Mídia inventa disputa acirrada no Senado e se dá mal

"Ao contrário do que noticiou Globo, Folha e congêneres, a eleição de Rodrigo Pacheco nunca esteve ameaçada", diz Bepe Damasco

Rodrigo Pacheco
Rodrigo Pacheco (Foto: Pedro França/Agência Senado)


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É do conhecimento amplo do Brasil e do mundo que a mentira, a desinformação, as calúnias e ameaças nas redes sociais fazem parte do modus operandi da extrema direita.

Impressiona, portanto, o peso que a imprensa comercial brasileira deu, em sua cobertura da disputa pela presidência do Senado, ao estardalhaço do bolsonarismo nas redes, com ataques e ameaças a senadores e seus familiares.

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A mídia finge desconhecer os métodos do fascismo e acaba naturalizando-os. Em vez denunciar esses crimes, prefere edulcorá-los, rotulando-os como “atuação competente nas redes sociais.”

Ao contrário do que noticiou Globo, Folha e congêneres, a eleição de Rodrigo Pacheco nunca esteve ameaçada, como o resultado atesta: 49 x 32, uma expressiva diferença de 17 votos.

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Teve comentarista de TV e colunista de sites jornalísticos cravando dois ou três votos de diferença. Outros chegaram a dar crédito à invencionice bolsonarista segundo a qual Rogério Marinho havia virado o jogo e venceria.

Para despertar a atenção do público, afinal, uma disputa polarizada atrai muita mais audiência e leitores, a imprensa, de forma leviana, adotou uma linha de cobertura da eleição para o comando do Senado como se fosse o sobe e desce de um corriqueiro campeonato de futebol.

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Só que ali mediam forças de um lado os defensores da democracia e de outro os porta-vozes e representantes políticos dos golpistas e terroristas de 8 de janeiro.

Custava enfatizar a informação de que o grande objetivo da candidatura de Rogério Marinho era trabalhar pelo impeachment de ministros do STF? Quem diz prezar a democracia não pode apenas tangenciar uma evidência alarmante para o estado democrático de direito como essa.

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No fundo, os grupos de mídia viam até com bons olhos a vitória de Marinho, o que transformaria o Senado em um bunker de resistência às mudanças a serem propostas pelo governo Lula na área econômica. 

Depois da barriga história, exposta pela vitória folgada de Pacheco, a mídia mainstream optou por diminuir o feito do governo Lula no Senado, lembrando que os 32 votos obtidos pela oposição são suficientes para a instalação de CPIs, pois bastam apenas 27 assinaturas.

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Trata-se de uma meia verdade. Primeiro porque o presidente da Casa tem papel preponderante na decisão de efetivamente se colocar uma CPI para funcionar, e depois é preciso esclarecer que as CPIs obrigatoriamente são compostas com base no critério da proporcionalidade das bancadas, o que garante maioria para o governo.

Sem falar que os 49 votos em Pacheco correspondem aos três quintos necessários para a aprovação até de emendas constitucionais.   

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