Meta dos golpistas é amputar a educação pública
O golpista Temer está correto. Corretíssimo. Quando se pretende dominar um povo e direcioná-lo para o atraso e o retrocesso há que se começar por minar sua educação
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O golpista Temer está correto. Corretíssimo. Quando se pretende dominar um povo e direcioná-lo para o atraso e o retrocesso há que se começar por minar sua educação.
Dentre todas as medidas suicidas que a elite brasileira está sendo cúmplice ao participar do golpe do impeachment da presidenta Dilma, a decisão pelo fim do Ciência sem Fronteiras para estudantes de graduação é uma das que mais amputa o futuro da nova geração.
Para tudo. Volta o filme. Vamos viver de novo no tempo em que somente os filhos de coronéis da borracha, do café e dos engenhos podiam estudar nas universidades estrangeiras, principalmente europeias.
Filho de pobre fazendo graduação em universidades estrangeiras? Foi um sonho bom em nome de um Brasil mais igual, de um Brasil onde o futuro aproximava estudantes e professores estrangeiros do Brasil real, do Brasil da maioria.
Temer e a elite de direita deste país sabem o quão difícil é se formar uma consciência crítica no povo, jovem ou adulto. O Ciência sem Fronteiras ao mostrar o mundo lá fora para nossos jovens, abria seus olhos para novas realidades, novos direitos, novas conquistas.
Era uma bela contribuição para o fim da síndrome de vira latas que a direita tenta incutir na cabeça de nossos jovens: somos um país de terceiro mundo e temos que nos acostumar a ser explorados, dentro pelos mais ricos e fora pelo capital internacional sempre prontos a pisar aqui, disfarçados de diplomatas ou de coturno no pé.
Com certeza a inspiração dominante hoje na direção do ministério da Educação, cujos objetivos claros são a defesa dos interesses das faculdades privadas do país, tem origem no Terceiro Reich (1033-1945) onde as palavras chaves Nazismo, Educação, Formação, Juventude, Dominação são conjugadas de forma coordenada e para fins bem claros.
O Ciência sem Fronteiras, criado em 2011, no primeiro mandato da presidenta Dilma Rousseff, para incentivar a formação acadêmica no exterior, concedeu até o final de 2015, cerca de 135 mil bolsas de estudo, com verbas de aproximadamente R$ 10,5 bilhões no período.
Não é definitivamente uma cifra alta em se tratando de investimento no futuro de nossa juventude proveniente de uma camada da população historicamente excluída, e cujos direitos com educação nossa Constituição garante, assim como a todos os brasileiros, independente de sua classe social.
O discurso do governo interino de suspensão do programa por falta de dinheiro é pura balela. Por que nunca falta dinheiro para pagar um dos juros mais altos do mundo?
A verdade é nua e crua. O fim do Ciência sem Fronteiras não é questão de dinheiro, é questão de excluir a classe média baixa do acesso a uma educação pública de qualidade. É para impedir que vejam que existe um mundo de educação pública bem mais amplo que o do Brasil.
Temer permite que isso aconteça cuspindo na cara do Senado brasileiro. A continuidade da oferta de bolsas de estudos para estudantes da graduação no âmbito do programa Ciência sem Fronteiras foi recomendada pela Comissão de Ciência, Tecnologia, Inovação, Comunicação e Informática (CCT) da Casa.
O relatório, que embasa a apresentação, em dezembro último, do Projeto de Lei do Senado 798, resultante da avaliação de políticas públicas desenvolvidas pela comissão, afirma que "se a gratuidade do ensino é assegurada constitucionalmente, no caso das bolsas, cumpre direcioná-las, particularmente na graduação, aos estudantes que não poderiam financiar, no todo ou parcialmente, os custos dos estudos no exterior".
O avanço do governo golpista sobre conquistas de vanguarda dos governos petistas na área da educação, obviamente, não vai parar por aí. Este é apenas uma pequena mostra do que está por vir.
É totalmente fundamentado o receio das lideranças estudantis de esquerda de norte a sul do país, de que essa mudança no Ciência sem Fronteiras abra caminho para perdas em outros programas estudantis como o Fies e o ProUni.
O golpe midiático, parlamentar jurídico que se instalou no Brasil para tirar o PT do poder está autodestruindo o país, em todos os sentidos.
Os golpistas não perdem tempo, atiram a torto e a direito contra nossas conquistas, nossos direitos e o patrimônio da Nação.
A juventude brasileira deve se unir aos movimentos sociais que vão superlotar praças e ruas deste país dia 31 de julho para gritarmos juntos um sonoro Fora Temer. Ainda há tempo de barrar a volta do país aos séculos passados.
Cada um de vocês estará defendendo não mais e somente o Brasil atual, mas o Brasil onde o amanhã será vivido não mais por mim ou por seus pais, mas tão somente pelos jovens de hoje.
Não se esqueçam que a imagem desse futuro deve ser criada e defendida hoje, com consciência e fé na democracia e na igualdade de direitos para todos os brasileiros.
Essa lufada de vento fresco de democracia vivido até hoje por vocês jovens, foi resultado do suor, sofrimento, e em muitos casos da tortura e da morte de brasileiros e brasileiras que um dia foram jovens como vocês são hoje e que acreditavam que nada no mundo era mais importante que as liberdades democráticas, os direitos humanos e um país livre.
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