na luta diariamente e dispostos até o fim.
Infelizmente, como sabemos, os maus têm muita voz no mundo. Presidem nações, lideram religiões, julgam em tribunais. Sobretudo o início do século XXI escancarou as portas do horror, com figuras como Trump, Bolsonaro, Netanyahu, Erdogan assumindo o poder máximo em seus países, e muitos outros escalando o caminho em direção ao mesmo. Desta forma chegamos a 2021 em meio a mais um terrível conflito dirigido pelos senhores da guerra, nos quais quem sofre são, como sempre, os civis e os inocentes. Judeus e palestinos se agridem em grandíssima parte sem compreender que estão sendo comandados por interesses que são opostos aos interesses de todos eles, e que só trabalham em nome dos grandes poderes políticos que governam o mundo.
Enfim, hoje, na era da informação, milhares de artigos e lives e certamente milhões de comentários sobre o tema são veiculados na internet – que, como disse Umberto Eco, “dá o direito de fala a legiões de imbecis”. Nas redes sociais 99% do que se vê é propagação de ódio e racismo seja contra os judeus ou contra os palestinos.
Mas não são só as redes sociais. Mesmo a mídia oficial faz em grande parte (e digo até em sua maior parte, em minha opinião) um péssimo trabalho, que caracteriza um imenso desfavor a todos os envolvidos no conflito. Raramente vemos coberturas equilibradas que buscam de fato trazer a verdade e a visão panorâmica dos complexos fatos que envolvem este secular conflito. Muito incomumente traz-se judeus e palestinos juntos a conversas, de maneira justa e equilibrada para dialogarem ou mesmo discutirem. Quase sempre só dão voz a um ou a outro.
E infelizmente preciso dizer que o Brasil está atrás neste sentido também, se comparo com a Alemanha. Por aqui as mídias têm coberto o conflito de maneira muito mais adequada, buscando de fato fazer jornalismo, e não propaganda. As grandes mídias corporativas no Brasil nem se comenta, sabemos sobre como elas são nocivas. Mas mesmo as alternativas e progressistas têm muito a se desenvolver no que diz respeito a tudo o que envolve Israel e Palestina. E essa falha ficou ainda mais evidente neste atual conflito.
Bem, nós judeus progressistas, sempre em contato com os irmãos muçulmanos progressistas, não temos dúvida sobre o que fazer quando estamos em meio a uma situação de enfrentamento como a que hoje presenciamos: nos aproximamos ainda mais. Sentamos à mesa, nos lembramos com ainda mais veemência daquilo tudo que acreditamos e lutamos por.
Assim, mostrando às mídias como se faz, ontem, tivemos o prazer de organizar uma mesa virtual com um palestino e um judeu – idealizada pela querida companheira de luta Cláudia Gibril, do Coletivo Estrela. Os convidados eram o Dr. Mohamed Odeh (vice-presidente do ‘Comitê de Interação da OLP com a Sociedade Israelense’) e Davi Windholz (escritor e ativista pela paz). Dr. Mohamed falava direto de sua casa em Ramallah, Cisjordânia, Palestina; e Davi de Naharyia, Israel.
Ambos progressistas, humanistas e com um currículo maravilhoso de décadas de ativismo pela paz, estes são o tipo de pessoas que realmente compreende o que ocorre por lá em seus mínimos detalhes. Viveram e vivem na pele cada detalhe da questão. Seus filhos e netos idem. Estudam, escrevem sobre o tema, vivenciaram tudo o que se pode vivenciar nas veredas do ativismo pela construção da paz e do entendimento. E entre si, ambos são amigos de longa data.
Assim, tive o prazer, ao lado de Cláudia, de moderar o papo. E neste artigo trago algumas posições de ambos os líderes, mas sugiro fortemente ao leitor ou leitora que assistam à live completa, disponível no Youtube.
Para quem não sabe, a OLP é a ‘Organização para a Libertação da Palestina’, representada aqui por Dr. Mohamed. E Davi é autor de um dos projetos de paz que são cogitados entre judeus e palestinos que esta desejam.
Muito bem, vamos a alguns pontos:
Primeiramente, Dr. Mohamed explicou sobre aquilo que eu mesmo já falei em lives e que qualquer um que compreenda sobre o tema, sabe: Netanyahu e Hamas jogam no mesmo time. Ele diz:
“Não quero dizer que estão Hamas e Netanyahu estão coordenando um com o outro, mas estão sim de acordo em seus interesses. Há um cruzamento de interesses entre ambos os lados e os que sofrem as consequência são os civis tanto de um lado como do outro. Sei que a maioria do povo em Israel durante a semana esteve em seus abrigos (antibomba) e os palestinos tiveram sua infraestrutura muito destruída em Gaza e quase 200 mortos, a maioria civis. Temos uma parte de mulheres e crianças mortas e não se sabe quantos edifícios já foram derrubados. E creio que ao invés de construir pontes e resolver o conflito, estão se construindo muros e destruindo as pontes existentes.”
E Davi complementa:
“É incrível como a solução é tão fácil e ao mesmo tempo tão difícil por causa da cegueira (por poder) de parte dos políticos israelenses e palestinos. Não sei quem deu o nome a esta operação em Gaza, mas ela se chama ‘Guardião das muralhas’. E ela representa exatamente o objetivo do governo atual nos últimos 12 anos, que é manter estas muralhas. São duas muralhas. Uma é a muralha psicológica, a muralha do medo, da vítima, da raiva, do ódio, a muralha para romper, aproveitar, manipular essas emoções através do que chamo de ‘ideologia do medo’. Manipulam isto para se manter no poder. A segunda muralha é a muralha física, que separa Israel da Palestina, para que o povo em Israel não veja o que está acontecendo do outro lado, na Palestina e com o povo palestino. A opressão, o domínio, o apartheid, que está havendo do outro lado. Então no momento em que eu estou em Tel Aviv ou na praia de Nahariya, se eu não vou a Ramalah, se não vou à Palestina, não tenho a possibilidade de ver da praia muito confortável, o que está acontecendo do outro lado.”
Ele prossegue relatando sobre as últimas frustradas tentativas de paz, pouco antes do início da Era Netanyahu:
“Fazendo um ‘zoom out’ para setembro de 2008 quando Olmert (o então primeiro ministro) renunciou, ele estava negociando com o presidente Abbas (presidente palestino), e Abbas estava esperando um mapa de Olmert, que pretendia dar quase 98% (das terras da Cisjordânia), e Jerusalém como capital dos dois estados. E aí Olmert renunciou por problemas de corrupção – em que não havia sido condenado, nem havia sido posto em tribunal (coisa que Netanyahu já está muito além). A partir deste momento se cortou toda a relação com a Autoridade Palestina e se passou a fortalecer o Hamas. Uma das situações é o dinheiro que o Hamas recebe do Catar, que o fortaleceu desde 2014 tanto tecnologicamente quanto em quantidade. Existe uma cooperação mútua de inimigos (Netanyahu e Hamas) e na hora em que há algum problema, então estoura uma situação (como este conflito).”
Dr. Mohamed prossegue então explicando sobre o Hamas:
“O Hamas não é um partido exclusivamente palestino. É um partido da Irmandade Muçulmana, que tem uma hierarquia mundial e seu programa pouco tem a ver com a Palestina. A Irmandade Muçulmana foi criada em 1928 e desde então até 2006, e ganharam as eleições palestinas, graças ao desgaste da Autoridade Nacional Palestina – que tinha corrupção, que não conseguia alcançar nada político no momento, e portanto era um desgaste ao povo palestino –, o povo castigou a OLP elegendo o Hamas. E esta foi a primeira vez que a Irmandade pôde governar em algum lugar, portanto não é fácil que eles deixem o poder, nem por eleições, nem por nada. O dia em que ganharam as eleições, em 2006, o chefe deles disse ‘A vida são três dias: um dia para a OLP, que se acabou; um dia para o Hamas, que começou; e o dia final do mundo’. Ou seja, não querem sair do governo. Mas este não é o problema. Temos a possibilidade que nosso povo eleja quem lhe representa. O problema é que eles (Hamas) estão apoiados pela extrema-direita, o que é lógico, pois a extrema-direita em todo o mundo se apoia. Não creia que os mortos lhes trazem danos ou favores. Ele se pintam como os libertadores, que não são. E nem importa a eles libertar a Palestina. Eles estão muito aliados direta- ou indiretamente a Netanyahu, à Direita e à Extrema-direita em Israel e dependem um do outro para seguirem governando. Creio que Netanyahu está levando Israel à catástrofe ao se manter como primeiro-ministro, pois os interesses de Israel não são os interesses de Netanyahu. E os interesses da Palestina não são os interesses do Hamas.”
Ele continua, salientando a importância do diálogo e do foco no futuro:
“Davi sabe, eu como vice-presidente do ‘Comitê de Interação da OLP com a Sociedade Israelense’, tenho visitado os lugares mais longínquos de Israel, buscando pacifistas para dialogar sobre o amanhã. Não olharemos para as narrativas tão antagonistas que nunca podemos resolver. E o conflito não é um conflito religioso, como o Netanyahu quer pintar. Durante toda a história, muçulmanos, judeus, cristãos, conviveram. O conflito começa quando queremos criar um estado para uma religião. Não quero discutir isso e nem é o meu tema. Meu tema é: vamos olhar para amanhã, para os meus filhos e para os seus, para encontrarmos uma solução, já que os povos estão destinados a conviver e coexistir um com o outro. E queremos resolver da maneira mais rápida possível, poupando vítimas. E isso se dá através de pontes e não de muros, como disse Davi.”
Indaguei Dr. Mohamed então sobre a questão das eleições palestinas, que não se dão há cerca de 15 anos e recentemente foram mais uma vez adiadas. Ele foi enfático em uma resposta muito interessante:
“Normalmente as urnas são o caminho para mudanças políticas. Mas o caso palestino é muito especial. Estamos formando um país na ocupação. Então as eleições para mim, pessoalmente, não querem dizer muito. Por que vou eleger um representante do povo palestino que para que se locomova de um ponto a outro necessitará a permissão de um soldado israelense de 22 anos? Então para que me servem essas eleições? Além disso, temos a OLP, o único legítimo representante do povo palestino, que renovou sua direção política em 2018, e essas eleições se dão a cada cinco anos.”
Davi então complementa com relação à quantidade de pessoas que querem paz e das que não querem, desmitificando o tema, e explicando a toxicidade social e política em que a nova geração foi obrigada a crescer:
“Pensa-se que eu e o Dr. Odeh somos minoria, somos utópicos. Mas esta não é a realidade. De 60% a 65% do povo em Israel e na Palestina são a favor de uma das quatro soluções (quatro propostas de paz que envolvem dois estados). Por que se deu este levante violento atual? Quem faz este levante? Se você vir todos os vídeos, são todos jovens, que nasceram depois de 1995, que nunca viram uma possibilidade de acordo de paz. Então para eles a única coisa que existe é o ódio mútuo, que foi fomentado nestes últimos 20 anos. Então temos que transformar isso. O Dr. Odeh e eu representamos 65% da população entre o Rio Jordão e o Mar Mediterrâneo. Mas existe uma divulgação contrária a isto, como se nós fôssemos a minoria.”
A conversa então se desloca à essencial questão dos EUA e de influências externas. Em meio às dificuldades de internet na Cisjordânia – toda vez que foguetes ou bombas voavam de um lado para o outro, caía a conexão do Dr. Mohamed –, ele nos explica:
“Vocês sabem o que ocorreu nos EUA com as eleições do presidente Joe Biden. Creio que os evangélicos queriam outra coisa, como o que passou no Brasil com Bolsonaro. Israel – e estou falando do povo, nunca dos governos – também é vítima, como os palestinos, deste conflito que serve aos interesses estrangeiros. Creio que o mundo ocidental quer essa divisão, quer que nós (palestinos) e israelenses estejamos em conflito. Senão teriam nos obrigado a firmar um acordo, como fizeram no Sudão, em Myanmar e outros países. (…) Se os EUA quisessem atingir uma solução justa de acordo com a legalidade internacional, creio que poderíamos fazê-lo amanhã mesmo. Mas eles têm a hierarquia dos evangélicos – que também partem de uma missão religiosa – e que querem que este conflito exista. Querem que todos os judeus do mundo vão à Israel e à Palestina histórica, para que venha o Cristo e não sei mais o que. É uma lenda na religião que não serve para mim, nem para você, nem para um israelense que está a dois quilômetros de mim. Portanto sejamos mais realistas, com os dois povos buscando paz – mesmo que os governos não queiram. Eu tenho ido a casas, a universidade e inclusive aos jovens israelenses antes de se alistarem ao exército. Falamos para nos entendermos. Isto tudo é muito complicado porque há estas duas hierarquias extremistas. Uma parte está em Gaza e outra em Netanyahu, que não querem nenhuma paz. Portanto repito, a solução seria acabar com a extrema-direita na região. E com os dois povos dispostos, teremos a capacidade de encontrar uma solução. Não é complicado. Houve conflitos muito mais complicados que este que já se resolveram. Podemos conviver uns com os outros assim que os oportunistas não estiverem mais por aqui.”
Davi então levanta a importância da ajuda dos progressistas do resto do mundo:
“Eu queria comentar sobre mais uma ponte. Nós falamos até agora sobre as pontes em que eu e Dr. Odeh somos responsáveis. Somos responsáveis por destruir as muralhas daqui e construir estas pontes. Mas existe uma outra ponte, que você Jean e você Cláudia também são responsáveis. Não só vocês, mas toda a diáspora judia e a diáspora palestina e também todos aqueles não-judeus e não-palestinos que são a favor da causa sionista ou da causa palestina de se unirem. Todos os judeus e palestinos progressistas do mundo. E todas as pessoas progressistas do mundo. De se unirem e fortalecerem as áreas moderadas em Israel e na Palestina.
Ele segue, explicando sobre as questões da crítica a Israel e do antissemitismo, e do boicote a Israel:
Dentro da comunidade judaica devemos combater esta linha de Hasbara (esforço israelense de relações públicas para difundir no exterior somente informações positivas sobre o país) da Extrema-direita, esta linha de que tudo que é de Israel tem que ser apoiado, porque tudo que é contra Israel é antissemitismo. Acabar com essa linha. E os palestinos moderados têm que acabar com a linha da BDS (órgão que incentiva o boicote a Israel). Têm que acabar com essa linha que diz que não se pode cooperar com judeus progressistas, que dizem claramente que são a favor de um Estado Palestino independente ao lado do Estado de Israel. Cláudia me falou que há manifestações em São Paulo sobre o conflito. Os comboios de carros que fizeram passeatas no Brasil, deveriam ser comboios de carros de judeus e de palestinos juntos com as bandeiras de Israel e da Palestina em todos os carros. Ser contra a política racista de conquista e de domínio e de apartheid sobre o povo palestino, não é ser anti-Israel ou antissemita. E a mesma coisa do outro lado: o apoio de palestinos não é aceitar a normalização do domínio de Israel à Palestina, mas sim lutar juntos palestinos e judeus pela formação do Estado Palestino.
Dr. Mohamed pede a voz então para concluir sua participação, reiterando sua posição política:
“Eu digo a todos os que estão assistindo a este programa: o representante do povo palestino e que reconhece o Estado de Israel é a OLP. A OLP está disposta de uma maneira sem volta – é nossa estratégia – a firmar uma paz duradoura com Israel e coexistir com esta. Este é um lado. O outro lado é: antes os palestinos diziam que atirariam os israelenses ao mar e os israelenses diziam que mandariam os palestinos à Jordânia. Posso garantir que nem Israel pode mandar os palestinos à Jordânia e nem os palestinos querem e nem podem atirar os israelenses ao mar. Vamos olhar com fé e com bons olhos a um futuro próspero.”
Davi depois também conclui apontando para a necessidade de não somente fazermos a paz política, mas reformarmos toda a mentalidade dos povos, através de uma nova Educação:
“A proposta de ‘two states, one homeland’ (dois estados, uma nação), além de ser uma proposta de acordo político, ela é uma proposta humana de reconciliação. A questão de criar uma relação entre os povos, de mudar a ‘narrativa do inimigo’. Umas das primeiras coisas que a gente pede neste nível, é mudar totalmente o material didático tanto das escolas palestinas, quanto das judaicas (que hoje incitam ódio e racismo.)”
Enfim, este é só uma breve síntese do que foi dito e conversado por gente que realmente possui autoridade e legitimidade para falar sobre o assunto. São pessoas assim que me dão e nos dão esperança. Mas não uma esperança ingênua ou calcada em algo que não é factível. Não, pelo contrário. Estas pessoas estão in loco, no meio do conflito, fazendo exatamente o que deve ser feito e o que torna sua luta realista: trazendo o diferente para dialogar, olhando para a Educação das novas gerações e, como sempre, combatendo dia e noite a Extrema-direita, tanto israelense quanto palestina.
Quanto aos “haters”, eles continuarão a se manifestar, assim como também os agentes da desinformação, e os propagandistas (a favor de ambos os lados) disfarçados de jornalistas, e os falsos progressistas que na verdade fazem a agenda reacionária e direitista. Mas isso pouco importa, e também pouco importam os comentários de ódio que estarão abaixo deste meu artigo. O que importa é que quem pode e vai realizar o histórico atingimento da paz entre Israel e Palestina são os verdadeiros progressistas e humanistas no Oriente Médio e na diáspora, que atravessam durante suas vidas todos os percalços possíveis, mas perseveram munidos da confiança de que nossa meta é possível e que quando nos livrarmos das forças disruptivas, comemoraremos juntos a paz, a convivência e a vida.
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