Melhor prender Lula antes das eleições

Se o prenderem, como pretendem, poderão provocar uma convulsão social que correrá o risco de desaguar numa intervenção militar. Se quiserem pagar pra ver...

Lula 
Lula  (Foto: Ribamar Fonseca)


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O combate à corrupção, que transformou a Operação Lava-jato no poder maior do país ao ponto de impor projetos ao Congresso e contestar suas decisões, é o mais cínico pretexto para manter a perseguição a Lula, afastá-lo da vida pública e impedi-lo de concorrer à Presidência da República. A escancarada caçada a ele, que envolve policiais federais, procuradores, juízes e a Globo, só cessará quando encontrarem uma justificativa convincente para a sua prisão. Já conseguiram, porém, com base em suposições, ilações e convicções – pois a ausência de provas hoje não impede que alguém seja julgado, condenado e preso – transformá-lo em réu em cinco processos, o que tem ocupado grandes espaços sobretudo na televisão, numa preparação para o golpe final. Na verdade, não é difícil perceber que essa historia de combate à corrupção, um tema de forte apelo popular, não passa de uma encenação para atingir o objetivo principal, que é a prisão de Lula e a sua eliminação do cenário político, pois o plano para desgastá-lo com um noticiário tendencioso não funcionou: quanto mais batem nele mais ele cresce, conforme atestam as pesquisas.

Enquanto buscam desesperadamente algo que possa incriminar o ex-presidente operário, até hoje não citado em nenhuma delação, o presidente Temer e tucanos, entre eles o senador Aécio Neves e o ministro José Serra, já foram acusados por vários delatores de receberem propinas milionárias, sem que tivessem sido incomodados pelos diligentes policiais, procuradores e juízes, que se fazem de cegos, surdos e mudos a essas acusações. O juiz Sergio Moro, inclusive, é acusado de anular citações de delatores sobre tucanos. E o grosso da delação de executivos e ex-executivos da Odebrecht ainda vem por aí. Fácil concluir, então, que o combate à corrupção, que sensibiliza a população e é sempre invocado por juízes e procuradores que contestam o projeto de lei sobre abuso de autoridade, não passa de uma cortina de fumaça para esconder os verdadeiros objetivos políticos da Lava-Jato, que são o encarceramento de Lula e sua inelegibilidade, abrindo caminho para o domínio da Direita. Só os anencéfalos se deixam embair pelo noticiário tendencioso, que transformou Moro e seu pessoal em heróis e os políticos em marginais.

O vergonhoso comportamento parcial de procuradores e juízes é tão gritante que é fácil perceber a verdadeira acrobacia linguística nos textos que denunciam o ex-presidente, tudo no condicional justamente pela falta de algo concreto em que possam se estribar para enquadrá-lo, o que levou o ministro Teori Zavascki a criticar o conteúdo das denúncias. O corporativismo anti-Lula no Ministério Público e no Judiciário é tão escandaloso que tem sido negadas todas as ações em que ele pede reparação dos danos que lhes são causados. Ele tenta defender-se pelas vias legais, recorrendo à própria Justiça, mas não ganha uma, nem mesmo aquela em que pediu indenização da revista "Veja" pela publicação da sua foto na capa vestido de presidiário. No momento ele acionou o juiz Sergio Moro e o procurador Deltan Dallagnol, ambos por violações de leis e códigos. Os advogados de Lula pedem uma indenização de R$ 1 milhão ao coordenador da força-tarefa da Lava-jato por conta daquele espetáculo midiático em que acusou o líder petista de ser comandante do esquema de corrupção da Petrobrás sem nenhuma prova, uma pataquada que ninguém levou a sério. Ninguém precisa ser adivinho para saber que essa ação também não dará em nada.

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Ao justificar o pedido de indenização por danos morais, a defesa de Lula afirmou que "nenhum cidadão pode receber o tratamento que foi dispensado a Lula pelo procurador da República Dallagnol, muito menos antes que haja um julgamento justo e imparcial". E acrescentou: "O processo penal não autoriza que autoridades exponham a imagem, a honra e a reputação das pessoas acusadas, muito menos em rede nacional e com termos e adjetivações manifestamente ofensivas". Surpreendentemente o Procurador Geral da República, Rodrigo Janot, considerou a defesa de Lula um ataque ao Ministério Público. Ele disse em nota que o processo "é uma retaliação e mais uma tentativa de intimidação contra procuradores que tem agido de modo profissional, impessoal, equilibrado e responsável". Profissional, impessoal, equilibrado e responsável, Dr. Janot? Isso é piada? Mais adiante ele diz, em sua nota, que "num Estado de Direito, aquele que exerce a função da persecução criminal, em favor do interesse público, precisa ser protegido da retaliação dos acusados". E quem protege os acusados da retaliação dos acusadores? O Dr, Janot, pelo visto, subestima a inteligência do povo ou, então, acredita que todo mundo é anencéfalo.

O PGR Janot, aliás, que igualmente tem revelado parcialidade em suas atitudes, também levantou a voz indignada contra o vazamento das delações que atingem o presidente Temer e seus ministros, classificando-as de ilegais e passíveis de anulação. É o caso de se perguntar: em que planeta ele se encontrava nos últimos dois anos quando os vazamentos seletivos contra Lula e petistas eram quase diários? Por que não teve a mesma reação? Na verdade, tudo parece encenação, pois custa acreditar que ele não saiba quem são os responsáveis pelos vazamentos, até porque pelo tempo que vêm acontecendo há muito já poderiam ter sido investigados. De qualquer modo, se as atuais delações forem anuladas, como pretende Temer com o apoio declarado dele, Janot, e do ministro Gilmar Mendes, todas as demais também deverão ser, pois decorrem da mesma ilegalidade. Aliás, o mais recente e escandaloso vazamento aconteceu no sábado, divulgado pelo Jornal Nacional, em que o zelador do prédio do Guarujá, onde atribuem a Lula um apartamento, xingou os advogados do ex-presidente sob os olhares complacentes do juiz Sergio Moro que, além de permitir os xingamentos, estranhamente ainda pediu desculpas ao xingador, que foi candidato a vereador nas últimas eleições. E perdeu.

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O fato é que Lula é vítima de lawfare, termo criado por um general americano para definir uma poderosa arma de combate contra inimigos políticos: o uso indevido da lei para perseguições políticas. Com ações aparentemente legais, amplamente divulgadas pela imprensa com notícias negativas repetidas à exaustão, que influenciam a opinião pública, a vítima de lawfare fica fragilizada e sem condições de defesa. É o que está acontecendo com Lula, que se viu obrigado a recorrer à ONU porque aqui não encontra justiça na Justiça. Tudo indica que essa campanha contra ele, que uniu o Judiciário, o Ministério Público, a Polícia Federal e a mídia para impedi-lo de voltar ao Palácio do Planalto, foi orquestrada de fora para dentro, pois o ex-presidente operário desagradou, além da elite nacional, o poderoso Tio Sam ao libertar-se de suas amarras. Só tem um problema: se o prenderem, como pretendem, poderão provocar uma convulsão social que correrá o risco de desaguar numa intervenção militar, conforme já alertou o general Rômulo Bini Pereira, em artigo publicado no "Estadão". Se quiserem pagar pra ver...

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