Menino do Rio...

"Ao se reapresentar para a vida em sociedade traz o conceito que sempre teve: o de garoto Zona Sul, estudante do colégio de classe média, criado em Copacabana"

Sérgio Cabral
Sérgio Cabral (Foto: Reprodução/YouTube/Agenda do Poder)


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Por Denise Assis, para o 247 

O ex-governador do Rio, Sérgio Cabral, voltou. Anunciou que daqui por diante estará nas redes, depois de cumprir seis anos da pena de mais de 400 anos que lhe foi imputada. A pena em si, mera demagogia, pois todos sabemos que o país não tem pena de prisão perpétua e o limite de condenação é o de 30 anos, pelo Código vigente.

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Ao se reapresentar para a vida em sociedade traz o conceito que sempre teve: o de garoto Zona Sul, estudante do colégio de classe média, Bennett, “praeiro”, criado em Copacabana, rodeado por alguns dos “compas” que levou para o seu governo e com ele acabaram na prisão, como o “Serjão”, o seu fiel escudeiro.

No discurso, tentou passar o sofrimento que toda passagem pelo sistema carcerário impõe a alguém que experimenta a sua mão. Seja ela com ou sem privilégios. Privilégio, mesmo, é acordar de cara para o sol, junto à família e podendo decidir sobre os seus passos, ou seja, desfrutando da preciosa liberdade. 

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O rosto jovial, o discurso dosado entre a naturalidade ao falar do próprio drama sem, contudo, se vitimizar, tem o equilíbrio perfeito para o público que quer reconquistar: os amigos que se afastaram por razões um tanto óbvias e a juventude que hoje frequenta a praia que um dia foi sua.

O recorte é o de quem ensaia o retorno à cena política. Talvez fosse o caso de avaliar se já seria 2024. Parte do eleitorado já esqueceu o seu mea culpa: “acho que exagerei”, ao admitir as propinas recebidas e todas as benesses que lhe renderam fortuna. 

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O momento não é muito oportuno, pois a apropriação indébita das joias de Bolsonaro traz à lembrança os estojos repletos de anéis, relógios, colares, perfazendo um total de milhões, apreendidos em seu poder, com manchetes ligando seu nome de governador, aos exageros e compras com notas frias, para dizer o mínimo.

Carismático, leve, Sergio segue testando o quanto pode ir nessa reentrée. Primeiro, a exposição de motivos, com o rosto sulcado, é verdade, com uma sombra de sofrimento acumulado no olhar, e ar de quem teria se “reavaliado”, tendo o cuidado de falar no apoio da família e das ex-mulheres (isto é muito importante).

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Numa segunda aparição, já mais garotão, em trajes de academia, experimentando exercícios de musculação. Tal como nos aparelhos, Sergio talvez devesse ir com mais calma. Um pouco de reserva não lhe faria mal. Há os que não se lembram de tudo, mas ainda tem muita gente torcendo o nariz para a sua “ameaça” de retorno político.

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