Meu corpo, minhas regras
É meu este corpo? Por todos os lados eu vejo grilhões, baraços, algemas. A sociedade me aprisiona e se apropria do meu corpo. É ela quem impõe os padrões éticos e estéticos para moldar meu corpo. Você tá feliz com o corpo que tem? Você só será feliz com o corpo que a sociedade quer que você tenha e ela nunca está satisfeita!
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De quem é esse corpo que habito?
É seu, dirás.
Não e não, retrucarei.
Acaso poso me desfazer dele quando eu bem quiser?
Minha religião diz que não, a sua religião também, qualquer religião dirá o mesmo.
“Agarra-se à sua vida, por mais miserável que ela seja”, lhe impõem.
Não crês, ouça-me:
Caso eu queria dar cabo de minha vida, atentai bem, não faltará cidadãos de boa vontade para tentar me impedir.
Minha família e meus amigos se sentirão traídos se eu conseguir retirar-me sem que eles me tenham consentido.
Por isso os suicidas escrevem cartas, é preciso se justificar.
A justiça só não transforma o suicídio em crime porque o autor, que por acaso também é a vítima, não pode mais ser preso.
É meu este corpo?
Por todos os lados eu vejo grilhões, baraços, algemas.
A sociedade me aprisiona e se apropria do meu corpo.
É ela quem impõe os padrões éticos e estéticos para moldar o meu corpo.
Você tá feliz com o corpo que tem? Nunca, jamais.
Você só será feliz com o corpo que a sociedade quer que você tenha e ela nunca está satisfeita!
É a sociedade que lhe impõe dietas, corpetes e corseletes.
É ela que proíbe as mães de amamentarem em público, que mata travestis pela sua ambiguidade de gênero, que define o feio e o belo, que diz quando podemos ou não podemos tatuar o nosso corpo.
Agora, por exemplo, pode!
Se não sou senhor do meu próprio corpo não posso dizer que ele me pertence.
Sou uma mera engrenagem no corpo social e, como animal cívico, estou diluído na coletividade.
Mas, o que estou a dizer?
Poderia eu de alguma forma ser senhor dessa forma que me traveste?
Não e não. Vejamos.
Eu não poderia dizer: esse braço é meu, esse nariz é meu, é minha essa boca.
Porque na verdade eu é que sou deles.
Eu não escolho: vou nascer sem a boca, o nariz ou o braço.
Porque primeiro nascem o nariz, o braço e a boca, depois é que nasço eu.
E quando nasço recebo sinais exteriores que me informam como devo usar a boca, o nariz e os braços.
Só há dois caminhos, se sujeitar ou se rebelar.
Por isso dizem que o rebelde é o único que é dono do seu próprio nariz.
Palavras sapienciais.
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