MBL e a escalada fascista no Brasil

O que está por trás do MBL, esse movimento que fala em nome da moral e dos bons costumes e se junta com o que há de mais retrógrado no Brasil?

O que está por trás do MBL, esse movimento que fala em nome da moral e dos bons costumes e se junta com o que há de mais retrógrado no Brasil?
O que está por trás do MBL, esse movimento que fala em nome da moral e dos bons costumes e se junta com o que há de mais retrógrado no Brasil? (Foto: Eric Nepomuceno)


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(originalmente publicado no Nocaute)

A gente vai falar hoje de um assunto que me preocupa e preocupa uma quantidade importante de brasileiros cada dia mais. A questão da censura, desse moralismo, ‘moralóide hipócrito’. Pedofilia, zoofilia, ofensa a crenças religiosas. Com esses argumentos o banco Santander, onde aliás a minha conta tem zero de saldo, suspendeu uma exposição chamada Queer Museum em Porto Alegre. Das 263 obras dessa exposição de artistas absolutamente reconhecidos, sem nenhuma dúvida, quatro, de 263, quatro criaram escândalo.

Criaram escândalo e mereceram crítica de quem? De um bando chamado Movimento Brasil Livre. Uma milícia de extrema direita, MBL. E quem é o MBL? O que está por trás do MBL? Bom, isso é um negócio que a gente não vai saber tão cedo. Mas, sim, o que a gente sabe é que quem controla o MBL não é aquele garoto cabeludo de traços orientais que se arvora de gênio da raça. Vai saber que raça. Da raça humana não é. É uma família Santos. Alexandre Santos, Stephanie Santos, Renan Santos.

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Eles têm um outro movimento que se chama renovação liberal ou qualquer coisa assim, que arrecada o dinheiro que é doado aos energúmenos do MBL. Não é uma ofensa gratuita, vão ao dicionário ver o que significa energúmeno. O grupo Santos, essa família, tem 120 processos na Justiça. Eu vou ler aqui, eles têm de dívidas não honradas a fraudes processuais, têm débitos fiscais, têm questões trabalhistas. O Renan Santos que é cabeça visível da família no MBL, pessoalmente, ele responde a dezesseis ações cíveis e a 45 processos trabalhistas.

Eles falam em nome da moral e dos bons costumes. E aí eles se juntam ao que há de mais retrógrado, esse pastor Marco Feliciano, esses deputados delegados. Quer dizer, o que há de mais primata e primário em um Congresso, que eu vou repetir pela milésima vez, abriga a pior legislatura desde a retomada da democracia no Brasil. Por falar em democracia, esse movimento, que já se espalhou por São Paulo, já se espalhou pelo Rio, por Mato Grosso, sei lá por onde, começando no Rio Grande do Sul.

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Esse movimento é complicado, é perigoso, porque no fundo é um movimento político, não é um movimento ideológico, não é um movimento moral. É um movimento que busca espaço para difundir esse tipo de ideia, não há uma só menção a pedofilia ou zoofilia no que eles estão proibindo. Eles censuram o que não viram, o que é típico dos Estados e das mentes totalitárias. Agora, além de bispos eletrônicos, além de deputados delegados, eles receberam dois reforços complicados.

Um de um embusteiro chamado João Doria Junior, prefeito ocasional de São Paulo, de vez em quando ele aparece lá. Outro de um bispo eletrônico que é o prefeito do Rio de Janeiro, o bispo Marcelo Crivella. É uma coisa muito complicada, porque os dois têm projetos individuais políticos ambiciosos. E pelo o que eles fizeram até agora, fica claro que são um perigo. Não há que menosprezar o potencial perigo de João Doria Junior e do bispo Marcelo Crivella. Se fosse apenas, por exemplo, criticam o Crivella que ele fica distribuindo cargos para a Igreja Universal do Reino de Deus, não é verdade. Ele distribui cargos para todas as seitas evangélicas, todas. Ele forma uma aliança política evangélica.

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Enfim, há um ministro da Cultura, um jornalista chamado Sérgio Sá Leitão, eu não tenho nenhuma referência dele maior. Me lembro dele vagamente do Jornal do Brasil, Folha, uma coisa assim. O tratamento do Temer à Cultura é um negócio assombroso. Primeiro nomeou aquele sôfrego diplomata apressadinho que ficou, denunciou, caiu fora, foi tudo o que ele fez. Depois veio uma aberração chamada Roberto Freire. Depois veio uma passagem, que eu continuo sem entender, de um camarada que eu conheço há muitos anos, João Batista Andrade, ficou menos de um mês.

E agora o Sérgio Sá Leitão. O que faz esse novo ministro? Faz o que se pode esperar de alguém que transitou do Ministro Gilberto Gil, na primeira presidência do Lula ao governo golpista do Michel Temer. Quer dizer, não me surpreenderia nenhuma atitude dele em desfavor da liberdade de expressão, em desfavor da valorização da arte e da cultura. Por que? Por que para o governo Michel Temer, do qual ele aceitou fazer parte, pensar faz mal. Revelar é proibido, a inquietação é absurda. Esse é o governo que a gente tem.

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