Militares desistem dos patriotas e apostam no Congresso como trincheira do bolsonarismo
"Com a derrota de Bolsonaro e a transformação das manifestações dos patriotas em memes, o Congresso seria a trincheira do bolsonarismo", escreve Moisés Mendes
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Por Moisés Mendes, para o 247
A nota dos comandantes das três armas, divulgada hoje, manda recados genéricos e cifrados para todos os lados, em especial ao Judiciário das altas Cortes, e faz uma aposta.
O bolsonarismo civil e fardado acredita que a salvação dos derrotados no governo se transfere agora para a maioria de direita e extrema direita do Congresso. Essa maioria funcionaria como tranca e ameaça.
Esse trecho da nota é esclarecedor, ao abordar “a estrita observância das atribuições e dos limites de suas competências, nos termos da Constituição Federal e da legislação”, ao se referir às instituições e às autoridades:
“Da mesma forma, reiteramos a crença na importância da independência dos Poderes, em particular do Legislativo, Casa do Povo, destinatário natural dos anseios e pleitos da população, em nome da qual legisla e atua, sempre na busca de corrigir possíveis arbitrariedades ou descaminhos autocráticos que possam colocar em risco o bem maior de nossa sociedade, qual seja, a sua Liberdade.”
Observe-se o destaque ao fato de que o Congresso atuaria sempre “na busca de corrigir possíveis arbitrariedades ou descaminhos autocráticos”.
Os militares atribuem ao Congresso, e não ao Judiciário, a tarefa de conter e corrigir excessos. E os excessos, mesmo que estejam nas entrelinhas, seriam hoje do Judiciário e cometidos por Supremo e TSE.
É o recado mais importante de toda a mensagem, considerando-se as circunstâncias. Reafirma-se a linha de declarações recentes do vice-presidente e senador eleito Hamilton Mourão de que Alexandre de Moraes ”ultrapassou o limite do poder dele”.
O que Mourão define como “baixar a bolinha”, numa referência direta ao ministro, os comandantes tratam como correção de “possíveis arbitrariedades ou descaminhos autocráticos”.
O restante da nota tem o tom do relatório sobre urnas e eleições. Destaca limites de direitos, liberdades individuais e e autonomia dos poderes, mas sempre para se dirigir ao Judiciário que o bolsonarismo vê como inimigo.
É um adiós ao golpe sonhado por Bolsonaro e uma dedicação total ao que pode sair do Congresso.
Essa passa a ser a estratégia também dos militares. Com a derrota de Bolsonaro e a transformação das manifestações dos patriotas em memes, o Congresso seria a trincheira do bolsonarismo.
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