Michel Temer derrete a economia e vice-versa

A recessão não começou no governo do peemedebista, mas hoje o Brasil está em uma situação limite. A crise econômica tornou-se um problema social

Brasília - Presidente Michel Temer durante anúncio do calendário de saque das contas inativas do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS), em cerimônia no Palácio do Planalto (Antonio Cruz/Agência Brasil)
Brasília - Presidente Michel Temer durante anúncio do calendário de saque das contas inativas do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS), em cerimônia no Palácio do Planalto (Antonio Cruz/Agência Brasil) (Foto: João Sicsú)


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A narrativa, estritamente política, de que os problemas atuais foram causados pelas políticas econômicas dos governos do PT perde eficácia a cada dia que a situação se agrava. O raciocínio do senso comum é simples: não importa quem tenha causado as dificuldades econômicas, o que importa é quem estancará o problema e promoverá a solução. Se nada for feito, o omisso se torna culpado.

A conjuntura recessiva e de desemprego não começou no governo de Michel Temer, é verdade. A economia mudou de rota em 2011. Mas hoje está em situação limite, pois as dificuldades econômicas tem se transformado em problemas sociais. Segundo cálculos do Banco Mundial, o desemprego criará em 2017 entre 2,5 milhões e 3,5 milhões de novos pobres no Brasil.

Temer teve tempo de sobra para apresentar soluções necessariamente de caráter emergencial. Nada apresentou. Nada. No início do seu governo, em aliança com parte do empresariado, sugeriu à população para não pensar ou falar em crise, tal como o seu governo faria. Trabalhar sim, não pensar ou falar em crise.

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O peemedebista acredita que a economia é movida pela força dos pensamentos, que basta não falar ou pensar em crise que as dificuldades seriam superadas. Seu apelo não deu resultado. Uma das duas: ou a economia não é movida pela força dos pensamentos ou a população continuou a pensar e a falar em crise, o que não deveria ter feito.

Durante o processo de impeachment, o futuro ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, garantia que a confiança dos empresários na economia voltaria quando o golpe fosse consumado. O resultado seria a volta dos investimentos e o crescimento econômico. Nada aconteceu, ao contrário. Os investimentos caíram de forma aguda durante 2016. Despencaram 10,2%.

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Meirelles acredita provavelmente na existência de uma fada madrinha que usaria sua varinha sobre a cabeça do empresariado brasileiro, jogando-lhes uma chuva de estrelinhas brilhantes, cheias de energia positiva e otimismo. A fada não fez a economia decolar. Uma das duas: ou a fada madrinha não existe ou fez uma chuvinha ácida, pessimista.

A força dos pensamentos e a fada madrinha, ambas tratadas e propagandeadas com seriedade, não funcionaram. Para estimular os pensamentos e acordar a fada madrinha, Temer receitou um remédio, lançou um pacote de medidas em dezembro. Ainda não funcionou. E não vai funcionar. Era placebo, um conjunto de medidas, promessas, sugestões e possibilidades. Foi até esquecido. Só para lembrar. No placebo, foi proposto um amontoado.

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Muita coisa foi dita, sugerida e proposta. Regularização de preços e descontos entre os pagamentos feitos com cartão, crediário e em dinheiro. Novo Refis, apelidado de facilitação de dívidas com o governo. Redução do prazo de repasse de recursos aos comerciantes dos pagamentos feitos com cartão de crédito. Ampliação da transparência de bons pagadores. Redução da multa extra de 10% que as empresas pagam quando demitem trabalhadores sem justa causa... E outros inúteis penduricalhos.

Força do pensamento, fada madrinha e placebo não funcionam para tirar mais de 13 milhões de trabalhadores do desemprego. A economia precisa é de um grande plano de obras públicas, de bancos públicos a ofertar crédito com juros mais baixos e da ampliação de programas sociais. Tudo isso coloca dinheiro na economia, o que gera renda e empregos. Assim se explica o aumento da saudade da população dos tempos de Lula. Lembram do PAC, Minha Casa Minha Vida, Bolsa-Família, Luz para Todos, Fies, Prouni, juros baixos no BNDES e valorização real do salário mínimo.

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Longe do curandeirismo, Temer tem tomado diversas medidas objetivas, mas que não amenizam os problemas sociais. Ao contrário. Foi suspensa a construção de habitações para a faixa 1 do programa Minha Casa Minha Vida, direcionada àqueles que têm baixa renda e recebem subsídio de 90% do valor do imóvel. É nessa faixa que está o grande déficit habitacional do País, cerca de 4,5 milhões de moradias, ou 84% do déficit.

Mais propostas objetivas e temerárias: a suspensão temporária da dívida dos estados com o governo federal impõe a condição de congelamento de salários do funcionalismo por três anos e o aumento definitivo da sua contribuição para as previdências estaduais. E, ademais, está em curso o desmonte dos bancos públicos federais, o que afetará a oferta de microcrédito, o crédito à agricultura familiar e a geração de renda e emprego.

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Temer faz a economia derreter, ora por nada fazer, ora fazendo aquilo que agrava o desemprego e os problemas socais. Ao mesmo tempo, seu governo derrete porque a quantidade de famílias atingidas pelo desemprego se transformou em um problema social. Além disso, o peemedebista propôs a reforma da Previdência, que acelera o derretimento do seu governo, pois a ideia é aplaudida apenas pelo sistema financeiro, congressistas de sua base de apoio e parte da mídia.

Ele faz a economia derreter e, simultaneamente, se afoga na lama quente do desconforto social que está prestes a virar uma convulsão.

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