Mendoncinha manda recado ameaçador aos críticos
Acredito que o descontentamento do nobre parlamentar e presidente do DEM tem a ver com o artigo publicado em vários "blogs" sobre a sua indicação ao Ministério da Educação, intitulada "Ministro da Ave... Cultura". Imagino que o senhor Mendonça Filho possa não ter gostado do título, do tom e do conteúdo do citado artigo
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Há muito tempo decidi não escrever mais nada para o seu "blog" [blog do Jamildo]. E você sabe porquê. Não sei se você, como editor, publicou as minhas razões para não continuar escrevendo para ele. A essa altura, para mim, não faz a menor diferença. Mas a partir do momento em que você, unilateralmente, cita o meu nome em seu "blog", no contexto de uma matéria que dá conta do descontentamento do ilustre ministro da Educação, com o seu curriculum, sua indicação, suas medidas e a indicação de seus auxiliares, aí - meu caro - você tem de garantir - sem comentários, ilações, conjecturas ou qualquer forma de indução dos seus leitores - o meu direito de esclarecimento, sob pena de endossar, concordar com o conteúdo da matéria veiculada pelo seu "blog".
Acredito que o descontentamento do nobre parlamentar e presidente do DEM tem a ver com o artigo publicado em vários "blogs" sobre a sua indicação ao Ministério da Educação, intitulada "Ministro da Ave... Cultura". Imagino que o senhor Mendonça Filho possa não ter gostado do título, do tom e do conteúdo do citado artigo. Como professor universitário, tenho visto passar pelo Ministério da Educação políticos dos mais diversos matizes, como se o MEC fosse um meio de troca qualquer entre o Poder Executivo e os partidos e líderes que o apoiam.
Diz a imprensa que os critérios utilizados pelo interino que ocupa a cadeira presidencial são diferentes, quando se trata de economia e política. Os ministros da área econômica são técnicos de competência renomada e conhecida: enquanto os da área política - bem - não precisam ser tão competentes e renomados assim.
Bastam ter apoiado o presidente interino, para receberem a sua paga, a sua recompensa. Quando se trata de Educação e Cultura, a situação é um pouco pior. Não precisa ser educador, pedagogo, especialista em políticas públicas e educação, produtor cultural, artista, nem nada. Basta ter apoiado o presidente interino. E pronto. Como se a Educação não valesse grande coisa ou fosse um negócio. Na cabeça desses desavisados, a Educação é gasto. E gasto ruim. Tem de ser cortado. Aliás, são essas as notícias que vêm da área econômica: limitar gastos com educação e saúde. E aumentar o lucro dos bancos e dos especuladores.
As informações veiculadas no meu artigo - que, repito, não foi publicada neste "blog" – não foram objetos da minha livre criação, no intuito de constranger ou ofender o deputado José Mendonça Filho. Foram colhidas na edição eletrônica do jornal 247, que publica as fotos respectivas das personagens citadas naquela matéria: o empresário Janguiê Diniz, o economista Maurício Romão e, claro, o Ministro interino da Educação. Se há alguma imprecisão, erro, equívoco etc. A responsabilidade civil ou penal deve ser atribuída a quem veiculou essas informações.
As outras informações - mais de cunho pessoal -, essas possuem inúmeras testemunhas de quantas foram assistir o então deputado, levado pelo meu amigo Edson Moura, tio de "Mendoncinha", para debater no auditório do Mestrado de Ciência Política. Em duas oportunidades, o saudoso Edson Moura carregou seu sobrinho para a UFPE: uma para discutir a reforma da Previdência. Lembro-me que o deputado ficou nervoso e derrubou a xícara de café. Na segunda, também trazido pelo tio, foi quando o vice-presidente da República, Marco Maciel fez a sua única visita ao Mestrado de Ciência Política, da UFPE. Na ocasião, Mendoncinha aproveitou para falar na sucessão estadual. Depois disso, malgrado todos os esforços e com o tio já falecido, o parlamentar de Belo Jardim não quis voltar à UFPE. Nem mesmo quando foi sugerido o seu nome para debater a reforma política, indicado por Gustavo Krause, e substituido exatamente por Maurício Romão, evento ocorrido no auditório do Centro de Filosofia e Ciências Humanas.
Do ponto de vista pessoal, não tenho nada contra ou a favor de Mendoncinha. Sempre o tratei com cordialidade e respeito, quando nos encontramos eventualmente. Mas, na minha modesta opinião, ele não tem perfil para ser Ministro da Educação. Acredito até que ele nem tenha consigo um programa ou um ideia sobre a educação em nosso país. Desconheço o grau de escolaridade do deputado. Não sei o que ele estudou ou escreveu. Mas pelo esboço de ideologia - liberal - do seu partido e pelo perfil de seus assessores, faço ideia do que pode vir a ser. E temo muito pelo futuro da Educação Pública e de Qualidade nesse país, nas mãos de gestores como esses.
As informações familiares de José Mendonça Filho remontam a década de 70 – em plena ditadura militar - quando, acompanhando a minha companheira, tive a oportunidade de visitar a fazenda do Coronel Chico Heráclito, em Limoeiro. Na época, Taciana e o seu falecido irmão eram ainda crianças, mas lá estavam o sociólogo Marcos Vinicius Vilaça e sua mulher, filha do coronel. Vilaça - cuja principal obra é a biografia do sogro ("Coronel, coronéis") - tornou-se senador biônico pela ARENA, através do pacote de abril. E daí, ingressou na Academia Brasileira de Letras, no âmbito da política literária daquela instituição, que também recebeu Ivo Pitangui e Roberto Marinho.
Depois da divulgação do "grampo" da conversa telefônica do senador Romero Jucá, não há mais dúvida de que foi feito uma imenso "acordão" para afastar a Presidente Dilma do Poder, e blindar todos aqueles que são investigados pela operação Lava Jato ou cujos nomes estão na lista do departamento de propina da Odebrecht. Ou seja, o golpe ou a conspiração nada teve a ver com o chamado "crime de responsabilidade". Segundo Jucá, era preciso "estancar a sangria" e o jeito era remoer a Dilma e colocar o interino em seu lugar. Quem participou da manobra, ganhou o seu quinhão.
Foi pois com surpresa e curiosidade que tomei conhecimento de meu nome teria sido mencionado no "blog de Jamildo", como um dos que podem ser processados por...Mendoncinha e seu amigos. Pelo menos, sei que leram o texto, não no "blog do Jamildo". Sendo assim, confio que o critério editorial do "blog" entenda que, se é mencionado o nome de uma pessoa em seu espaço, que não mais escreve para esse veículo, deve ser garantido o direito da pessoa responder ou esclarecer o que há relacionado com o seu nome. É o mínimo que se espera do editor.
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