Michel Temer, esse blefe golpista
"Temer se fez no vácuo da democracia. Na ultima vez em que se submeter, sozinho, ao voto popular, como candidato a deputado federal por São Paulo, em 2006, teve 70 mil votos, ficou como ultimo na lista do PMDB e se reelegeu com as sobras da legenda", lembra o colunista Emir Sader; "Agora vai deixar – renunciando com a derrota do impeachment ou no final do mandato – a imagem de um oportunista que, tendo a oposição assoprado a seus ouvidos que poderia se aproveitar da desestabilização promovida pela oposição, para saltar para a presidência"; segundo Sader, Temer é apenas "um ex-futuro presidente da República"
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Michel Temer é a melhor expressão do que se tornou o PMDB depois de Ulysses Guimaraes, que teria desprezo por alguem como Temer, como asco por alguém como Eduardo Cunha.
Temer se fez no vácuo da democracia. Na ultima vez em que se submeter, sozinho, ao voto popular, como candidato a deputado federal por São Paulo, em 2006, teve 70 mil votos, ficou como ultimo na lista do PMDB e se reelegeu com as sobras da legenda. Esta pronto para não conseguir sendo parlamentar nas eleições seguintes e retornar ao seu anonimato.
Foi resgatado desse merecido destino pela aliança estabelecida por Lula com o PMDB, inicialmente atrás da digna figura de José Alencar. Temer foi guindado à presidencia do partido e dai à vice presidencia, como alguém que não significa nada, para equilibrar o jogo interno de lideranças e correntes. Como não representa nada, poderia representar tudo, cada coisa em seu momento, que foi como ele se comportou. Como medíocre calado durante boa parte do tempo, de que nao tem nada a dizer, para depois reclamar que não o levam a serio, para depois agir como golpista, para tentar impedir seu final anonimo no fim de um mandato em que não deixa nada para o pais.
Agora vai deixar – renunciando com a derrota do impeachment ou no final do mandato – a imagem de um oportunista que, tendo a oposição assoprado a seus ouvidos que poderia se aproveitar da desestabilização promovida pela oposição, para saltar para a presidência. Um oportunista desastrado e torpe, que se mostrou da cara inteira, primeiro na grotesca carta à Dilma, agora no pronunciamento vazado de um ex-futuro presidente da República.
Em tudo Temer sempre se mostrou como um blefe. Alguém que pretendia ser o que nunca foi, que gostaria de ser a reserva de reunificação nacional sem ter condições mínimas, nem sequer para unificar seu partido e as forças golpistas que pretendia comandar.
O programa que Temer assumiu, formulado por Moreira Franco, está nas antípodas do que o PMDB historicamente havia defendido, na resistência à ditadura e na transição democrática, sob a liderança de Ulysses Guimaraes. Diante do esgotamento do PSDB como principal partido da direita brasileira, Temer quis levar o partido a ocupar esse lugar e promove um abraço de afogados entre os dois partidos na aventura golpista.
Temer queria, exercendo uma vez mais seu oportunismo, inserir numa situação de crise, para chegar à presidência não pelo caminho que recomendam Lula e a democracia: a campanha nas ruas e a disputa pelo voto. Mas pelo caminho do golpe branco parlamentar, como personagem que pretendia representar cordura e moderação diante da radicalização de posições. Seu pronunciamento, voluntaria ou conscientemente vazado, escancara o personagem de corpo inteiro, representa um strip-ease moral e politico de um personagem medíocre e em fim de carreira.
Sua figura tornou-se incompatível com a democracia e com as instituições do Estado de direito. Caso, derrotado o impeachment, não renuncie a seu cargo, tem que merecer todo o repudio da cidadania com alguém que nunca contribuiu com nada para o pais e que queria galgar o poder por meio de um golpe, para o qual ja tinha preparado o discurso.
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