Megafraude da eleição atingiu também candidatos a deputado
Em qualquer país do planeta no qual exista poder judiciário que mereça esse nome uma eleição deformada como a atual estaria sob séria investigação e seu resultado amplamente questionado. Por aqui, o que esperar de uma justiça acuada, acovardada, desmoralizada e corrompida politicamente?
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Quem acompanha as eleições brasileiras ao longo da história ficou perplexo diante do resultado do primeiro turno. Jamais, seja nos tempos do voto em cédula de papel ou depois do advento da urna eletrônica, se vira uma reviravolta de tamanhas proporções nas últimas 72 horas.
Era forte a suspeita de que havia algo estranhíssimo por trás da avalanche conservadora, moralista e fascista que varreu principalmente os estados do Rio, São Paulo e Minas Gerais, nas horas que antecerram à votação do dia 7 de outubro.
Agora a verdade veio à tona. A campanha de Bolsonaro cometeu dois tipos de crime que mancham e deslegitimam o processo eleitoral: a utilização de milhões de números de telefones celulares adquiridos no submundo mafioso, para realizar disparos em massa via WhatsApp, o que é proibido pela legislação eleitoral, além de lançar mão em larga escala do dinheiro de empresários, o caixa dois, o que também é vedado por lei, para inundar os usuários desse aplicativo de ofensas, calúnias e difamações contra Haddad e candidatos do PT e partidos de esquerda.
Percebe-se que o estrago maior se fez sentir exatamente em regiões e classes sociais nas quais historicamente a direita em geral, e seu estrato fascista em particular, sempre encontraram dificuldade de penetração: as periferias dos grandes centros urbanos do Sudeste, o maior colégio eleitoral do país. Quem tiver curiosidade dê uma olhada, por exemplo, no resultado da Baixada Fluminense.
Apesar de encontrarmos nos pleitos do país episódios de volatilidade do eleitorado, de viradas e decisões de última hora, não há termos de comparação com o ocorrido no primeiro turno de 2018.
Como pode Dilma Rousseff liderar com folga a corrida para o Senado, em Minas, desde a primeira pesquisa, e acabar derrotada? Igualmente, como explicar a não eleição de Suplicy em São Paulo, à frente de todas as sondagens por margem confortável? Como entender que Fernando Pimentel tenha sido alijado da disputa do segundo turno, quando todos os levantamos asseguravam que ele teria presença garantida? Por que o senador Lindberg Farias, que disputava a reeleição no Rio de Janeiro pau a pau com seus adversários, caiu para o quarto lugar?
E o tal do Witzel, candidato ao governo fluminense? Quem a aceita o desafio de explicar racionalmente que um candidato desconhecido e inexpressivo salte de menos de 10% a uma semana das eleições para algo em torno de 40%? O milagre da multiplicação dos votos, na certa, só foi possível porque sua aproximação com o candidato nazi o tornou beneficiário das dezenas de milhões de disparos ilegais de mensagens de WhatsApp.
Mas a megafraude teve forte impacto também nas eleições proporcionais. Embora o PT tenha conseguido eleger a maior bancada, com 57 deputados, todas as pesquisas indicavam que sua votação seria bem maior. Ainda no campo da esquerda, vale citar o caso do deputado Jean Wyllys, conhecido defensor de causas libertárias e, por isso, um dos alvos preferenciais da ira reacionária. Sem mais nem menos, Jean despencou de quase 200 mil votos em 2014 para menos de 30 mil nessa eleição.
No Rio, com certeza, a bancada petista na Câmara dos Deputados e na Assembleia Legislativa seria mais numerosa. A votação na legenda, que segundo todas as avaliações pré-eleitorais, feitas inclusive por partidos adversários, apontavam para a reedição dos tempos em que o partido liderava essa modalidade de votação, caiu de forma acentuada na reta final.
Em qualquer país do planeta no qual exista poder judiciário que mereça esse nome uma eleição deformada como a atual estaria sob séria investigação e seu resultado amplamente questionado. Por aqui, o que esperar de uma justiça acuada, acovardada, desmoralizada e corrompida politicamente?
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