Médicos ou monstros?
O juramento da Medicina foi quebrado por esses pseudo-médicos, que se revelaram desumanos. Eles certamente não têm religião, não rezam e desconhecem uma das mais importantes leis universais: a Lei de Causa e Efeito
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Morreu dona Marisa Letícia. Homens e mulheres de bem do país inteiro, especialmente os mais pobres, que acompanhavam comovidos a luta dela no Hospital Sírio-Libanês para superar o AVC que a prostrou, choram o seu desenlace. Todos tem consciência do seu papel na história do Brasil, ao lado do marido, o ex-presidente Luis Inácio Lula da Silva, participando das decisões que tiraram o país do mapa da fome. E sabem, também, as causas da sua morte prematura. As pressões midiático-jurídicas de que vinha sendo vítima, junto com o marido e os filhos, por conta de falsas acusações geradas por interesses políticos, certamente romperam o aneurisma cerebral que já havia sido detectado há mais de dez anos. Mesmo sendo uma mulher forte, que sempre esteve ao lado do marido nas memoráveis lutas em favor do nosso povo, ela não conseguiu resistir à perseguição que tem por objetivo impedir Lula de voltar à Presidência da República. Ela foi uma vítima desse processo.
Enquanto de um lado é visível a comoção, sobretudo entre os brasileiros mais humildes, de outro é estarrecedor a reação odiosa de pobres coitados que, envenenados pelo ódio que se disseminou no país, se debatem nos atoleiros da intolerância e despejam nos esgotos da internet seus recalques e frustrações. Mais estarrecedor ainda – pasmem – é a manifestação de médicos que, igualmente contaminados por esse ódio inexplicável que se alastrou pelas redes sociais, chegaram a fazer piada e sugerir até um procedimento para acelerar a morte da ex-primeira-dama. É o caso, por exemplo, do neurocirurgião Richam Faissal Ellakkis, do hospital da Unimed de São Roque, interior de São Paulo, que escreveu na internet: "Esses fdp vão embolizar ainda por cima. Tem que romper no procedimento. Daí já abre pupila. E o capeta abraça ela". Um homem desses por acaso é humano? Médico ou monstro?
Ele, porém, não foi o único. Também escarneceram do estado de saúde da dona Marisa a reumatologista Gabriela Munhoz, já demitida do Hospital Sírio-Libanês; o cardiologista Ademar Poltronieri Filho e o urologista Michael Hennich, entre outros. Na última eleição presidencial houve um médico que sugeriu fossem os nordestinos castrados, por entender que eles foram os responsáveis pela vitória da presidenta Dilma Rousseff. Por ocasião do lançamento do programa Mais Médicos os médicos cubanos, trazidos para trabalharem na assistência à população pobre do interior, foram hostilizados por seus colegas brasileiros. Nos últimos tempos têm sido frequente o registro de estranhos e condenáveis comportamentos de médicos em nosso país. Então, pergunta-se: Afinal, o que está acontecendo com os médicos brasileiros? É óbvio que esses monstros de jaleco não representam a maioria, mas uma minoria insignificante que, no entanto, depõe contra a classe médica, onde existem grandes homens, cientistas, humanistas, etc. Por isso, precisam ser punidos por quem de direito, para que o seu veneno não contamine a categoria.
O juramento de Hipócrates, considerado o pai da Medicina, escrito em grego jônico no século V antes de Cristo, tem, entre outros, os seguintes compromissos: "Não permitirei que considerações de religião, nacionalidade, raça, partido político, ou posição social se interponham entre o meu dever e o meu Doente. Guardarei respeito absoluto pela Vida Humana desde o seu início, mesmo sob ameaça e não farei uso dos meus conhecimentos Médicos contra as leis da Humanidade". Esse juramento, como é fácil de perceber, foi quebrado por esses pseudo-médicos, que se revelaram desumanos. Eles certamente não têm religião, não rezam e desconhecem uma das mais importantes leis universais: a Lei de Causa e Efeito. E como provavelmente nunca leram o Evangelho também não conhecem a máxima de Jesus que define a Justiça: "Não faça aos outros o que não queres que te façam". Eles, na verdade, são dignos de pena.
O ódio disseminado no país pela mídia e redes sociais também envenenou membros do Poder Judiciário, onde o ex-presidente já foi transformado em réu em cinco processos, mesmo sem qualquer prova contra ele, e onde também não ganha uma única ação. E esse ódio se revelou igualmente diante do AVC de dona Marisa. O Procurador de Justiça de Minas Gerais, Rômulo Paiva Filho, postou na Internet: "Morre logo, peste! Quero abrir logo o meu champagne!". E em outro post, disse: "Não foi ela quem mandou os coxinhas enfiarem a panela no c*? Morra em agonia, desgraçada!". Não há dúvida: quem diz isso não é gente, mas um animal da pior espécie, que vive mergulhado nas trevas do ódio. Será que alguém confiaria num médico ou num procurador de Justiça como esses? Se eles não forem punidos então o nosso país, já destruído economicamente, também estará perdido moralmente. Pobre Brasil!
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