Mídia conservadora era 'feliz' com Bolsonaro
"Passada a tempestade das ameaças de Bolsonaro, a mídia volta a atacar Lula para atender aos arroubos concentradores de renda", diz Eduardo Guimarães
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Uma avalanche de opiniões e "notícias" se abateu sobre o presidente Lula por ele querer dar pão a quem tem fome fazendo o país crescer e trabalhando para reduzir (de novo) aquele que, de longe, é o maior problema do país: a desigualdade.
Antes de prosseguir, explico que o nível de desigualdade de renda é, também, um alto nível de desIgualdade de oportunidades e uma pá de cal na formação de mão-de-obra qualificada, o que é péssimo para a economia e condena o país a eternos "voos de galinha" na economia.
Lula precisa fazer o país crescer para viabilizar uma nova era de redistribuição de renda como a que ocorreu durante os três primeiros governos do PT e que foi revertida pelos golpes de 2016 (impeachment fraudulento de Dilma) e de 2018 (prisão do candidato a presidente líder nas pesquisas),
Com efeito, o levantamento da FGV Social constata que o número de pobres no país saltou de 3,9% da população para 13,2% depois do impeachment de Dilma. E não foi só a pobreza; a desigualdade disparou no pós-impeachment. O indicador padrão das diferenças de renda voltou a avançar, revertendo a forte queda de desigualdade da era petista.
Para reverter esse processo nefasto, Lula precisa fazer o Brasil crescer para ter o que distribuir sem criar uma crise política de proporções catastróficas. Sem crescimento, Lula teria que tirar de quem tem e dar a quem não tem, o que é impraticável nos dias de hoje, por mais justo e necessário que seja.
Porém, no meio do caminho há um entulho bolsonarista difícil de reverter: "Bob Neto", ou Roberto Campos Neto. Seu avô, Roberto Campos, o "Bob Fields", foi o primeiro ministro do Planejamento da Ditadura militar (1964 a 1967). Sabe-se lá por que, até hoje incensado pela mesma mídia que ajudou os militares de então a implantar uma ditadura sangrenta no Brasil.
Afinal, os primeiros anos do regime militar foram marcados por "reformas e ajustes" econômicos. Uma das primeiras medidas foi a alteração do reajuste do salário mínimo. Com o objetivo de conter o crescimento dos salários, a lei salarial de Roberto Campos não garantia que a correção dos salários fosse feita de acordo com a inflação.
E para que o reajuste do salário mínimo fosse alterado, os militares limitaram o direito à greve e lideranças sindicais passaram a ser perseguidas. Entre 1964 e 1967, período de Campos, o salário mínimo caiu em torno de 35%.
Temer e Bolsonaro seguiram a Receita. Agora, usando o neto do sujeito que produziu uma desigualdade monstruosa que só começou a ser revertida com a chegada de Lula ao poder em 2003. Nunca antes na história deste país um presidente tinha conseguido reverter a concentração de renda. Por isso, o povo ama Lula após tanta difamação e injustiças.
Como este escriba previu dezenas de vezes, a Globo e boa parte da mídia conservadora foram obrigadas a apoiar a eleição de Lula contra Bolsonaro após suas aspirações políticas com João Doria e Sergio Moro terem dado com os burros n'água.
Todavia, como sempre disse, essa "lua-de-mel" seria temporária; até Lula começar a adotar políticas redistributivas de renda, como era previsível que faria com base no que sempre pregou e fez em sua carreira política edificante e histórica.
Todavia, passada a tempestade das ameaças de Bolsonaro à mesma imprensa que o ajudou a chegar ao poder "prendendo" o único que poderia derrotá-lo, a mídia volta a atacar Lula diuturnamente para atender aos arroubos concentradores de renda da banca tupiniquim, que, como até as vidraças dos Palácios de Brasília sabem, controla essa imprensa.
Ora, mas por que, diabos, a mídia de trajetória golpista não pede a volta de Bolsonaro? Com ele, os banqueiros eram felizes, os apostadores do cassino financeiro eram sumamente felizes. Eram todos felizes com Bolsonaro e não sabiam. Só que não...
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