Não é de hoje que a cobertura dos grandes órgãos de imprensa brasileiros distorce ou até mesmo censura fatos sobre política na Venezuela. Para que se tenha uma ideia, em 28 de outubro do ano passado completaram-se 10 anos desde que a Organização das Nações Unidas para a Educação (Unesco) declarou a Venezuela “Território Livre de Analfabetismo” e, até hoje, a mídia brasileira não divulgou esse fato.
Todos os avanços sociais venezuelanos foram escondidos pela grande imprensa brasileira, mas se fosse só isso “não seria nada”. O pior é a acusação da mídia tupiniquim de que haveria “presos políticos” na Venezuela, ao passo que os líderes políticos de oposição que estão presos encontram-se nessa condição porque cometeram crimes de lesa-humanidade.
O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, já avisou, no mês passado, que não apoiará “nenhuma” lei de anistia que será proposta pelo novo parlamento, que passa a ser controlado pela oposição a partir deste mês, para libertar os políticos presos, pois eles arquitetaram e executaram um plano para derrubá-lo e, nesse contexto, causaram a morte de dezenas de pessoas.
Foi com essas palavras que o chefe de Estado venezuelano reagiu ao anúncio da oposição de que entre as primeiras ações do novo parlamento que se instala neste janeiro está pedir uma lei de anistia para aqueles que consideram “presos políticos”.
O que a imprensa brasileira nunca informa é que em fevereiro de 2014 esses “presos políticos” iniciaram uma onda de protestos antigovernamentais que, em muitos casos, se realizou com barricadas, as chamadas “guarimbas”, nas quais se impedia a passagem de veículos e pessoas.
Os protestos violentos duraram meses. O resultado: 43 mortos e 900 feridos, a maioria de simpatizantes do governo, e muitos eram policiais que tentavam manter a ordem. Boa parte das vítimas foi assassinada por franco-atiradores.
O governo venezuelano dispõe de vídeos, testemunhos, provas incontáveis, mas a mídia brasileira esconde tudo e trata os presos venezuelanos como “presos políticos”, sem informar a causa de estarem presos.
Não poderia ser diferente, portanto, o noticiário sobre o confronto que se estabeleceu na última segunda-feira diante do Congresso venezuelano, quando grupos de chavistas e antichavistas entraram em confronto por conta das provocações do secretario-geral do partido opositor Acción Democrática, Henry Ramos Allup, que, no âmbito da maioria oposicionista que a Venezuela elegeu recentemente, será o presidente do Legislativo venezuelano.
Nesta terça-feira toma posse o novo Congresso. No dia anterior, porém, Ramos Allup, um belicoso antichavista envolvido com a tentativa de golpe contra Hugo Chávez em 2002, comandou uma marcha oposicionista que visou encontrar a manifestação chavista que estava ocorrendo diante do Congresso venezuelano.
Não havia por que Ramos Allup entrar no prédio, que estava fechado, mas enquanto tentava forçar a entrada começou a fazer provocações aos chavistas, como revelam as fotos abaixo.
Isso a imprensa brasileira não conta. Confira, leitor, o que saiu sobre o episódio nos principais jornais do país. Abaixo, matéria da Folha de São Paulo que foi a manchete principal da primeira página do veículo nesta terça-feira, 5 de janeiro de 2015.
Você, seja de esquerda ou direita, petista ou tucano, ou mesmo você que não tem nenhuma dessas posições políticas não acha que está faltando informação nas matérias da grande mídia brasileira sobre esse episódio? Aliás, você não acha que esse episódio comprova quanto a nossos meios de comunicação mentem sobre a Venezuela?
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