Melancolia ao centro: nem candidato, nem união
"Com a recente confirmação da desistência do apresentador Luciano Huck, que era o candidato do coração do Cidadania e encantava também esses partidos, os líderes centristas almoçaram ontem em torno de um imenso vazio", afirma a jornalista Helena Chagas
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Por Helena Chagas, do Jornalistas pela Democracia
Teve um quê de melancólico o almoço que reuniu ontem os dirigentes de partidos de centro, convocado pelo DEM e pelo PSDB, para reafirmar o compromisso de união na busca de um candidato da "terceira via" para disputar com Jair Bolsonaro e Lula a presidência no ano que vem. O que saltou aos olhos é que, até agora, não há nem união e nem candidato.
Antes de tudo, as ausências conseguiram ser mais eloquentes do que as presenças: Baleia Rossi, presidente do MDB, e Gilberto Kassab, do PSD, estavam, por coincidência, reunidos numa outra casa, em outro almoço, no mesmo bairro, em torno do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco. O senador vem sendo seguidamente tentado por Kassab a deixar o combalido DEM, que esta semana expulsou o deputado Rodrigo Maia de seus quadros, e vir a ser o candidato da terceira via do PSD - quem diga-se, não é o candidato da terceira via dos partidos reunidos no outro almoço.
Afinal, Kassab quer um candidato para chamar de seu, pronto a mudar de ideia a qualquer momento, e quem sabe até virar vice da chapa de Lula bem em cima da hora. Ou se aliar ao petista no segundo turno. O MDB de Michel Temer e Baleia Rossi, por sua vez, não tem entusiasmo para alianças com o DEM que o traiu na eleição para a presidência da Câmara, o que provocou a saída de Maia do partido de ACM Neto e seu iminente desembarque no partido de Kassab.
Com a recente confirmação da desistência do apresentador Luciano Huck, que era o candidato do coração do Cidadania e encantava também esses partidos, os líderes centristas almoçaram ontem em torno de um imenso vazio. Sergio Moro também é carta fora do baralho e sobraram Mandetta e a penca de pré-candidatos do PSDB: João Doria, Tasso Jereissati, Eduardo Leite e Arthur Virgílio. Dessa turma toda, políticos mais experientes acham que vai sobrar Doria, apesar das dificuldades que seu próprio partido está criando à sua escolha nas prévias.
Mas Doria é duro na queda, e não por acaso virou governador de São Paulo. Está disposto a fazer acordos internos que podem envolver apoios substanciais a candidaturas estaduais de seus atuais oponentes no partido.
O PDT foi convidado mas não foi ao almoço, numa sinalização de que já tem um candidato e ninguém tasca: Ciro Gomes, que irá dividir votos com o candidato "centrista"se esse sujeito nascer até 2022.
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