Mediocridade de adversários pode reeleger Haddad

Em se tratando de gestão da cidade, até a parte menos irracional dessa elite não vai ter coragem de colocar subcelebridades de televisão na prefeitura, o que pode resultar em um desastre em uma cidade tão sensível como São Paulo



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A eleição de 2018 começa a ser definida nas eleições municipais de 2016, mas, antes de qualquer outra eleição, a do prefeito de São Paulo lidera o simbolismo do que deverá ocorrer daqui a dois anos na sucessão de Dilma – ou, se o pior ocorrer, do usurpador que estiver na Presidência.

Nesse contexto, quem é paulistano de classe média sabe que, por ser do PT, a exitosa gestão do prefeito Fernando Haddad não é reconhecida por uma parcela dos paulistanos. Contudo, a antipatia partidária e ideológica não é maior do que o instinto de sobrevivência até das camadas médias que odeiam o PT.

Na noite da última segunda-feira (16), a TV Bandeirantes, como de costume, inaugurou a temporada de debates entre candidatos a cargos majoritários – um dia, quem sabe tenhamos debates entre candidatos ao Legislativo, o que impediria a eleição de tantos picaretas para vereador, deputado ou senador. Não só o desempenho dos candidatos, mas até sondagens do debate mostraram que Haddad se saiu melhor do que os adversários.

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A principal surpresa da noite foi a presença de Celso Russomanno. Até horas antes do debate ele afirmava que a exclusão de candidatos do debate, como Luiza Erundina, por causa da nova legislação eleitoral, era injusta e, por isso, não participaria. Uma óbvia desculpa para fugir de enfrentar os adversários, já que está na frente nas pesquisas.

No primeiro bloco, os candidatos foram questionados sobre o que farão, se eleitos, para gerar empregos na cidade. Haddad citou obras da sua gestão, como a duplicação de diversas vias, graças à redução “a menos da metade” da dívida municipal. Ele também destacou a abertura de 100 mil vagas em creches, mas sofreu críticas de seus adversários.

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Crítico do PT, João Doria (PSDB) disse que o caminho é captar “novos investimentos nacionais e multinacionais”. Ele disse que valorizará “o empreendedorismo” em áreas como “gastronomia e eventos” e “resgatará os valores da cidade”. Também afirmou que é importante “rezar para que a economia tenha outro desempenho”, em crítica direta à administração do PT no governo federal.

Já a ex-petista Marta Suplicy (PMDB) prometeu criar o “Banco do Povo, para dar oportunidade para aquela mulher que está em casa e quer fazer um salgadinho para vender, para quem quer comprar uma caixa de ferramentas”. Também prometeu “atuar em todas as obras inacabadas, que é o que mais existe nesta cidade”, em crítica a Haddad.

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Apostando no discurso antipetista radical, Major Olímpio (Solidariedade) afirmou que é preciso “cumprir a lei” para gerar empregos. “O prefeito sancionou o Plano Diretor Estratégico, mas não o leu”, disse. Ele também chamou a administração petista na capital de “metástase” de uma “quadrilha”.

O prefeito Haddad e a senadora Marta criticaram as políticas de João Doria (PSDB) para minorias na cidade de São Paulo. A discussão começou quando Marta, em pergunta a Doria, o acusou de tratar minorias, como negros, cadeirantes e a população LGBT, como “penduricalhos”. O tucano rebateu: “Não chamei de penduricalhos”.

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Em seguida, após pergunta de Doria a Haddad sobre a situação da saúde pública, o assunto voltou para as minorias. “Você tem o hábito de [falar em] cortar custos em áreas prioritárias”, disse o petista ao tucano, em referência a políticas para negros e mulheres.

Doria acusou Haddad de ter “o desempenho tão ruim” na saúde pública a ponto de desviar o assunto. Haddad respondeu: “Estou abismado com a sua falta de conhecimento da cidade. Você prometeu acabar com as secretarias da Juventude e LGBT, que poderiam existir, mas não existem”.

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Haddad é um grande debatedor. Quem não conhece direito o prefeito de São Paulo pode conferir, abaixo, como ele triturou o adversário José Serra na eleição municipal de 2012.

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Se depender de Haddad, ele será reeleito. Mas, obviamente, não depende só dele. Além de, previsivelmente, vir a ter a mídia contra si, ainda lutará contra o antipetismo da elite gritalhona dos Jardins, que pautou o resto da capital paulista no golpe contra Dilma.

Porém, em se tratando de gestão da cidade, até a parte menos irracional dessa elite não vai ter coragem de colocar subcelebridades de televisão na prefeitura, o que pode resultar em um desastre em uma cidade tão sensível como São Paulo.

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Com efeito, se Dória ou Russomano se elegessem, com os planos que têm para beneficiar as camadas mais favorecidas da população, em pouco tempo reeditariam as manifestações de 2013, só que, agora, com razão, pois vão atuar para retirar direitos dos paulistanos mais carentes.

Mesmo os habitantes dos “bairros nobres” paulistanos sabem que Sampa é uma panela de pressão. Por isso, várias vezes venho me surpreendendo ao ver antipetistas dizendo que, diante do que está aí, vão ter que votar em Haddad para impedir que a cidade afunde.

Marta Suplicy enraiveceu os paulistanos em sua gestão. E, ao trair o PT e se unir à direita, seu eleitorado, residente na periferia, vai pular fora dela.  Junto aos ricos, não convence – dizem que uma vez petista, sempre petista.

Doria é ridículo. Trata-se de um ricaço que pouco conhece a cidade fora dos ditos “bairros nobres” e que é, quase que declaradamente, o candidato da elite branca paulista.

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Russomano tem mais chances? É relativo. Se continuar comparecendo a debates, será desmascarado como foi em 2012, ao propor que quem usasse ônibus em percursos mais longos pagasse passagem mais cara. Russomano é o pior inimigo de si mesmo. Vai acabar se entregando ao longo da campanha.

Todos sabem que São Paulo está sendo bem administrada. A maioria das ações de impacto da prefeitura são bem avaliadas. A redução da velocidade dos veículos na capital tem alta aprovação, os corredores de ônibus têm alta aprovação, as ciclovias têm alta aprovação…

Só o que impede Haddad de ser um prefeito super bem avaliado é o antipetismo obsessivo de larga parcela dos paulistanos, mas parte importante desse contingente pode ser chamado à razão e convencido a abandonar uma aventura como colocar uma metrópole da importância de São Paulo nas mãos de aventureiros como Dória e Russomano.

Erundina é uma mulher séria, apesar do apoio em 2014 a Marina Silva e sua independência do Banco Central, mas não vai sair do lugar. Seu partido, até de forma injustificada, assusta os paulistanos; quanto à Marta, se há uma coisa que brasileiro detesta são os traidores. Até nas cadeias eles são execrados. E Marta é o que costumam chamar de “traíra”.

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