Mentiras em nota militar sobre a declaração do senador Omar Aziz

Dizer que militares fazem uma “fiel observância da Lei” é a própria negação da história do Brasil. Primeiro, porque não respeitaram nem as urnas e as eleições brasileiras, como foi exemplo o primeiro de abril de 1964, quando derrubaram governos livremente eleitos. E depois impuseram o terror, a sua democracia sem voto



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Para a chamada cívica do senador Omar Aziz, quando na CPI declarou que “fazia muitos anos que o Brasil não via membros do lado podre das Forças Armadas envolvidos com falcatrua dentro do governo”, os ministros das forças armadas de Bolsonaro chegaram a responder numa “indignada” nota: 

“...As Forças Armadas do Brasil, ciosas de se constituírem fator essencial da estabilidade do País, pautam-se pela fiel observância da Lei e, acima de tudo, pelo equilíbrio, ponderação e comprometidas, desde o início da pandemia Covid-19, em preservar e salvar vidas.

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As Forças Armadas não aceitarão qualquer ataque leviano às Instituições que defendem a democracia e a liberdade do povo brasileiro” 

Mas isso em absoluto não é verdade. Dizer que militares fazem uma “fiel observância da Lei” é a própria negação da história do Brasil. Primeiro, porque não respeitaram nem as urnas e as eleições brasileiras, como foi exemplo o primeiro de abril de 1964, quando derrubaram governos livremente eleitos. E depois impuseram o terror, a sua democracia sem voto. 

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Segundo, porque a Lei não é observada sequer nos livros que formam os oficiais nas Forças Armadas. Já em artigo anterior sobre Escolas Militares pude ver que seus livros servem a um ensino orientado pela Diretoria de Ensino Preparatório e Assistencial (DEPA), criado em 1973, naquele inesquecível ano da ditadura Médici. Seu material didático se apoia em um certo Art 4º do R-69. Percebem? A caserna legisla. Mas não é assim, sem nada, pois a Diretoria de Ensino Preparatório e Assistencial organiza a proposta pedagógica “de orientar o processo educacional e o ensino-aprendizagem na formação de cidadãos intelectualmente preparados e cônscios do seu papel na sociedade segundo os valores e as tradições do Exército Brasileiro” Que valores seriam esses, além das ideias anticomunistas do tempo da ditadura?

Segundo porque ao longo destes tenebrosos tempos de Bolsonaro os militares que o apoiam têm se pautado por ameaças e avisos intimidatórios ao judiciário, como ao STF e TSE, à imprensa, ao Senado, chegando ao máximo de intimidar a livre manifestação do povo brasileiro, que tem morrido na UTI sob este governo.

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Terceiro, porque é mentira declarar que a Forças Amadas estão “comprometidas, desde o início da pandemia Covid-19, em preservar e salvar vidas”. Não é verdade. Quem batalha contra a vacina, quem espalha remédios miraculosos à margem da ciência, quem apoia os descalabros e corrupção provada de Bolsonaro não pode afirmar que se dispõe a salvar vidas. 

Quarto, este primor, esta cereja do bolo: “As Forças Armadas não aceitarão qualquer ataque leviano às Instituições que defendem a democracia e a liberdade do povo brasileiro”. A gente lê e tem que reler para acreditar no que viu. Pois quem ataca a democracia, ministros do STF, repórteres, jornalistas, quem ataca um presidente da CPI? Quem ataca até mesmo o sistema de votação eletrônico, quem? A resposta está no espelho do governo Bolsonaro. É só olhar.

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É comovente, ou melhor, é espantoso que os fascistas no poder acreditem que a retórica possua o poder de transformar a realidade. Se falam que respeitam a Lei, ah, bom, a Lei já se considera respeitada. Se falam que defendem a democracia, aí será melhor ainda, a Democracia jamais será tão bem defendida. Mas se não aceitam ataque leviano às Instituições democráticas, aqui devemos suspender um ponto de interrogação: se o ataque não for leviano, pode? Atacar a democracia de modo sujo, fraudulento, será justo e legal?   

Depois, na quinta-feira, em novo ataque ouvido pela colunista Bela Megale, de O Globo, eles afirmaram que “não aceitarão serem desrespeitados” pela CPI. Flexão terrível do infinitivo do verbo “ser” à parte, podemos considerar. A digna chamada do senador Aziz para que militares corruptos sejam punidos, olhem só, recebeu a resposta de que insultos não serão tolerados. Isso é o máximo de volta ao tempo da ditadura. Se não, lembremos o grande Stanislaw Ponte Preta, em uma página do Febeapá: 

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“Quando a Censura Federal proibiu em Brasília a encenação da peça Um Bonde Chamado Desejo, a atriz Maria Fernanda foi procurar o Deputado Ernani Sátiro para que ele agisse em defesa da classe teatral. Lá pelas tantas, a atriz deu um grito: 

- Viva a Democracia! 

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Ao que Ernani Sátiro na mesma hora respondeu: 

- Insulto eu não tolero!” 

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Agora, os militares alinhados ao genocida também respondem: 

- Democracia no Congresso? Insulto eu não tolero!   

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