Mesmo sendo os que mais padecem, trabalhadores no comércio e serviços não são prioridade na vacina

Se essa força laboral é tão imprescindível para colocar tantas vidas em risco, que ao menos esses trabalhadores e trabalhadoras do comércio e serviços - considerados essenciais - sejam incluídos nas etapas prioritárias de vacinação. Não se trata de um privilégio, mas sim de uma reparação que se faz urgente e imprescindível



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Pesquisa encomendada pelo jornal El Pais e realizada pelo Lagom Data comprova o que vimos denunciando desde o início da pandemia: trabalhadores dos serviços considerados essenciais são as maiores vítimas da Covid-19.  

Invisibilizados, caixas de supermercados e farmácias, motoristas de ônibus, vigilantes, bombeiros civis, profissionais da limpeza e conservação, frentistas de postos de gasolina, são alguns dos trabalhadores que não puderam ficar em casa em momento algum da pandemia e, como consequência, foram os que mais padeceram atingidos pelo novo coronavírus.  

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Segundo os dados coletados, os óbitos entre os trabalhadores no comércio e serviços já eram bem numerosos no início da crise sanitária que assolou o país e, com o agravamento da situação, têm aumentado de forma alarmante. Entre os operadores de caixa de supermercado, farmácias e drogarias, os óbitos subiram 67%. Motoristas de ônibus, 62% mais mortes. Entre os vigilantes, inclusive profissionais terceirizados como os que monitoram temperatura na entrada de centros comerciais, os falecimentos aumentaram 59%. 

Mas esses dados parecem não importar. Pois, tais trabalhadores, mesmo sendo considerados essenciais, se tornam invisíveis quando a questão é imunização e proteção. 

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Da mesma forma como os profissionais da saúde foram priorizados na vacinação, nos perguntamos por qual motivo a trabalhadora que faz a limpeza das UTIs foi ignorada. Por acaso, a vida dessa profissional vale menos que a do médico ou do enfermeiro? Pois sabemos que o risco de contágio que ela corre é igual ou maior, afinal são poucos os casos em que o pessoal de asseio e conservação recebe todos os equipamentos de proteção necessários.  

Mas esse é apenas um exemplo. Nos hospitais e centros de saúde ainda temos os vigilantes e bombeiros civis que também sinalizam entre as vítimas mais frequentes por complicações causadas pela Covid-19. Ou o gari que recolhe o lixo hospitalar, estando em contato direto com material potencialmente contaminado.  

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O que dizer sobre os caixas de supermercados lotados, de farmácias que continuaram abertas e cheias, e que ainda são sujeitados ao transporte público para ir trabalhar? Ou os motoristas de ônibus entupidos de gente que, assim como ele, também foi obrigada a se expor ao risco para não perder seus empregos?  

Se esses profissionais são essenciais e não puderam se afastar de seus postos de trabalho, por que não foram priorizados no recebimento da vacina? Será que são tão facilmente substituíveis que quando um cai logo se coloca outro no lugar? 

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A empregada doméstica que se contamina na casa dos patrões, porque o filho da “madame” não ficou sem frequentar as baladas e trouxe o coronavírus para a família. Quando quem morre é um parente, existe toda uma comoção, mas se o óbito for da empregada, ninguém se importa.  

Portanto, basta de hipocrisia! Chega de dizer da importância desses profissionais para a economia do país, se nem o patrão ou governo se importa. Se nem a mídia se preocupa com essas histórias legítimas de sobrevivência e morte.  

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Afinal, eles não são super-heróis ou seres de outro planeta para resistir ao contágio e estão falecendo aos milhares. Se essa força laboral é tão imprescindível para colocar tantas vidas em risco, que ao menos esses trabalhadores e trabalhadoras do comércio e serviços - considerados essenciais - sejam incluídos nas etapas prioritárias de vacinação. Não se trata de um privilégio, mas sim de uma reparação que se faz urgente e imprescindível.

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