Michelle é mais útil para a extrema direita do que Bolsonaro

Na Bolsonaro Store criada por Dudu, Bolsonaro é o pior produto à venda.

Jair Bolsonaro e Michelle
Jair Bolsonaro e Michelle (Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil)


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Se Bolsonaro decidisse pelo retorno triunfal, poderia desembarcar em Brasília e, logo depois de pisar no solo, montar num cavalo branco.

Seria seu primeiro gesto. Sairia do pátio direto para uma cavalgada pelas avenidas de Brasília. O povo acenaria das calçadas com bandeirinhas. A imagem do garboso sairia na capa dos jornais.

Mas, a partir do momento em que ele apeasse do cavalo, ninguém saberia direito o que fazer com o homem. Saberiam da utilidade do cavalo branco, mas não da utilidade de Bolsonaro.

Bolsonaro no Brasil, perdido entre raposas da direita, será um estorvo. Pela incapacidade de refletir, interpretar cenários e articular. E pela fragilidade emocional e física.

Sem poder, sem orçamento secreto, sem militares, sem cargos a oferecer, sem grileiros e sem garimpeiros, ele será apenas o presumido dono da Bolsonaro Store, a lojinha virtual criada pelo filho.

Não vão encontrar dentro do PL e dentro de todo o centrão alguém que acredite na liderança efetiva de Bolsonaro. O que ele tem a fazer e a dizer?

Se voltar, será a grande mala do PL e o obstáculo para que a velha direita encontre um nome razoável para a próxima empreitada.

O que congressistas eleitos têm com Bolsonaro é a dívida pelos mandatos conquistados com a dinheirama gerida por Arthur Lira. Uma dívida que a maioria não quer pagar com sacrifícios.

No Brasil, Bolsonaro não poderá dizer o que vem dizendo em Orlando, com diretas e indiretas agressivas dirigidas ao TSE e a Alexandre de Moraes.

É pouco provável que defenda manés e terroristas abertamente, como fez nos Estados Unidos. É bem possível que se transforme num homem calado, como estão os manezões que ficaram ao seu lado até a eleição e já debandaram.

Michelle Bolsonaro, com um orçamento de mais de R$ 10 milhões do PL Mulher para este ano, com roteiro pronto para sair pelo Brasil e com o entusiasmo da caloura que chegou ao trono, é hoje mais útil do que o marido.

Não para substituí-lo, mas para que o bolsonarismo continue batendo tambor. Michelle passa vitalidade.

Bolsonaro é um sujeito solitário e abatido, que permite a filmagem e o compartilhamento do seu choro ao ouvir uma música tenebrosa.

Não há mais como ficar nos Estados Unidos acompanhado apenas de seguranças e sem uma única visita, uma única, de gente com alguma importância na direita.

A estada de Bolsonaro em Orlando é o mais esdrúxulo e solitário dos autoexílios. Ele não é foragido. Não é perseguido. Não está nos Estados Unidos como asilado político.

Mas está lá, por vontade própria, sem receber ninguém com alguma fama na sua velha turma. Não é proibido visitar Bolsonaro. Não é crime. Mas é constrangedor.

Por isso ninguém o visita e por isso ele talvez volte e fique à espera da decisão do TSE sobre sua inelegibilidade. Porque dessa ele não escapa.

No Brasil, Bolsonaro será quase nada se não puder ser Bolsonaro. E hoje ninguém mais sabe direito o que ele é ou pretende ser.

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