Miliciano não precisa de mandante, mas de protetor – e a polícia tem que dizer quem é ele

"Ronnie Lessa não era um simples matador de aluguel. Quem mora na casa em que ele morava, um palacete, quem tem mais de 100 fuzis guardados em casa de um amigo não é um miliciano qualquer. É um chefe. Tem, ao menos, perfil de chefe de milicianos", diz Alex Solnik, do Jornalistas pela Democracia; "Se em um ano de investigações – com grampos, delações e sabe-se lá o que mais – não foi encontrado um mandante, de duas uma: ou a polícia protege o mandante ou ele não existe"

Miliciano não precisa de mandante, mas de protetor – e a polícia tem que dizer quem é ele
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Por Alex Solnik, colunista do 247 e membro do Jornalistas pela Democracia

Ronnie Lessa não era um simples matador de aluguel. Quem mora na casa em que ele morava, um palacete, quem tem mais de 100 fuzis guardados em casa de um amigo não é um miliciano qualquer. É um chefe. Tem, ao menos, perfil de chefe de milicianos. O algoz dos milicianos era Marcelo Freixo, presidente da CPI que mandou mais de 200 deles para o xilindró. Era ele o alvo da vingança.

A polícia contou, ontem, que antes de se decidir a matar Marielle o atirador pesquisou a vida de Freixo. Deve ter descoberto que ele andava de carro blindado e com seguranças 24 horas. Seria difícil atentar contra ele. Por isso ele se voltou à pessoa que foi seu braço direito na CPI: Marielle Franco.

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Na pesquisa ele deve ter constatado que ela não usava carro blindado. Como exímio atirador que é, e com vasta experiência em crime tanto como polícia quanto como bandido, ele sabia que a melhor oportunidade de matar alguém é dentro do carro em movimento. É quando a pessoa está mais vulnerável porque não espera ser atingida.

Acho que Marielle foi executada não pelo que fez como vereadora, mas por ter ajudado Freixo na CPI. Era seu primeiro mandato. Não tinha dado tempo para ela ter prejudicado os milicianos. Não havia porque se vingar dela como vereadora.

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Os milicianos mataram Marielle para atingir Freixo. Para lhe dar um recado. Para o amedrontar. Tanto ele é o alvo que em dezembro passado foi denunciado um complô para matá-lo.

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Quanto ao mandante. A quem interessava matar o braço direito de Freixo? Aos próprios milicianos. Não acho que eles obrigatoriamente receberam ordem – ou grana – de alguém acima deles. Podem ter organizado um consórcio entre eles, porque não foi um atentado barato.

Outra coisa. Se em um ano de investigações – com grampos, delações e sabe-se lá o que mais – não foi encontrado um mandante, de duas uma: ou a polícia protege o mandante ou ele não existe.

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Na minha opinião, se até agora não apareceu mandante, não aparece mais. Essa história de investigação em duas etapas é lorota.

O que a polícia tem que esclarecer é quem está protegendo Ronnie e sua quadrilha. Foi seu protetor quem o avisou para fugir pouco antes de a polícia chegar ao condomínio Vivendas do Mar.

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Se Ronnie não for a júri popular, como quer a chefe do Gaeco, Simone Sibília, será o sinal de que continua blindado.

O que não entendo é como um miliciano com a ficha e o perfil de Ronnie Lessa morava impunemente num condomínio de classe alta, a três casas de um deputado federal que se tornou presidente da República.

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Isso só acontece no Rio. 

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